"Se você me der mais uma chance no futuro, eu lhe asseguro, nunca mais amor, eu juro, você vai chorar por mim. Você não vai chorar por mim, não vai, não vai." - Molejo
ELISABETTA
Respirei fundo, soltando o ar pela boca e pulei outro obstáculo ao lado de Aaron, segurando firme em sua coleira. O sol da manhã ainda não havia esquentado pra valer, mas o suor já escorria pelo meu corpo, colando a camiseta preta que eu usava. Sobre o peito esquerdo, o símbolo do BAC descansava e sobre o direito, MAJ LIMA estava estampado. Eu não costumava correr de calça tática e coturno, mas adorava passar um tempo com meu fiel companheiro, então não me importei em auxiliá-lo no treino da manhã. Ao fim da pista, eu o guiei até a sombra de uma árvore e me abaixei, fazendo carinho em seu pescoço.
— Muito bem, garoto. — afinei a voz — Quem é meu meninão? Quem é?
Eu ri sozinha quando ele encostou o focinho no meu nariz e me repreendi mentalmente por usar voz melosa com ele.
— Vai, pode descansar, filho.
Ao meu comando, ele foi até seu pote de água, bebendo por um bom tempo e eu me sentei sobre o gramado, bebendo um longo gole da minha garrafa de água. Encostei as costas na árvore e fiz alguns exercícios de respiração com o diafragma, para controlar minha situação ofegante. Fiquei ali durante um bom tempo, observando os outros cães treinarem ao lado de seus guias. Eu sempre fui apaixonada por animais, assim como meu melhor amigo, Luan Eurípedes. Era a segunda coisa em comum que tínhamos. A primeira, eram os nomes estranhos que carregamos graças aos nossos avós. Elisabetta era o nome da minha avó e Eurípedes era o nome do avô dele. Eu não me lembro ao certo do dia exato em que nos conhecemos. Nas minhas memórias, ele sempre esteve lá. Éramos vizinhos no morro do São Carlos, na época em que os quatro morros estavam em pé de guerra e éramos conhecidos por aprontamos bastante. Nosso amor por animais e nosso jeito peralta eram os motivos pelos quais nós vivíamos correndo pelos becos soltando os passarinhos das gaiolas e causando problemas para os nossos familiares. Isso nos rendeu os apelidos que carregamos até hoje, Canarinho e Sabiá. Cristiano se juntou a nós quando tínhamos treze anos e foi apelidado de Periquito, assim como Henrique, nosso quarto amigo, era o Curió. Henrique faleceu quando éramos adolescentes e, desde então, somos só nós três. Eu confesso que estraguei a amizade com Cristiano quando cedi às suas cantadas e acabei ficando com ele. Tentamos namorar algumas vezes, mas nunca conseguimos ir adiante com a relação. Ele é um excelente amigo, mas um péssimo parceiro amoroso. Não era nem um pouco saudável e é por isso que, por mais que tenhamos algumas recaídas, nós jamais passaríamos disso.
— Major.
Eri, como eu o chamava carinhosamente, sorriu caminhando até mim com o jornal do dia enrolado na mão. Aaron notou sua presença e foi até ele, cheirando sua mão. Eri fez carinho na cabeça dele e depois o liberou. Meu amigo se sentou ao meu lado e o cão obediente se colocou entre nós, deitando na grama e observando seus companheiros de longe.
— Você é muito ciumento, cara. — Eri riu ao afagar entre as orelhas dele mais uma vez — Eu tô na vida dela muito antes de você, bonitão.
Aaron latiu para ele e eu gargalhei, o puxando para mim. Ele deitou a cabeça em minha coxa esquerda.
— Ele sabe que tem espaço suficiente no meu coração pra vocês dois. — digo rindo
— E pro Cris? — me encarou
— Qual é, Luan. — resmunguei encerrando a risada
— Betta, o cara passou três dias acampado na porta do teu prédio quando você parou de falar com ele. — ele lembra do ocorrido — Foi difícil pra vocês dois recuperarem a amizade depois disso e, agora que as coisas parecem estar melhorando, vocês dormem juntos e o cara faz um escândalo porque te viu dançando com outro cara. Pelo amor de Deus, me diz que não sou só eu que vejo essa luz vermelha piscando.
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Amores de Elite
FanfictionO coronel do Batalhão de Operações Especiais Roberto Nascimento estava acostumado a viver com o sangue nas mãos. Conhecido por ser impiedoso e nada tolerante, ele se vê desafiado quando recebe a missão mais arriscada de sua vida, capaz de lhe entreg...