15 • 16 | CHARLES LECLERC

Hungria, 17 de Julho de 2024

Catrina

Toda a recepção das pessoas pós The Eras Tour havia sido muito melhor do que eu pensava. E temia.

Ao chegar no quarto de hotel, depois do show, eu encontrei champagne e várias e várias pétalas de rosas vermelhas por todos os lados. Imaginei que se Charles não conseguisse fazer o pedido durante o show, ele faria assim que chegássemos. 

— Você deve gostar muito de mim, Monegato. — Disse assim que entrei e vi o quarto.

— Você é muito fácil de amar, Monegata. — Recebi um abraço por trás e beijos no pescoço enquanto ele fechava a porta atrás de nós.

Tudo era lindo.
Tudo era perfeito.
Mas minha mente, novamente, pensava demais.

Eu dei um profundo suspiro que fez com que Charles me soltasse.

— Você está preocupada, não está?

Eu olhei em seus olhos. Não precisava dizer, ele sabia a resposta muito antes de fazer a pergunta.

— Faz um tempo que não olho minhas redes sociais de verdade. Eu posto se preciso postar e saio, não leio nada. Deixo isso para o marketing.

— E você quer olhar? 

— Eu não sei. Eu temo não olhar e saber da pior forma o que estão pensando de mim.

— E porque você acha que pensariam mal de você?

Não tinha resposta.

Não sabia explicar, mas eu sempre sentia que não merecia tudo o que tinha.
Eu era boa, sabia disso, sabia que merecia minha vaga na Ferrari e sabia que merecia todo o amor que Charles estava disposto a me dar. Eu sabia.
Mas ao mesmo tempo eu temia que as pessoas não vissem isso.

Quando você está do outro lado de uma tela, as vezes se torna difícil ver os outros como seres humanos. As pessoas são cruéis quando querem.

Enquanto eu tinha minha mente afundada em pensamentos, Charles puxou seu telefone e abriu algumas redes. Tinham fotos nossas por todas as partes, e para minha surpresa, sem nenhum comentário ruim.

Eu li pessoas dizerem que já esperavam, li pessoas dizerem que era uma questão de tempo.
Eu li pessoas dizendo que eu estava linda de vermelho, porque combinava com meu cabelo.
Eu li pessoas dizendo que queriam ter me dado pulseiras para usar combinando com Charles, e li que éramos um casal lindo.

Eu li Príncipe e Princesa mais vezes do que posso contar, li tanto que perdeu o sentido.

Eu até vi uma camisa com nossa foto em Maranello, com os capacetes, onde tinha "Child of a Marriage" escrito. O que me fez rir, e muito.

— Viu, Cat? — Ele disse guardando o telefone novamente. — Ninguém vai dizer nada de ruim, as pessoas gostam de você mais do que você pensa. Confia em mim.

— Eu confio em você, Charlie.

Ele sorria.

— Enquanto você for minha, eu não vou deixar nada de ruim acontecer com você, okay?

Ele tinha aquele olhar, aquele que a meses atrás eu tanto tentava evitar e que só agora eu havia descoberto o porque. 
Era uma olhar de amor.

Era terno, doce. Como uma imensidão que eu adoraria me jogar.
Era convidativo e mágico, era como se com esse olhar ele sempre estivesse me dizendo que eu era dele, bastava pedir.
E eu sabia como pedir.

— Eu te amo, Charlie. — Eu disse tão baixinho enquanto o abraçava que achei surpreendente que ele tenha me ouvido.

Os braços que estavam em minha cintura a apertaram mais forte, foi assim que eu soube que ele tinha me escutado.
Afundou a cabeça em meu ombro como sempre gostava de fazer, respirando todo o meu perfume. E contra a pele do meu pescoço eu pude o sentir dizer, e prestei muita atenção, porque foi dito num sussurro tão baixo quanto o meu.