15 • 16 | CHARLES LECLERC

Bélgica, 28 de Julho de 2024

Catrina

Samantha está acabando com o próprio campeonato e eu sinceramente não sei o que fazer em relação a isso.

Depois da batida entre nós duas na Hungria, tudo havia desandado.
Eu havia reduzido a velocidade e ela havia batido com tudo em mim, me tirando e se tirando da pista.

Mas agora havia sido diferente, não havia formas de me culpar pois eu estava lá na frente no P4, e ela lá atrás, em P9, batendo na Emely De Heus.

Seus treinos haviam sido ruins, sua qualificação era a pior no seu campeonato até agora e um erro dela na corrida fez com que acabasse com a corrida de Emely também.

Conversando com Lando e Carlos, chegamos a conclusão que ela não estava com raiva de mim de verdade, mas sim da situação como um todo. De tudo que estavam falando dela e como ela estava sendo tratada dentro do paddock da RedBull Racing. 

Exatamente como eu estava me sentindo no início do ano. Comentários idiotas, jornalistas abusados e comparação constante.
Samantha não era Max, e ela nunca tentou ser. Ela era ela, uma piloto incrível que estava perdendo as chances de ganhar seu primeiro campeonato por causa da própria cabeça. E se afastando de todos os amigos por algo muito idiota.

Porque ela havia parado de falar comigo, Lando e Carlos.

Nós três tentamos, a todo custo, conversar com ela, mas ela se mostrou irredutível.
Daniel, por outro lado, pareceu mais aberto.

— Pessoal, eu sei que não foi a intenção de vocês fazerem fofoca ou criarem tudo isso. Eu sei de verdade. Falei umas merdas de cabeça quente e peço perdão, mas eu não vou ficar contra a Sam. — Ele disse quando nós três fomos, tarde da noite, no seu quarto de hotel.

Isso estava matando a gente.

Então fizemos uma reunião no quarto do Carlos antes de irmos embora de volta para a casa, porque finalmente era o summer break e assim como eu, Samantha precisava tirar esse tempo para esfriar a cabeça.

Carlos estava jogado na cama, Lando sentado numa poltrona a sua frente e eu estava em pé na frente da porta, com um Charles como segurança atrás de mim.

Isso era outra coisa que eu teria que resolver: os ciúmes dele com Lando.

— Danny nos deu razão, mas de que adianta? — Lando perguntou, jogando seu corpo dramaticamente para o lado. — Ele não vai falar com ela.

— O pior de tudo é que ela está se afastando das pessoas que ela mais precisa agora. — Eu disse. — Quero dizer, vocês leram o que estão falando dela por aí?

— Claro que li, hermosa. — Carlos disse jogando os sapatos para longe. — Foi a primeira coisa que li quando abri o telefone. Tudo isso é uma grande merda e não podemos fazer nada a respeito.

— Como vocês se esconderam por meses? — Lando disse apontando para mim e Charles. — Quero dizer, Sam e Danny ficaram uma vez e o mundo está de cabeça para baixo. Vocês estão juntos desde Miami e nada aconteceu. Ninguém viu ou descobriu. E quando descobriram, foi porque vocês quiseram. E todo mundo pareceu amar.

— Não estamos juntos desde Miami. Não aconteceu nada em Miami. — Eu sempre tinha que enfatizar isso.

— Ninguém descobriu nada porque você não sabia. — Charles disse frio atrás de mim. — Aparentemente todo problema aqui foi a sua boca grande.

— Charles! — Carlos e eu o repreendemos.

— Eu menti? — Disse descruzando os braços.

Eu virei meu corpo para Lando com uma expressão não muito boa. Eu não queria dizer isso em voz alta, mas já havia pensado nessa possibilidade.