CAPÍTULO 19

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"Me diz qual amor não é confuso, minado e inseguro. Ciúme de um fatídico segundo, sagrado amor profano. Impuro amor profundo [...] E eu não vou negar que depois da briga eu te desejo mais." - Luísa Sonza


ELISABETTA



— Filho? — eu franzi o cenho ao reconhecer a figura confusa do adolescente — Rafael!

Ele estava caminhando de cabeça baixa, as mãos nos bolsos da bermuda jeans e, ao ouvir seu nome, ele se assustou e sorriu largo ao me ver, camuflando a feição triste e chateada que tinha antes.

— Tia Betta!

Me surpreendendo, o garoto correu até mim e abriu os braços, mas acho que sua timidez falou mais alto quando ele parou diante de mim com os braços ainda abertos. Talvez tenha se dado conta de que nos conhecemos há pouco tempo, talvez tenha tido um lampejo de timidez. Quando eu vi a hesitação em seu rosto e seus braços ameaçando abaixar, eu o abracei apertado e ele suspirou nos meus braços.

— A senhora tava com o meu pai no presídio, não tava? — ele me olhou com seus olhos inocentes e idênticos aos do pai — Ele mandou mesmo matar um homem que já estava rendido?

Eu respirei fundo o encarando.

— Eu não sei mais no que acreditar, Betta.

— Seu pai te ama, Rafa. — o encaro — Nunca duvide disso. Tudo o que ele faz, ele faz pra conseguir voltar pra você.

— Então ele realmente mandou matar o Beirada, mesmo com a situação controlada pelo Diogo?

— Não. — nego — Seu pai não é um assassino, Rafa.



Respirei fundo arrumando a boina na minha cabeça e vendo a movimentação dos carros passando pela blitz. Eu não conseguia tirar o Rafael da minha cabeça, assim como não conseguia mais tirar o pai dele da minha cabeça. Os olhares, o jeito como ele me cercou no dia anterior, na visita surpresa ao meu batalhão. Eurípedes disse que já estava começando a ficar óbvio, principalmente pelas caretas que ele fazia quando o Guaracy me elogiava e dava em cima de mim de maneiras que só ele achava serem sutis. Isso, de certa forma, pegou meu ego. Ele não percebeu que a Alice Santos estava dando em cima dele, porque estava muito ocupado prestando atenção em mim e em quem tentava me cercar. Porra, uma hora eu não vou conseguir mais ignorar as mensagens e ligações dele. O cara me quer, eu só não sei se posso lidar com ele.

Eu disse que tudo estava acontecendo rápido e intensamente demais. Era questão de tempo até que tudo despencasse pelos ares, feito um castelo de cartas.

— Major, o Paredes encontrou maconha com uma garota. — Eurípedes se aproximou de mim — Vou passar o cão, quer assumir?

— Não, deixe que ele resolva. — suspirei — Revista ela, passa o cão no carro e leva pra delegacia.

— Ela tá com um menor de idade no carro. — ele me olha sério, disfarçando

Eu franzo o cenho com sua inquietude.

— Tá. — murmuro — Ele sabe como lidar com isso.

— Betta. — ele me chama pelo apelido baixinho e põe a identidade dos dois na minha mão — Assume isso.

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