CAPÍTULO 6

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"Tô com saudade da nossa amizade, a gente se perdeu e não se encontrou mais. Talvez agora se não fosse tão tarde, não fosse tão tarde." - Lou Garcia

ELISABETTA

Estacionei de ré numa vaga entre um Logan preto e um Ecosport vermelho. Isso seria motivo pra alguém xingar, mas eu sou muito boa com balizas, então apenas estaciono e desço do veículo, desprendendo Eloísa da cadeirinha e pegando minha bolsa e as sacolas retornáveis com meu engradado de cerveja, o refrigerante e as carnes que comprei.

— Dinda, vai ter piscina? — Elô pergunta ao agarrar o passador de cinto da minha calça, já que minhas mãos estão ocupadas

— Não, mas o tio Eri disse que terão outras crianças e um parquinho no salão, então você pode brincar à vontade. — olho de um lado para o outro, atravessando — Vem com a tia, filha.

Eloísa é meu xodó. Quando minha irmã Fernanda se casou aos vinte anos, nós ficamos bem surpresos, mas a maluca simplesmente chegou em casa, arrumou uma bolsa e subiu o morro atrás do cara que ela gostava. Até então, tudo tranquilo. A família do cara é da igreja, fez um baita discurso sobre princípios familiares pra minha mãe e os dois começaram a viver juntos em um puxadinho na laje da mãe do cara. O problema é que, depois de uns três anos da minha irmã agindo de maneira estranha com nossa família, começou a ficar meio óbvio que o relacionamento dos dois não era tão saudável assim. O resultado foi eu enquadrando o cara, ele conseguindo uma promoção de trabalho imperdível em São Paulo, com o tio e deixando minha irmã grávida pra trás. Hoje, cinco anos depois, a relação deles é melhor, ele pega a menina em alguns finais de semana, paga pensão, mas o chumbo mais grosso é sempre nosso. Fernanda, nossa mãe e eu somos as principais responsáveis pela vidinha dela e eu tenho muito orgulho do que fazemos com ela e por ela. Eloísa é bem educada, carinhosa, calma, doce. É a menininha mais incrível que eu já conheci.

— Major Lima! — Alice Santos sorriu surpresa ao me ver — Você veio mesmo!

— Eu sei que tô atrasada, mas aqui estou eu. — dou de ombros

Alice me abraçou sorridente. Ela é uma pessoa legal, é veterinária e sargento do meu batalhão, cuidando pessoalmente de Aaron e dos nossos outros cães.

— O Eri já chegou?

— Ainda não. — ela nega — Mas quase todo mundo já está aqui.

— Ajuda?

A voz grave me arrepiou e alguém tomou as bolsas retornáveis da minha mão. Dois homens, na verdade. Um adolescente, devia ter no máximo uns quinze anos. Ele é bonito, cachinhos nos cabelos, olhos marcantes que eram idênticos a um par de olhos que eu já havia visto antes. O dono do par original estava ao seu lado, sorrindo pra mim. O mais novo carregava a sacola com as carnes e o mais velho carregava a sacola com o engradado de cerveja.

— Olha, olha! — Eloísa gritou animada, ao ver o parquinho com brinquedos — Eu posso ir? Posso?

Nascimento desviou o olhar de mim para a garotinha e eu vi surpresa em seus olhos. Eu a peguei no colo e lhe dei um beijo estalado na bochecha.

— Vou te apresentar pras outras crianças. — eu disse ao reconhecer os filhos de um dos meus colegas — Eu volto já.

Deixando Nascimento, Santos e o menino de olhos bonitos para trás, eu praticamente corro pro parquinho e ajudo Eloísa a fazer amiguinhos. Não demora muito para que ela esteja correndo no meio de um grupinho de cinco crianças da idade dela. Eu sorri observando e logo duas pessoas me abraçaram por trás. Eurípedes e Tatiana, sua esposa.

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