CAPÍTULO 32

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"As vezes eu quero demais e eu nunca sei s eeu mereço. Os quartos escuros pulsam e pedem por nós. E tudo o que eu posso te dar é solidão com vista pro mar ou outra coisa pra lembrar." - Marina Lima


ELISABETTA

Eu já havia experimentado várias roupas e espalhado vários cabides pela cama, além de ter revirado meu quarto de cabeça para baixo. Nenhuma roupa parecia suficiente para fazer eu me sentir confortável e bonita. Roberto estava começando a ficar impaciente, mas eu não podia fazer nada além de experimentar outras combinações e tentar acertar o mais rápido possível.

— É o aniversário do Rafael e não da rainha da Inglaterra. — Beto comentou voltando a entrar no quarto

Ele havia se arrumado em poucos minutos. Calça jeans escura, sapatos pretos e blusa de botões cinza com as mangas dobradas nos antebraços. Já eu estava com a testa encostada na porta do guarda-roupas, usando apenas meu sutiã preto e uma calça de alfaiataria branca que eu amava, mas que se recusava a fechar.

— O que você tá fazendo? — ele arregalou os olhos ao me olhar — Vai começar a rezar agora?

— Eu estourei o fecho da minha calça favorita. — digo magoada

Ele desce o olhar pelo meu corpo, parando em minha barriga, onde a calça está aberta na altura do meu umbigo.

— E você não tem outra calça? — ele franze o cenho ao voltar a olhar pro meu rosto

— Mas eu gosto dessa.

— Porra, você demorou duas horas pra decidir que queria usar essa calça e, quando finalmente decidiu, arrebentou o fecho? — ele se aproxima de mim e mexe no zíper e nos botões, tentando avaliar o estrago — Você pode colocar na costureira depois.

— E pra agora? — boto as mãos na cintura — Eu uso o que?

Ele olha pra cama com o cenho franzido, como se estivesse indicando as várias peças de roupa perdidas por ali.

— Elisabetta, isso é sério? — volta a me olhar

Eu respiro fundo e reviro os olhos.

— Me espera na sala e eu juro que saio daqui em dez minutos.

Ele estreita os olhos na minha direção, como se estivesse desconfiado e me dá um selinho.

— Certo, dez minutos. — murmura — Contadinho, tá?

Beto saiu do quarto e eu bufei frustrada, tirando a calça e fazendo o possível para devolver as peças de roupa para seus devidos lugares dentro do guarda-roupas. Depois de ter certeza de ter ouvido Beto bufar e reclamar outra vez, eu peguei um vestido amarelo de alças, midi, com uma fenda transpassada na frente, deixando-a casual e nada vulgar. Calcei um par de sandálias de salto grosso baixo branco com um lacinho na frente e passei um batom nos lábios, apenas dando um pouco mais de cor ao meu rosto levemente maquiado. Eu ainda não tinha certeza se estava me sentindo bonita e confortável naquele look, mas era isso ou ver Roberto sair correndo. Pendurando minha bolsa tiracolo branca no ombro, eu saí do quarto e cheguei na sala, vendo Beto sentado no sofá, sacudindo as pernas impacientemente.

— Beto, se você olhar nesse relógio mais uma vez, eu juro que vou...

— Graças a Deus. — ele me interrompe, não ligando para a ameaça — Podemos ir, donzela?

— Tá bom? — pego as sacolas com os presentes do meu enteado e o olho, passando a mão livre na saia do vestido

— Você está ótima. — ele sorri se aproximando — Uma tremenda gostosa. E eu amei esse detalhe aqui.

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