Catrina
Eu estava em casa, em um dos meus poucos momentos de folga, mas estava em uma reunião por vídeo chamada.
A equipe de estrategistas, lideradas por Vasseur, estavam falando comigo e Julia sobre o que seria preciso para esse fim de semana.
Tínhamos um carro rápido e com boas atualizações, tínhamos vindo de uma grande semana com o GP de Imola e buscávamos outra vitória.
Duas vitórias, para ser mais exata.Vasseur mostrou toda sua ideia, finalmente iriamos quebrar a tão temida Maldição de Monaco. Ele queria que esse fim de semana fosse só meu e de Charles. O Príncipe e a Princesa de Monaco teriam que ganhar.
A reunião com os rapazes já havia acontecido e agora era a nossa vez, Julia teria que ser todo o meu suporte, fazer tempos bons e segurar, quem quer que fosse, atrás dela e não deixar de nenhuma forma ultrapassar. Claro que Monaco não é uma pista de ultrapassagens, quem pega Pole geralmente ganha porque é muito difícil fazer algo diferente. E Julia, claro, era uma muralha, O Pesadelo Rosa.
— Por mim, tudo bem. — Disse Julia da sala de sua casa em Londres. — Eu jogo em equipe, me ter no pódio ao lado de Catrina vai fazer com que estejamos cada vez mais perto dos construtores, e minha vez vai chegar, não estou com pressa.
Eu agradecia a ela por isso, Julia era realmente uma ótima teammate. Eu sempre dei sorte com minhas parceiras.
— Tudo bem então, garotas, vejo vocês na quinta-feira no circuito. Bom descanso. — Disse Vasseur.
Todos se despediram e nos desejaram boa sorte, um a um as ligações foram sendo cortadas até restar apenas eu e Julia.
— E aí? — Perguntou. — Como você está?
— Ansiosa, preocupada, com medo... — Falei. — Tudo e mais um pouco.
— Eu sei que dizer que tudo vai ficar bem e vai dar certo não vai, milagrosamente, curar tudo que você está sentindo. Principalmente porque eu não estou na sua pele, Trina.
Fiz que sim com a cabeça, embora olhasse para meus gatos brincando com algo no fundo da sala.
— Mas, sabe, tem alguém que está.
Voltei meus olhos, confusa, para a tela do meu computador. Julia tinha seus cabelos rosa — meio desbotados, a essa altura — presos num coque, e sorria para mim. A parede da sua casa era igualmente rosa, com alguns quadros pendurados, todos dela com prémios na mão.
— Você e ele parecem, finalmente, ter se acertado. Milagrosamente, eu diria. — Isso me fez rir. — Eu sei que você não gosta, mas vocês são realmente parecidos. Ele deve estar tão ansioso quanto você. É corrida em casa, tem pressão pra vencer. Pressão da equipe e de vocês mesmos. Eu acho que se tem alguém que pode te ajudar a aliviar sua cabeça, esse alguém seria ele.
Novamente, apenas fiz que sim com a cabeça.
— Seu microfone está desligado, ou o quê? Fala alguma coisa, garota.
— Está ligado, Julia. — Eu disse sorrindo e a ouvi murmurar algo em português. — Mas, obrigada, você tem razão, acho que vou mandar uma mensagem pro Charlie ou alguma coisa assim.
Isso me fez perceber que, em todos esses meses, eu sequer tinha salvado seu número.
Julia sorria, não como antes, ela sorria maldosa.
— O que foi agora? — Perguntei.
— Você chamou ele de Charlie. Disse que ia mandar uma mensagem para o Charlie.
Eu revirei os olhos.
— Você me chama de Trina e ninguém está falando nada sobre isso.
— É, mas todo mundo te chama de Trina. Eu nunca vi ninguém chamando ele de Charlie, a não ser você...
Eu realmente nunca havia parado para pensar nisso.
— Vou te deixar sozinha agora, Trina, assim você pode ligar pro seu namorado e... — Eu tentei cortá-la dizendo que ele não era meu namorado, mas ela não se importou e continuou a falar. — e eu poderei assistir series no pouco tempo que me resta em casa antes de ir para Monaco. Você não tem que pegar avião, mas eu tenho, então tchau e não me perturbe.
Novamente fiz que sim com a cabeça e ela desligou a chamada.
Não é como se eu não tivesse pensado em falar com ele, eu tinha. Eu já havia imaginado que eles estaria como eu, talvez até pior, ele não havia vencido nada esse ano ainda.
Pensei em pedir a Lando ou Samantha o numero de Charles, mas imaginei que piadinhas como as de Julia viriam em algum momento, então eu desisti disso.
Escolhi a pessoa que julguei ser mais sensata e que me mandaria o numero e nada mais. Estava enganada.
Depois disso ele não disse mais nada, apenas enviou número e disse que ele deveria estar em casa.
Com o número em mãos eu finalmente poderia falar com ele, mas depois dessa conversa eu julguei que talvez fosse melhor ir em sua casa.
Seria muito invasivo aparecer sem ser convidada?
Eu esperava que não.
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15 • 16 | CHARLES LECLERC
FanficCatrina MonteRey dirige pela Ferrari na F1 Academy com o número 15 em seu carro. Monegasca, 24 anos, sonha em ser campeã mundial e odeia Charles Leclerc. Charles Leclerc dirige pela Ferrari na F1 com o número 16 em seu carro. Monegasco, 26 anos, son...