PRÓLOGO

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"Não vou viver como alguém que só espera um novo amor, há outras coisas no caminho onde eu vou. Às vezes ando só, trocando passos com a solidão. Momentos que são meus e que não abro mão." - Ana Carolina

RIO DE JANEIRO, TIJUCA - BAR DO BUXIXO

A choperia do Buxixo, localizada na Avenida Maracanã, era conhecida por seus drinks inovadores e deliciosos, suas mesas externas e as excelentes apresentações de música ao vivo há mais de vinte anos. Ponto de encontro para estudantes da UERJ no fim da aula, vendedores de lojas de departamento do shopping ali perto, torcedores apaixonados, amantes de música e do trio inseparável de policiais que se conheciam desde a infância. Aos risos, Elis, Luan e Cris aproveitavam a noite após um longo plantão, com direito a cervejas, coquetéis exóticos e petiscos. Naquela noite, os melhores e maiores hits do samba e pagode nacional eram tocados pelas vozes e instrumentos do grupo de seis rapazes já conhecidos por eles. Cavaquinho, banjo, tantã, repique de mão, pandeiro e surdo eram os responsáveis pela alegria daqueles que cantavam as letras das músicas e dançavam suas melodias. Cristiano se afastou dos amigos por alguns minutos, dizendo que ia ao banheiro. Luan abriu a longneck de Elis, em um gesto gentil, e sorriu ao beber um gole da caipirinha que os dois dividiam.

— Eu posso saber por que é que foi o Cris que te deixou no batalhão essa manhã, major? — Luan encarou a amiga, aproveitando o breve momento à sós

Curioso, ele ergueu uma das sobrancelhas e apoiou o cotovelo na mesa alta que estava à sua disposição, a observando com atenção.

— Não me olha com essa cara de julgamento. — ela encolheu os ombros — A gente se esbarrou no shopping, enquanto eu trocava o presente da Eloísa e decidimos jantar juntos.

— E você foi a sobremesa, certo?

— Ridículo. — a amiga revirou os olhos

Os amigos tinham intimidade o suficiente pra isso. Se conheciam há anos, suas famílias foram vizinhas durante muito tempo. Em mais de vinte anos de amizade, haviam compartilhado risadas, choros e sermões como o de agora. O peso da pulseirinha da amizade no pulso esquerdo dos dois pareceu maior do que era, fazendo Elis encarar as duas algemas entrelaçadas. Sabia que Luan era o irmão que ela nunca teve e que ele só queria o seu bem.

— Sai desse relacionamento, Betinha. — ele disse sério — Eu amo o Cris, ele é meu amigo também, mas não posso e nem quero ver ele te levar pra essa rua escura.

— Cris e eu não somos mais namorados e você sabe disso.

— Será que ele sabe disso? — os dois se encararam — Você sabe como ele é temperamental. Se as coisas realmente acabaram, não deixe que ele crie esperanças de novo. Você sabe como ele funciona.

— Eu sei lidar com o Cristiano, Eurípedes. — ela o chamou pelo segundo nome, demonstrando já a insatisfação com o assunto

— Tá bom. — ele murmurou ao notar o desconforto dela — Qualquer coisa, me avisa.

A música encerrou e os dois terminaram suas respectivas cervejas, pedindo mais uma rodada para a garçonete que eles já conheciam e que adorava lhes receber. Enquanto os dois pareciam se recuperar do clima estranho, Cris riu ao falar no ouvido do cantor e líder do grupo, que sorriu e puxou o microfone pra perto.

— Galera, eu queria pedir a atenção de vocês aqui, rapidinho.

Todos os clientes olharam na direção onde o grupo estava, incluindo a dupla que reconheceu o amigo junto deles.

— Eu fui informado que estamos diante de uma dupla de amigos maior que muita dupla sertaneja por aí. — o cantor disse sorrindo, fazendo os outros membros do grupo rirem também

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