capitulo 27

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A primeira coisa que vi foi a figura alta e forte sentada com a cabeça entre as mãos.

Está frustrado?

Preocupado?

Fechos os olhos.

Não, com certeza isso é apenas culpa.

Não por maxin, mas pelo que me causou, afinal se esse quarto branco não for um hospital, não sei o que é.

Abro os olhos novamente, sinto como uma pancada na cabeça, doi!

Doi como o inferno.

-Sofia?

A voz é calma e aveludada, me faz querer parar, ficar com ele. Mas a dor, a dor é forte demais.

-Doi muito, faz parar! Faz parar!

Segurando minha cabeça, balanço para frente é para trás, meus braços estão tremendo, ceus eu vou morrer?

O Bipe dos aparelhos enche o quarto.

Ouço alguém me chamar mas não tenho certeza, parece longe.

- Ela parecia bem, estava dormindo, derrepente começou a gritar.

-Se acalma senhor, vamos cuidar dela.

Está tudo escuro, mal vejo minha própria mão.

Parece um sonho, caminho pela escuridão sem direção por um tempo, até que vejo o que parece uma porta toda dourada.

Levanto minha mão em direção a ela, pulo de susto quando percebo segurar a maçaneta da mesma. Eu estava longe e agora ...

Respiro fundo, é um sonho, não é como se devesse fazer sentido.

Giro lentamente ouvindo o click, uma luz cegante me cobre pisco repetidamente quando sinto minha visão se ajustar, George?

-Docinho? Você acordou.

Beija minha mão, acompanho seu movimento voltando para seus olhos. O mel se derrete sobre eles daquela forma que sempre me fascinou.

Respiro fundo, levanto minha mão é acaricio seu cabelo para direita, sempre me pareceu melhor assim.

-Sofia?

- Aonde está Victor?

- Em casa, tem pessoas cuidando dele, não se preocupe.

-Certo.

Ao lado vejo o soro entrando em minha veia e uma máquina que bipa irritantemente.

Estou enjoada.

-Vou vomitar.

No segundo seguinte, há uma sacola na minha frente aonde coloco tudo para fora.

-O que eu tenho? É grave?

Seu rosto se contorce em desgosto antes de jogar o saco com vômito na lixeira

- Depende.

Tanto entender o que ele quer dizer com isso quando a porta se abre, revelando um homem de meia idade.

- Como você está Sofia?

- Enjoada.

Respondo me sentando melhor na cama.

- Bem, isso deve passar em dois a três meses. Enquanto isso pode tomar alguns medicamentos que são eficazes na sua situação. Aconselho a procurar uma obstetra o mais rápido possível e iniciar o acompanhamento.

Acompanhamento?

Obstetra?

-Desculpe doutor. Acho que não compreendi.

Ele olha de mim para George, como se dividissem um segredo.

-Darei privacidade para vocês.

Quando o homem pomposo de jaleco sai, cruzo os braços .

- Desenbucha.

Resmungo.

- Voce teve um começo de aborto. Segundo o médico provavelmente por causa do alto nível de estresse que você estava.

-Provavelmente? Você tem alguma dúvida? Merda! E desde quando estou buchuda?

Ele me olha por alguns segundos, como se eu fosse uma estranha, bem agora eu tenho uma vantagem.

- Quatro semanas.

Isso torna impossível ser de maxin. Eu rompi todos meus encontros com ele assim que George voltou.

- Certo.

Repondo e ele começa a caminhar de um lado para o outro coçando a cabeça.

- Certo. Certo? Porra! Nada está certo. Você está grávida outra vez, de outro cara, caralho! Inferno!

Chuta todo que vê pela frente e eu sorrio. Vou deixar que se atormente um pouco.
Só mais um pouco.

- Você está sorrindo? Porra! Você não presta, pelo menos aquela desgraça tá de baixo de sete palmos agora, se não eu o mataria por isso eu...

Suas mãos estão cerradas em punho, sorrio ainda mais.

-Se acalma docinho.

Digo a ele esperando por sua reação. E lá está, os olhos arragalados, a boca aberta. Sempre o chamei assim o que o irritava muito.
Quando acabei com tudo, foi a primeira vez que o chamei pelo nome.

E agora, parece que ele passou a me chamar assim, como se isso fosse me trazer de volta memórias perdidas, nossas memórias.

- É... é você princesa?

Sempre foi assim, eu era sua princesa sempre guardada a sete chaves do mundo para me proteger, pelo menos, era o que ele dizia, mas estou inclinada a achar que ele só me queria para si mesmo.

- Não era o que queria docinho? Se bem que você não estava conseguindo segurar a fachada de bom moço mais. Foram anos, mas voltou a ser quem era.

Vejo quando ele enruga a testa e caminha até mim. Posso ver seus pensamentos maquinando a todo vapor.
Com ele é sempre assim, ah apenas três opções.

1° A culpa é minha.

2° As circunstâncias.

3° Eu vou mudar.

Acho que ele vai de número 3 hoje, já que acabo de recuperar a memória, é cedo demais para me culpar.

- Princesa eu juro que vou mudar, estou em tratamento desde que me deixou, eu fiz progresso. Agora que se lembra pode comparar. O tempo em que estamos casados, eu tenho sido o melhor possível.

Encaro por alguns segundo, merda eu tinha que ficar grávida dele?

- É claro docinho, está tudo bem.

Eu tenho que pensar, organizar minha vida de uma vez.

Estar com George é como andar numa montanha russa, o frio na barriga não compensa o medo.

Aprendi isso muito jovem e não pretendo esquecer.

Não mesmo.

Como posso te amar?Onde histórias criam vida. Descubra agora