15 • 16 | CHARLES LECLERC

Singapura, 20 de Setembro de 2024

Catrina

Baku havia se passado sem muitos problemas. Além da batida de Carlos e Checo, e do Charles largar na pole e terminar em segundo, nada demais aconteceu.

Na F1A eu continuava em segundo lugar no campeonato, depois de conquistar o terceiro lugar no pódio de Baku, eu me vi com 254 pontos.
Doriane ainda estava em primeiro, cruzando a linha de chegada logo após de mim, havia terminado em P4 e somava 266 pontos. Samantha havia chegado em P5 e agora tinha 239, minha marca antiga.

Eu e ela estávamos muito próximas, qualquer deslise meu poderia me custar o campeonato. Eu já estou no meu quarto ano de F1, eu quero esse troféu mais do que tudo.
Era o sonho do meu padrinho, e é o meu.

Baku havia sido divertido para mim, eu adoro circuitos de rua. Mas nada se comparava com a minha ansiedade e desejo por Marina Bay.
Depois de Monaco, era meu circuito favorito.

Foi onde conquistei minha primeira vitória, ainda na McLaren. Singapura 2023. Eu ganhando de tarde e Carlos ganhando a noite. Foi difícil, foi cansativo, mas valeu muito a pena. Eu não lembro de nada da comemoração daquela noite.

E esse ano Singapura seria ainda mais especial: a corrida seria no dia do meu aniversário de 25 anos.

Isso me deixou um pouco nostálgica, então fui olhar os posts antigos no Instagram da McLaren, onde eles me desejavam felicidades.
Esse ano a Ferrari já estava fazendo um dump.

Um pequeno bolo me foi entregue por Charles assim que os treinos dessa sexta acabaram, todo o pessoal estava lá. Vasseur era o que mais se divertia e depois dos aniversários de Carlos, eu temia que ele tentasse enfiar minha cara naquele bolo, então fiquei distante.

Julia e eu ainda estávamos de macacões, mas nada importava. Eu estava realmente feliz.
Depois de tanto tempo meus aniversários voltaram a ser uma data boa para mim.
Comemorá-los sem meu padrinho sempre foi muito triste para mim, mas pelo menos eu tinha uma nova família para partilhar as minhas vitórias e alegrias.

Charles me deu um beijo na testa antes de entregar o bolo, o que fez com que todos fizessem um "awn" em coro. Isso me fez rir.

Após eu apagar as velas, Julia disse que no Brasil sempre há um "com quem será?", uma brincadeira para dizer que o aniversariante vai casar com alguém que ele gosta. Todos riram, é claro.

— Bom, espero que seja comigo. — Charles sussurrou em meu ouvido enquanto Julia contava a brincadeira.

Aquilo me deixou feliz, eu não pensava nisso ainda, obviamente, mas saber que de alguma forma ele via isso num futuro era reconfortante.

De noite eu jantei no hospitality da Ferrari, tínhamos reuniões e saímos um pouco tarde.
Carlos e Charles acompanharam a mim e Julia até nossos quartos.
Charles me deixou um beijo na bochecha e seguiu seu rumo para andares mais acima.

Ao abrir a porta do meu quarto, me deparei com um pequeno buquê de rosas vermelhas na mesa de cabeceira.

Eu quase me virei para agradecer a Charles, que ainda deveria estar no corredor, mas algo me dizia que não era dele.
Tinha cartão.
E se fosse, não ele não iria embora, ficaria para ver minha reação.

Fechei a porta atrás de mim e me aproximei da cama.
Minha camisa polo vermelha da Ferrari foi a primeira coisa que tirei, jogando por cima da cama e desejando um banho quente depois desse dia cansativo.

O cartão era pequeno, assim como o buquê, o peguei nas mãos e o abri, tinham algumas pequenas frases escritas a mão.

"Sei que você só irá completar 25 anos domingo, mas soube que já estavam comemorando na Ferrari então decidi te mandar isso. Feliz aniversário, pirralha."

Não estava assinado, é claro.
Mas eu sabia muito bem de quem era.
Só Samantha me chamava de pirralha.

Eu não sabia se isso significava que éramos amigas outra vez, mas eu sabia que havia me deixado muito feliz.