11.

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[N/A.]

Como muitas pessoas ficaram confusas, Harry tem uma lembrança de algo da familia neste capítulo.

Passado / Presente

...

Natal estava se aproximando. Harry odiava essa data a tal ponto de sentir como se empurrassem um fruto azedo dentro da sua garganta a cada música natalina ou enfeite pendurado pelas portas dos prédios. Na teoria, Natal significa tempo de permanecer com a família, ao redor de uma mesa farta de comida e uma conversa sobre como Jesus nasceu. Mas na prática, significa uma noite de insônia e um enorme vazio na sala.

O último que passara na família, ele se lembrava do Peru enorme na mesa com folhas de alface ao redor, bem parecido com uma manjedoura. O suéter surrado que a mãe de Harry costumava vestir a todos antes da meia noite, os sorrisos pela casa e a musiquinha ao fundo. Nada que ele suportasse, mas era sua obrigação estar à mesa junto com a sua irmã e seu padrasto e sorrir como se tudo estivesse da melhor forma possível. Porém, algo naquela noite mudou a vida de todos com apenas um toque na campainha. Styles levantou–se com o suor pingando no rosto, as mãos trêmulas e um instinto que tudo estava prestes a desmoronar feito bola de neve.

–Nós estamos esperando mais alguém?

A mãe de Harry perguntou quando o filho se levantou. Todos se entreolharam na mesa por alguns segundos, mas voltaram a conversa sobre o quanto Gemma, sua irmã, estava linda naquela noite.

– Sim nós estamos. – Harry respondeu. Ao abrir a porta, um homem alto, com os olhos marcantes, dois crucifixos como brincos dos dois lados e um terno negro, adentrou a casa da família Styles. – Esse é o Sam.

– Oi querido! Sente–se conosco... – a avó de Harry sorriu de longe, mostrando–lhe um lugar ao lado dela. – Vem! Vem! Não seja tímido.

Sam lançou um olhar assustado pra todos na mesa e logo em seguida para Harry, que permaneceu estático encostado na porta.

– Podemos amor? – Sam sussurrou.

Harry deu–lhe um doce beijo, segurando a sua mão e mostrando o lugar sentar. O que aconteceu depois disso, ele preferia não lembrar, por mais que quisesse apagar de sua memória o mesmo diálogo sempre ecoava dentro de sua cabeça "Podemos amor?"

"Não, Sam. Nós não podemos, foi um erro te mostrar para a minha família. Harry sempre respondia.

...

Olhou para o embrulho do banco do carona encarando cada bolinha da embalagem amarrotada, com a velha e doce, dor no estômago. O asilo continuava o mesmo, com um jardim florido a frente cercado pelas grades brancas aonde se podia enxergar velhinhos sentados jogando dominó. Outros regavam as plantas mais ao longe, uns apenas sentados com enormes fios pelo nariz ou sendo carregados por cadeira de rodas. Harry segurou o embrulho junto ao peito, saindo do carro e tentando não chorar a cada passo que se aproximava do portão. Um homem de cabelos grisalhos, com uma barba longa e olhos negros como borra de café, correu até as grades e as abriu para Harry. Logo atrás, uma moça de cabelos cor de cobre, vestida toda de branco e com uma prancheta nas mãos, veio com um belo sorriso no rosto, checando por todo o jardim se todos estavam bem.

– Oi! Você deve ser o neto de senhora Styles.... – ela estendeu a mão para que ele pudesse apertá–la, mas ele continuou a olhar para todo o jardim, estupefato com o que via. – Bom, você chegou na hora do banho de sol. Ela está bem ali, debaixo da arvore.

– Ela está bem? – Harry a olhou, sentada em uma cadeira protegida pela sombra de uma enorme arvore, seu olhar parecia distante e suas mãos continuavam rígidas no apoio da cadeira, sem qualquer movimento.

your eyes // lsOnde histórias criam vida. Descubra agora