CAPÍTULO 3

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"Meus olhos sempre atentos aos seus movimentos, que piração. Acho que é hora de uma aproximação, de um diálogo sobre essa condição e essa história de pirar meu cabeção." - O Surto

ROBERTO

Eu sempre fui péssimo com redes sociais e, por ser policial, sempre achei até mais seguro não ter um perfil sobre mim na internet. Entretanto, cá estou eu agora, encostado no meu blindado, com o celular na mão e fazendo download de um aplicativo onde as pessoas publicam suas fotos. Eu não sabia ao certo por onde começar, já que apenas havia olhado por cima da mesa do comandante e visto de relance a ficha da Major Lima, onde sua foto, sua patente e seu número de celular estavam expostos. Memorizei o número antes do velho voltar e digitei uma mensagem pra ela ontem, durante o almoço. Ela me pegou no pulo, acha que eu pesquisei sobre ela no banco de dados da PMERJ. Eu não faria isso. Não agora, pelo menos. Então, agora, estou disposto a procurar por todas as Elis Lima que estão cadastradas nesse aplicativo. Calma, porra, eu não vou navegar à deriva dentre um mar de milhares de mulheres com o mesmo nome. Eu vou começar procurando pelo perfil do aspirante que me cumprimentou ontem e que eu vi tagarelando sobre suas férias em família entediantes com um outro aspirante. Ele tem rede social, eu gravei o nome e decidi começar a procurar por ele. Eles se falam, quem sabe ela está por lá.

Eu sei o que parece, mas você não pode me julgar.

Enquanto eu resmungava baixo sobre a velocidade da internet, notei um certo agito no enorme portão da garagem coberta das viaturas.

Agora eu sei o motivo do BOPE só aceitar homem. — um dos soldados comenta — Imagine só a distração que deve ser trabalhar com essa mulher todo dia.

Franzi o cenho, tirando meus olhos da tela do aparelho e erguendo o queixo, olhando na direção dos três soldados meus que conversavam entre si, completamente alheios à minha presença.

— Ela é o terror dos cargueiros. — o loiro diz — Ela e o cachorro não deixam passar uma.

— Aí, na boa, se for pra ver ela se exercitando assim todo dia, eu aceito ser preso também.

Bloqueio a tela do celular.

É claro que estão falando dela.

Caminho até onde eles estão, ainda ficando atrás deles e não chamando atenção. Major Lima está se exercitando, correndo ao lado de seu cão, Aaron. O cabelo está preso em um rabo de cavalo que balança de acordo com seus trotes e ela está usando a roupa básica que todo militar usa para se exercitar em base: shorts de lycra folgados, que vão até quase seus joelhos, blusa de manga branca e tênis esportivos nos pés. Aquele uniforme era horroroso, mas ela conseguiu fazer com que se parecesse com uma lingerie absurdamente ousada pra fetiche. Os três arrombados estavam vidrados nela. Eu confesso que fiquei levemente hipnotizado pelo movimento dos seus quadris e o tremor de sua carne, durante seus trotes. Ela não estava correndo sozinha. Além do cachorro, o capitão Eurípedes também lhe fazia companhia, além de uma sargento feminina de sua equipe. Tinha outra mulher ali, mas os babacas só falavam dela.

Porra!

Eles estavam vindo pra cá.

— Muito bem, garoto. — eu a ouvi dizer ao parar próximo de onde eu estava e fazer carinho na cabeça do cão — Vem, filho, vem.

Ela bateu nas coxas e o cão a obedeceu prontamente, se apoiando nas patas traseiras e pulando nela, apoiando as patas da frente em seu dorso. Ela sorriu, aquele sorriso, enquanto mexia com ele e ele lambia seu queixo.

— Agora você vai com a Santos e a gente se vê mais tarde, parceiro. — ela beija o topo da cabeça do cão e ele volta com as quatro patas para o chão — Obrigada, Aline.

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