Miami, 06 de Maio de 2024

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Catrina

Nada. Repito: nada me poderia me preparar para a ressaca que tive no dia seguinte do pódio de Miami.

Minha cabeça doía, meu corpo estava mole e cansado, parecia ter sido atropelada por um caminhão. Meu olhos ardiam mais que tudo e por causa disso eu tive dificuldade de identificar onde eu estava.

Parecia meu motorhome.
Era meu motorhome. Certo?
Não. A decoração parecia diferente, e esses não eram meus lençóis. Pior. Esse não é meu hoodie favorito, o da McLaren, que sempre uso para dormir. E não tem o meu cheiro.

A ficha só caiu de onde eu estava quando um cachorrinho animado pulou em cima de mim na cama. Era Leo.

Puta merda! — Exclamei de susto.

Leo parecia feliz em me ver.
Pulava, abanava o rabinho e latia alto, tentei fazer ele calar a boca mas foi pior. Ele saiu correndo da cama para o mini sofá, me fazendo ver que nele dormia um Leclerc completamente jogado.

Cacete. — Disse mais baixo dessa vez.

Eu não queria que Leclerc acordasse, mas Leo o acordou.

Mon bébé... — Disse sonolento. - Está com fome? Eu vou te dar comida. Calma, não precisa gritar.

Ele se levantou cambaleando e andou até o fundo do motorhome em busca da sua mala. Pensei que seria um bom momento para sair sem ser notada.

Mas a sorte nunca está ao meu favor.

Levantando da cama eu tropecei em meus próprios sapatos, que estranhamente não estavam no meu pé, mas sim jogados no chão.

Porra! — Dessa vez o palavrão foi mais alto.

— Catrina? — Eu ouvi Leclerc chamar do fundo do motorhome.

Tentei ficar quieta, talvez ele pensasse que eu havia ido embora, ao invés de estar jogada no chão com o tornozelo doendo.

— Catrina?

Olhei pra cima e lá estava ele, sorrindo da minha situação e usando a mesma roupa do dia anterior.
Eu apenas abaixei os olhos para os meus pés e ele pareceu entender, me ajudando a levantar.

— Você iria sair sem sequer dar bom dia? — Perguntou me ajudando a sentar na cama novamente.

— Eu nem sei o que estou fazendo aqui, Leclerc. Porque te daria bom dia?

Seu sorriso sumiu.

— Você não lembra? Não lembra de nada?

Isso me apavorou.

— O que se tem para lembrar? O que fizemos? — Minha voz tinha mais medo do que eu aceitaria que tivesse.

— Nada. Não, nós não fizemos nada. — Ele tentou me tranquilizar e se sentou ao meu lado. — Mas você bebeu muito na festa, caiu no chão e teve um cara que... Enfim. No fim você estava cansada e pediu que eu te trouxesse de volta.

— E porquê eu estou no seu motorhome e não no meu?

— Você dormiu no meu carro. — Ele disse e eu me lembrei vagamente. — Não acordava de maneira nenhuma. Tive que te trazer no braço para cá.

Isso me deixou envergonhada.

— Sei... Mais alguma coisa que eu precise saber, Leclerc?

Ele ficou alguns momentos em silêncio, me olhando, mas eu estava olhando o pequeno Leo tomar seu café da manhã.

— Você olhou nos meus olhos. — Quebrou o silêncio. — Me olhou nos olhos e me chamou de Charlie.

Isso me fez rir.

— Que idiotice, eu nunca te chamaria assim. Te vejo em Imola, Leclerc.

Me levantei e tentei não fazer careta, meu tornozelo realmente doía.
Ele não pareceu querer me impedir, até me ajudou pegando meus sapatos do chão e me entregando.

Abri a porta e saí devagar, não queria que ninguém me visse saindo de lá e pensasse coisas que claramente não aconteceram, mas não havia ninguém por perto, parecia ser muito cedo e todos deveriam estar com tanta ressaca quanto eu.

Apenas andei poucos metros, mas foi o suficiente para fazer meu pé latejar e eu ter que colocar gelo nele assim que fechei a porta do meu motorhome atrás de mim.

Olhando na pequena bolsa que eu carregava, meu telefone tinha algumas mensagens de Júlia, Samantha e Lando, todas muito confusas de pessoas muito bêbadas.
Carlos e Daniel haviam mandado dezenas de fotos terrivelmente mal tiradas de toda a festa e eu só pude rir.

Ainda faltava algumas horas para meu voo e após colocar um despertador eu decidi tirar um breve cochilo, eu estava realmente muito cansada.

Joguei meus sapatos em algum lugar e a bolsa em outra totalmente diferente, nunca fui bagunceira, mas minhas mente estava um caco.
O que Leclerc queria com aquela mentira? Charlie? Eu nunca o chamaria assim.

Meus olhos pesaram e de repente eu vi alguns flashs. Eu estava numa boate, a mesma da noite anterior, eu caí no chão e depois alguém que eu não vi direito me ajudava a levantar e me levava até o banheiro porque eu queria vomitar. Mas não vomitei.

Eu saí do banheiro e alguém me agarrou, algum homem que eu não conhecia. Eu queria me soltar e ele não deixava, eu queria chorar.

O homem que me ajudou no banheiro voltou e me ajudou, era Leclerc. Eu pedi que ele me levasse embora e assim ele fez, passando os braços pela minha cintura e me ajudando a sair dali.

Não notei quando peguei no sono, assim como também não notei que ainda estava com o hoodie dele.

Não notei quando peguei no sono, assim como também não notei que ainda estava com o hoodie dele

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15 • 16 | CHARLES LECLERCOnde histórias criam vida. Descubra agora