CAPÍTULO 10

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"Agora você está pra sempre assombrada, baby eu posso ser sua sombra. Você nunca terá que estar sozinha. Oh, minha linda querida, você está pra sempre assombrada." - Chris Grey

ROBERTO

Eu demorei um pouco pra pegar no sono, mas o fiz depois de mais alguns rounds e ver Elisabetta fechando os olhos involuntariamente enquanto gozava. Ela estava exausta, sua mente estava exausta. Foi a operação, a noite agitada, tudo. Quando parei de observar o sono dela e finalmente me rendi ao meu, eu estava deitado de barriga pra cima e ela tinha o rosto no meu peito e a coxa esquerda sobre o meu quadril, sua pele aquecendo meu pau e causando uma sensação de conforto.

Quando acordei, alguns feixes de luz escapavam pela cortina quando o vento passava pela janela aberta e balançava o pano. Eu estava deitado de bruços, abraçado ao travesseiro sob minha cabeça e totalmente sozinho. Franzi o cenho ao reconhecer que ela não estava ao meu lado. Olhei o ambiente ao meu redor e vi que minhas peças de roupas, que antes estavam espalhadas por todo o lugar, agora estavam gentilmente reunidas sobre a ponta da cama. Me levantei, estalando o pescoço e as costas, e vesti minha cueca, percebendo que havia barulho vindo do lado de fora do quarto. Coisas sutis como passos leves, cheiro de café, o barulho de uma melodia baixinho. Vesti minha calça, mas mantive o botão, o cinto e o zíper abertos. Peguei a blusa que eu vestia quando cheguei aqui, ontem, e bufei ao ver que faltavam botões nela. Caminhei devagar, abrindo a porta e saindo do quarto. O cheiro de café invadiu minhas narinas de vez e eu dei de cara com Elis de costas para mim, no outro quarto. A porta estava aberta, ela estava usando uma camisola azul claro. Suas coxas tinham as marcas dos meus dedos e ela estava debruçada sobre uma tábua de passar, passando o que parecia ser uma blusa social branca. Eu atravessei o breve corredor e apoiei o corpo no batente da porta, observando o cômodo. Tinha uma cama de casal, guarda-roupas embutido, uma televisão sobre uma cômoda, decoração neutra. Sobre a cama, uma farda do BAC estava impecavelmente arrumada, assim como no canto perto da porta tinha o par de coturnos muito bem engraxados. Notei que a música vinha de uma vitrola antiga sobre a cômoda, ao lado do aparelho de TV e que a melodia em questão era de uma das músicas de Elis Regina.

Me debrucei sobre o teu corpo e duvidei, e me arrastei, e te arranhei e me agarrei nos teus cabelos, no teu peito, teu pijama, nos teus pés ao pé da cama. Sem carinho, sem coberta, no tapete atrás da porta.

Minha mãe sempre foi apaixonada pela Elis Regina e nós sempre ouvíamos juntos. Apesar de eu ter tido uma fase meio rebelde, sempre tive uma boa relação com ela. Por isso, reconheci a música, embora não lembrasse a letra. Mas me perguntava o por que dela estar ouvindo uma música tão triste a essa hora. Ainda mais depois da noite em que tivemos.

— Vai ficar encarando por muito tempo, coronel? — sua voz me alcançou e eu a vi colocar o ferro de passar ainda quente no suporte da tábua — Tira uma foto que dura mais tempo.

Cruzei os braços à frente do peito.

— Só admirando o fato de você ter gastado dinheiro nessa tatuagem pra marcar sua pele, quando as marcas que eu fiz essa madrugada, que foram de graça, ficaram muito mais bonitas.

Eu a ouvi rir fraco e observei seu corpo, ainda de costas. Os pés descalços, o quadril bem moldado na camisola de cetim, os cabelos presos por si só em um coque alto que mais os deixavam desgrenhados do que arrumados. Ela se virou, sacudindo a blusa que passava e me olhou. Seu pescoço tinha manchas vermelhas e uma ou outra numa tonalidade mais arroxeada, devido aos apertões que dei. Ela não parece se importar com isso. Seus olhos passeiam pelo meu dorso nu e demoram mais do que deveriam na minha cintura, onde minha calça está aberta. Ela lambe os lábios e disfarça.

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