Cinco dias a bordo do navio, Calcifer não aguentava mais ver o oceano infinito à sua frente. O céu e o mar se misturavam em um horizonte indistinguível, uma vastidão azul sem fim que, em qualquer outra circunstância, poderia parecer majestosa. Mas para Calcifer, a monotonia do oceano e o confinamento do barco estavam se tornando insuportáveis.
O barco era uma embarcação robusta, com velas de linho branco que se inflavam graciosamente ao sabor do vento. O convés de madeira, polido pelo tempo e pelo sal, rangia sob os passos dos tripulantes. Redes de pesca e cordas estavam amontoadas em cantos estratégicos, e os mastros erguiam-se altos, cortando o céu como lanças.
Durante o dia, o sol brilhava intensamente, refletindo na água e criando um jogo hipnotizante de luzes dançantes. As ondas se moviam com um ritmo quase meditativo, o som suave e constante das marolas batendo no casco do navio. À noite, o céu se enchia de estrelas, tão numerosas que parecia que o próprio universo estava ao alcance da mão.
Calcifer, entretanto, não conseguia apreciar essas belezas. Ele sentia a claustrofobia crescente de estar preso em um espaço limitado, a sensação de que o mar não oferecia nenhuma fuga, apenas um vasto nada que se estendia em todas as direções.
No convés, Hazael estava inclinado sobre a amurada, observando o mar com um olhar perdido. Casspion, com sua imponente presença, estava perto das velas, ajustando-as com a destreza de alguém habituado ao mar. Reyna, sentada em um canto mais tranquilo do convés.
Minjun, sempre enérgico, estava no meio do convés, interagindo com os marinheiros e contando histórias com gestos amplos e expressivos. Ele parecia imune ao tédio que afligia Calcifer, sempre encontrando algo para ocupar sua mente ágil.
Calcifer suspirou, afastando-se da borda do navio. Ele precisava de algo para distrair sua mente inquieta. Aproximou-se de Reyna, que ainda estava imerso em seus pensamentos.
— Parece que a tripulação está tendo problemas com a intromissão da raposa — comentou Reyna, se aproximando do elfo, os olhos brilhando com um toque de irritação.
— Ele ainda está mexendo no leme do barco? — perguntou Calcifer, erguendo uma sobrancelha enquanto a observava.
— Ele achou que o mapa era um jogo de tabuleiro e mexeu as peças. Agora, podemos ter um monstro em nossa frente e nem vamos saber — respondeu Reyna, visivelmente irritada.
— Minjun Zang é realmente um ser problemático — comentou Calcifer, lembrando-se de uma vez em que ele mesmo quis mexer nas peças do mapa, mas foi dissuadido a tempo.
Reyna suspirou, os olhos fixos na figura de Minjun ao longe.
— Ele poderia ser menos... ele — disse, a voz carregada de uma mistura de irritação e resignação.
Calcifer sorriu, uma lembrança surgindo em sua mente.
— Ele me lembra um pouco Mark Lee. — O elfo sabia que o feiticeiro era mil vezes mais responsável que a raposa, mas ambos compartilhavam a mesma energia caótica.
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O Elfo Que Não Queria Se Apaixonar | ⚣
FantastikCalcifer Robber sempre enfrenta seus problemas com destreza, seja nas intrigas da corte de Hazop ou nas severas punições que enfrenta. No entanto, uma única preocupação tem perturbado sua mente: o belo e imprevisível cavaleiro real de Pondores, Haza...