CAPÍTULO 11

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"Aposto que você gosta quando eu apareço de vestido, deixe meu corpo fazer o trabalho, bem devagar. Não fale pra eu parar, só me deixe por cima. Amor, você quer isso, sim." - Nicholas Bonnin



ROBERTO


Dia de operação é foda, principalmente se for algo de emergência. Fui salvar os caras do Coronel Fábio, mais uma vez, que estavam fazendo merda no alto do morro e foram pegos. Sim, a história sempre se repete e eu sou obrigado a ficar enxugando gelo pra cima e pra baixo.

— Coronel, obrigado pelo apoio. — Fábio me encarou — Sem a ajuda do BOPE, meus homens não teriam descido intactos.

— Ainda bem que você sabe disso. — eu o encarei sério — Desceu todo mundo? Tá faltando alguém?

Meus olhos estavam procurando pelo Araújo, mas ao que tudo indicava ele não estava presente.

— Tá todo mundo aqui, Coronel. — Fábio respondeu — Todos os que subiram.

— O que porra vocês foram fazer lá em cima? — estreito os olhos

— Recebemos uma denúncia de baile funk. — ele coçou o bigode escroto que carrega sobre a boca — Nós estamos investigando uma movimentação esquisita em uma comunidade que já possui a presença da equipe de pacificação.

— Ah, você quer dizer essas incursões de merda pra inglês ver, que vocês fazem pra maquiar o governo. — aceno com a cabeça — Passar bem, Coronel Fábio.

— Passar bem, Coronel Nascimento.

Nós nunca nos damos bem e eu nunca vou fazer questão de melhorar as coisas. Não me misturo com filho da puta metido com corrupção até o pescoço. Se eu pudesse, iria invadir o batalhão desses caras com a mesma força bruta que entro em favela, mas infelizmente não posso.

— Hoje foi foda, Coronel. — Bocão resmunga enquanto dirige

— Eu não aguento mais ser babá desses arrombados. — suspiro pesado

Seis meses e tudo estaria pronto. Eu nem sei o que vou fazer quando a aposentadoria chegar. Tentar recuperar meu relacionamento com o meu filho seria uma boa, mas eu morro de medo do moleque me rejeitar. A cada um momento bom que temos, ganhamos uma enxurrada de discussões sobre meu modo violento de educar e meu afastamento. Eu sou o demônio na rua, fardado, mas aparentemente, em casa, eu fujo do conflito. Eu precisava começar a pensar no que fazer depois do batalhão. A vida continua.

Franzi o cenho ao olhar pela janela aberta da viatura. Estávamos passando pelo Aterro do Flamengo, eram quase duas da madrugada. A rua estava um pouco movimentada, apenas algumas pessoas estavam curtindo a noite de sábado nos bares e boates ao redor quando eu avistei a mulher dos meus sonhos no calçadão da orla. Estava sentada em um banco de pedra a uma distância razoável, mas eu a reconheceria em qualquer lugar. Ela estava debruçada sobre os joelhos, usava um vestido na altura das coxas e parecia perdida em pensamentos.

— Eu vou saltar, Bocão. — avisei já metendo a mão na maçaneta da porta

— Algum problema, Coronel? — Bocão perguntou já jogando no canto da pista e reduzindo a velocidade. Ele parou a viatura e eu saltei, mantendo meus olhos firmes nela — Ué, aquela ali não é a Major Lima?

— Faz o retorno, Bocão. — eu ordeno — Te aviso quando for pra me buscar.

— Sim, senhor. — respondeu sem hesitar e deu partida com o carro

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