15 • 16 | CHARLES LECLERC

Hungria, 21 de Julho de 2024

Catrina

Algo que eu torcia para nunca acontecer finalmente havia acontecido.
Eu não havia conseguido finalizar a corrida, havia sido jogada para fora da pista.

Pior.
Eu havia sido jogada para fora propositalmente.

Pior.
Eu havia sido jogada para fora por uma amiga.

Pior.
Eu havia sido jogada para fora por Samantha.

Tudo que eu poderia pensar, no momento em que sai daquele carro amassado, era que os abutres da Netflix tinham conseguido grandes imagens para Drive to Survive.

Eu sequer pensei que havia sido de proposito até, momentos depois, Samantha ir até os boxes da Ferrari gritar comigo.
Ela colocou seu dedo em meu rosto e gritou coisas que eu sequer entendi.

Fiquei levando ofensas sabe-se lá quanto tempo, mas em algum momento Charles me segurou e disse para Samantha calar a boca e nunca mais falar daquele jeito comigo. E para defendê-la, é claro, vinha um Daniel muito irritado gritar com o Charles.

- Dobre sua língua, Leclerc. Quem você pensa que é para falar com a Sam assim? - Danny disse se aproximando e colocando Samantha atrás dele.

- Mande Samantha se calar. Ela que começou. Jogou o carro para cima da Cat. Todo mundo viu isso.

Daniel estava quase indo para cima de Charles quando mais gente chegou e Samantha o puxou.

- Deixa eles, Danny. O príncipe e a princesa se merecem, eles só querem os holofotes.

Samantha e Daniel saíram depois disso.
O pessoal nos boxes trouxeram água para mim e Charles ficou comigo até a corrida acabar.

Julia havia conseguido um P6, e sendo sincera, Samantha ter dado DNF me ajudava muito no campeonato. Mas não era isso que eu pensava.

- Cat... - Charles me chamou. Minha mente estava muito longe. - Você está mais calma?

Eu fiz que sim com a cabeça.

- Podemos conversar sobre o que aconteceu?

Assenti novamente e o puxei para uma sala vazia. A nossa corrida havia acabado, mas já estavam limpando e arrumando tudo para a corrida masculina que seria em algumas horas.

Eu fechei a porta atrás de mim, algo nisso tudo me havia me deixado muito abalada.
Charles me encarava, sentado numa cadeira a minha frente. Abriu seus braços como se soubesse que tudo o que eu mais precisava agora era ficar nos seus braços.

Ele parecia sempre ler minha mente.

- O que aconteceu, mon amour. Eu achei que vocês fossem melhores amigas.

- É, mon cher, eu também achei que sim.

Comecei contando ao Charlie tudo que havia acontecido nas noites anteriores.
Ela sabia do beijo que vi, estava lá quando contei a Carlos. Mas eu não havia contado o que aconteceu no sábado a noite.

Decidi chamar eles para jantarem, como eu já planejava, então fui até o quarto de Samantha. Ela abriu a porta tranquilamente, mas fechou o rosto assim que me viu.
Eu perguntei se poderia entrar e, depois de muita hesitação, ela consentiu.

Eu pedi desculpas, obviamente, sobre como agi com todos eles, principalmente com ela, que era minha amiga a anos. Mas ela apenas ouvia.
Eu falava e falava, mas ela apenas me observava.

- Não vai dizer nada, Sam?

- Porque você se escondeu? - Foi a primeira coisa que ela disse desde que abriu a porta. - Quero dizer, você sempre foge, é claro. Esse é um grande defeito seu. Mas você não se esconde. Ou melhor, não se escondia.