Bahrein, 02 de Março de 2024

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Catrina

Espetacular. A corrida havia sido espetacular.

Mesmo largando em quinto, consegui uma boa passagem na hora dos pits. Sam largou brilhantemente, subindo de P4 para P2 em duas voltas e segurando assim até o fim da corrida. No fim, quem se deu mal foi Bianca, que tinha pole position mas foi ultrapassada e terminou em P3. Para nós, garotas da Ferrari, foi um bom início, fiquei com o P4 e Julia com o P5.

A corrida da F1 também foi boa, mas não houve uma vitória surpreendente. Max tinha a pole, ele era o favorito e ele venceu. Hino da Holanda tocou seguido do da Áustria por mais um fim de semana e nas redes sociais as pessoas clamam por competitividade. 

Não li nada de ruim ao meu respeito, pelo contrário, vi elogios a minha performance e pessoas clamando para que eu tivesse um carro competitivo, o que me fez rir, pois claramente tenho. No fim do dia eu sei que meu maior obstáculo sou eu, minha mente, e é ela quem preciso vencer. 

Era estranho fazer corridas aos sábados, e isso por algum motivo tinha me deixado mais cansada que o normal.
Decidi descer e andar um pouco pelos jardins do hotel. Tudo meu já estava organizado para partir na manhã do dia seguinte, então não faria mal ficar fora do quarto um pouco.

Encontrei Lando no saguão do hotel.

— Olá, Senhoria P4, nada mal, hein? — Ele disse se aproximando de mim para um abraço.

— Olá, Senhor P6, nada mal, hein? 

— Ah, mal sim. — Sua expressão mudou, parecia um cãozinho querendo carinho. — Esperava algo melhor na estreia, mas sei que vamos melhorar. Sabe, o carro está ótimo esse ano, eu sinto que finalmente vou conseguir.

— O que? Entrar na puberdade? — Ele me deu um soco de leve no braço, me fazendo rir.

— Minha primeira vitória, Trina. Esse é o ano. Meu ano. 

— Acredito em você, amigo. — Falei abraçando-o novamente. — E o você? O que faz por aqui?

— Ah, você sabe... — Riu e olhou para os pés tentando desconversar. Provavelmente tinha saído com alguém.

— Sim, certo, eu sei. — Ele riu.

— E você? 

— Ah, você sabe... — Falei, imitando seus trejeitos.  A cabeça baixa, o sorriso de lado, tudo o que fazia Lando Norris ser Lando Norris.

— Você não presta.

— Nunca disse que prestava.

— Aproveita a sua caminhada de "não consigo dormir". — Disse fazendo aspas no ar. — E, ah, eu não iria na área da piscina se fosse você.

Aquilo foi o mesmo que me mandar ir.

— Pode deixar. — Falei e ele virou de costas em direção ao elevador.

Eu planejava andar um pouco e depois subir, tinha cogitado ir à piscina, mas imaginei que estivesse fechada a noite, mas ele me confirmou que não estava e disse que para que não fosse lá, muito provavelmente havia se encontrado com alguém lá e não queria que eu visse. Então eu, obviamente, teria que ir ver.

Eu esperava encontrar uma garota, ou talvez algumas, eu até esperava não encontrar nada. Lando poderia apenas ter pregado uma peça. Mas eu realmente não esperava encontrar um Charles Leclerc deitado no chão encarando as estrelas com o rosto mais triste possível.

Eu tentei sair como entrei, sutilmente, fingir que não tinha o visto. Eu não queria falar, muito menos com ele, e ele também não parecia querer conversar. Eu não tinha nada para fazer ali e deveria ir embora sem ser notada.

15 • 16 | CHARLES LECLERCOnde histórias criam vida. Descubra agora