MARÍLIA POV:
Segurava minha xícara de café quente nas mãos enquanto sentia o vento gélido soprar pela janela do escritório do médico de minha filha. Foram terríveis momentos esperando reanimar a minha filha pra logo em seguida entrar em seu quarto vendo que Lorena já estava entubada. Eu e maraisa não tínhamos mais forças, queríamos Lorena falando e agora com esse tubo em sua garganta seria impossível.
-Senhoras? Podem se acomodar.
O doutor falou entrando na sala com vários papéis e eu logo me sentei em frente a sua mesa e segurei a mão de maraisa ao meu lado.
-Pode falar, doutor.
Maraisa disse em um fio de voz e vimos o doutor suspirar pesado. Seria más notícias.
-Bom, repetimos os exames de Lorena e...-Ele deu uma pausa e logo continuou -Marília, a quimioterapia não está ajudando muito. Estamos intensificando a todo momento, mas o câncer da pequena Lorena cresce a todo momento que passa.
Assim que ele disse, travei minha mandíbula e logo maraisa se levantou brava espalmando as mãos sobre a mesa e encarando o doutor.
-Escuta aqui, você nos disse que nossa filha ganharia tempo com esse tratamento e eu só estou vendo o quanto ela está fraca, só dorme e agora está entubada sem previsão de alguma melhora. -Ela disse nervosa -Estamos gastando rios de dinheiro e o senhor não tem um pingo de competência pra ajudar nossa filha? Que tipo de médico é vc?
Eu encarava calada a face do médico que estava mais branco que papel e maraisa o fuzilava.
-Senhora, eu peço desculpas, mas a quimioterapia precisa de tempo para começar a surtir efeitos. Não podemos esquecer que tem os efeitos colaterais e por isso Lorena está sofrendo um pouco com o tratamento.
-Não venha me falar de tempo, minha filha não tem mais tempo. Tudo que queremos é uma boa notícia, um milagre ou mais tempo com ela e não tá funcionado.
Maraisa falou já exaltada e eu logo a chamei.
-Maraisa, se acalme...
Pedi e ela logo me olhou com seus olhos vazios e desapontados.
-Faz alguma coisa, marailia Mendonça.
Ela disse friamente me olhando com desprezo e logo saiu da sala batendo a porta.
Minha mulher queria um milagre. Todos queríamos, mas não podíamos nos iludir com algo do tipo.
-Senhora...
-Cala a boca e faça o possível para trazer Lorena de volta. Te pago para cuidar da minha filha e dar todo o suporte, então se vira.
Logo me levantei e saí da sala. Parei no corredor fechando os olhos e logo dei um murro na parede tentando me manter calma. Me sentia inútil, me sentia uma idiota.
(3 DIAS DEPOIS)
-Tem certeza, filha?
-Tenho, mamãe.
-Posso começar, princesa? -O jovem enfermeiro magrelo perguntava a lorena que estava no colo de maraisa.
-Pode, mas você pomete que vai guardar meus cabelinhos na caixinha rosa?
Ela perguntou e eu senti uma vontade imensa de vomitar, mas não faria isso. Eu devo ser forte, pelo minha filha e pela minha mulher que segura sua mãozinha pequena.
-Eu prometo, agora vou começar.
Eu me aproximei ao lado de maraisa e dei um beijo na cabecinha de Lorena e sorria animada. Ela ficou dois dias apenas entubada até que voltou a sua própria respiração. Lorena não comia, estava se alimentando por sonda devido sua boca está bastante machucada e cheia de feridas.
Ela acordou muito fraca, ontem ela quase não falou nada, não saiu da cama, só dormia e chorou um pouco durante a madrugada. Hoje ela me fez um pedido, pediu para que raspasse seu cabelo igual o de sua amiguinha do quarto ao lado e com muita dor eu teria que ver os fios finos e loiros de Lorena serem raspados.
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MEU TERRITÓRIO- Segunda Temporada
Fiksi PenggemarNa vida temos nossas escolhas e toda escolha tem sua consequência. o poder da palavra "não" é tão forte que muita das vezes utilizamos sem pensar nas consequências, porém, dessa vez eu não tive o poder da escolha quando pronunciei essa palavra para...