Catrina
Já havia se passado mais de uma semana do incidente da boate.
Lembranças daquela noite vieram para mim como flashes em sonhos e Leclerc aparentemente não mentiu. Eu realmente me lembrei de ter chamado ele de Charlie.
O porque minha eu bêbada parecia simpatizar com ele era um mistério para mim e unicamente para mim, pois simplesmente não havia falado com ninguém sobre isso.
E nem iria.Não fazia sentido contar sobre isso para Lando ou Samantha se eu já sabia que o eles me diriam, e eu não queria ouvir o que eles tinham a dizer.
Era semana de corrida novamente, dessa vez em Imola, Itália.
Tudo nessa corrida seria grandioso.Era corrida em casa para a Ferrari, Júlia e eu teríamos que fazer bonito. Havia muito expectativa em nós, e eu ainda teria uma reunião com Vasseur sobre algo que ele não quis me contar. Mas Julia não participaria, e isso estava me deixando ansiosa.
Os garotos da F2 também estavam presentes, haveria corrida deles neste mesmo fim de semana, mas o ponto alto era o tributo.
Sebastian Vettel estava organizando a meses um tributo pelo aniversário de 30 anos dos acidentes fatais de Ayrton Senna e Roland Ratzenberger neste mesmo circuito de Imola.
Durante a tarde, todos fizemos uma caminhada na chuva, usando camisas com as cores do clássico capacete de Ayrton, em sua homenagem.
Pude notar Julia chorando algumas vezes, ele é o ídolo de todos nós, mas talvez dela um pouco mais.Foi uma tarde muito simbólica, todos nós correríamos no fim de semana com balaclavas verdes e amarelas.
Julia havia feito um capacete especial, havia deixado seu fiel capacete rosa para correr com as cores de sua nação nesse fim de semana.Eu pensei em falar com Leclerc durante a corrida, pedir desculpas por ter sido grossa com ele quando ele só quis me ajudar. Novamente eu senti que fiz besteira.
Mas ele não estava correndo como a maioria, estava de bicicleta conversando com Hamilton que ia de patinete.De noite, de volta ao meu motorhome, me enrolei em lençóis e fiz uma xícara de chá, a chuva havia atacado minha rinite.
Estava quase voltando para o sofá afim de ler algo quando ouço alguém bater na porta. Era Leclerc.
- Oi. - Murmurou.
- Oi. - Murmurei de volta.
Ele parecia não saber ao certo o que fazer ali, ou, se sabia, parecia envergonhado demais para falar. Ele parecia ponderar e pensar mil vezes no que dizer.
- O que você quer? - Quebrei sua linha de pensamento.
Ele antes olhava para os lados, como se temesse que alguém o visse ali, mas quando eu falei sua atenção se voltou para mim.
Ele pareceu conter um sorriso e me olhou dos pés a cabeça.- Você ainda está com meu hoodie. - Disse simplesmente.
E era verdade.
Voltei com ele de seu motorhome e não devolvi, primeiro porque não queria vê-lo e segundo porque era ainda mais confortável que o meu antigo da McLaren. E, secretamente, eu gostava de como cheirava.- Ah, sim, desculpe. Você o quer de volta? - Fiz menção de tirar.
- Não, não. - Segurou meu braços. - Pode ficar. Fica bem em você.
Eu não gostava disso. Eu não gostava quando ele me tratava bem. Fazia com que eu parecesse um monstro.
Preferia que ele implicasse comigo.- O que você quer então?
- Posso entrar?
- Não!
- Vai querer mesmo que alguém passe e me veja aqui? Alguém vai querer vir me salvar, dragões cospem fogo.
Aí estava. Sua implicância.
Não pude evitar sorrir, foi minimamente engraçado, mas virei o rosto para que ele não visse que o achei engraçado. Ele não merecia esse gosto.
Me afastei da porta e o deixei entrar, fechando a mesma atrás dele enquanto caminhava para dentro.
- Você esteve no meu, nada mais justo que eu vir no seu. - Falou se sentando no sofá. - Mas aqui parece muito mais confortável e limpo que o meu.
- Claro que sim, eu sou organizada. - Puxei seus pés para for do sofá, ele estava de sapatos sujos.
Ele riu. E apenas isso. Riu e ficou em encarando, eu já estava ficando desconfortável.
- Terceira e última vez, Leclerc, o que você quer? - Perguntei com impaciência.
- Vasseur falou comigo hoje. - Iniciou olhando para as próprias mãos. - Ele disse que falaria com você depois, mas que eu poderia adiantar caso quisesse. Claro que ele falou da boca para fora já que acha que não nos damos bem.
- Nós não nos damos bem. - Enfatizei.
- Você que não se dá bem comigo, eu me dou muito bem com você. Até deixei você dormir bêbada na minha cama.
- Detalhes...
Ele apenas revirou os olhos e continuou.
- Ele quer que sejamos bem colaborativos nas próximas semanas. Você sabe, é home race para nós dois. - Parou de brincar com as mãos e voltou a me olhar.
Isso fez com que eu desviasse meus olhos, já que eu o observava calmamente enquanto ele estava distraído com os próprios dedos. Algo em saber que ele me olhava fazia com que eu não conseguisse o olhar.
- O que quer dizer?
- Quero dizer que precisamos fazer alguns vídeos de marketing e tirar algumas fotos promocionais com nossos capacetes especiais. A equipe toda está empenhada para garantir nossa pole e uma vez com a pole, garantir que a corrida seja perfeita.
Eu revirei os olhos.
- Qual é, Catrina. - Se levantou levemente irritado. - Alguns dias. Não pode fingir que me aguenta por alguns dias? Se precisar, fique bêbada, você pareceu mais tranquila comigo depois de alguns drinks.
- Alguns dias? - Finalmente disse olhando em seus olhos.
- Sim. Alguns dias, poucos dias. Finja ser minha amiga por alguns dias. Eles só querem algumas fotos do "Príncipe e da Princesa de Mônaco". Só isso. - Disse fazendo aspas no ar.
Eu ponderei.
Se eu não colaborasse poderia estar colocando uma possível vitória em risco, e isso era tudo o que menos queria. Mas concordar seria ter que passar mais tempo que o normal com alguém que eu realmente detestava.
Eu não tinha tempo para pedir a opinião de Samantha sobre isso.- Trégua. - Estendi minha mão.
- Trégua. - Ele a apertou.
Ele fez que sim com a cabeça e se encaminhou até a porta, abriu e viu se não tinha ninguém por perto.
- Espero que sua corrida seja boa esse fim de semana, Catrina.
- Espero que sua corrida seja boa esse fim de semana, Charles.
Tudo que pude ver foi um grande sorriso em seu rosto antes que ele fechasse a porta.
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15 • 16 | CHARLES LECLERC
FanfictionCatrina MonteRey dirige pela Ferrari na F1 Academy com o número 15 em seu carro. Monegasca, 24 anos, sonha em ser campeã mundial e odeia Charles Leclerc. Charles Leclerc dirige pela Ferrari na F1 com o número 16 em seu carro. Monegasco, 26 anos, son...