"É que o amor é soberano e supera todo o engano sem jamais perder o elo. E é por isso que te espero e já sinto a mesma coisa em seu olhar. Deixa eu te levar, não há razão e nem motivo pra explicar que eu te completo e que você vai me bastar eu sei, tô bem certo de que você vai gostar. Você vai gostar!" - Ana Carolina
ROBERTO
Senti Rafael se forçar sobre mim, suas mãos firmes em meu kimono. Rolamos pelo tatame juntos, eu ficando por baixo dele e o prendendo da mesma forma que fiz com Elisabetta, dias atrás. Sua cabeça entre as minhas pernas, seu braço dominante totalmente dominado por mim e ele sem saída. Seu rosto ficou vermelho e eu percebi que o aperto estava intenso demais.
— Respira, filho. — eu disse ao soltá-lo
Ele saiu de cima de mim e estatelou as costas no tatame, encarando o teto. Nossas respirações agitadas eram audíveis e eu permaneci deitado como ele, porém com o pescoço virado em sua direção, observando os traços do seu perfil. Rafael é uma mistura perfeita entre Rosane e eu. Ele tem traços delicados, mas que se misturam com pequenos detalhes mais brutos, que tornam seu perfil um dos mais bonitos que eu já vi na vida. Tudo bem que eu sou suspeito pra falar, mas eu fiz um filho bonito pra caralho. Enquanto o observava, alguns flashes surgiram na minha mente. A primeira vez que o peguei no colo, a primeira vez que troquei uma fralda dele. Eu nunca pensei em dividir o amor que eu sinto pelo Rafa com outra criança, mas de repente, a imagem de Elisabetta sorrindo feliz com sua sobrinha Eloísa me pega desprevenido. Como seria a mistura de Betta e Beto? A criança teria os cachos mais crespos dela ou uma tonalidade mais lisa como os meus cabelos? Teria um sorriso fácil como o dela ou seria desconfiado e com sorriso tímido como o meu e o do Rafa? Esses questionamentos fazem meu coração acelerar. De repente, Rafael me olha e eu penso em alguma forma de quebrar o silêncio entre nós.
— Essa Júlia deve ser muito gostosa, pra você assumir cem gramas de maconha na minha frente. — murmuro
Ele ri e revira os olhos, ainda me encarando.
— Eu não tenho medo de você, pai.
Essa frase me enche de alívio.
— Eu não quero que você tenha medo de mim. — digo o olhando — Só quero que você saiba que seu pai sou eu e que você pode me perguntar qualquer coisa. Eu vou sempre te dizer a verdade, por mais dolorosa e difícil que seja.
Ele faz um gesto positivo com a cabeça.
— Posso perguntar agora?
— Pode. — afirmo
— Você mandou atirar, mesmo que os caras já tivessem se rendido?
Respiro fundo.
— Não. — nego — Foi decisão do André.
Ele franze o cenho.
— Então por que você assumiu isso? — ele se senta no tatame, me encarando
Eu me sentei no tatame e abracei os joelhos, pensativo.
— Lembra quando nós dois estávamos jogando bola na sala da sua avó e você quebrou o abajur antigo dela com uma bicuda?
Ele ri afirmando que se lembra.
— Eu disse pra todo mundo que fui eu, certo? — o olho — Porque eu era o adulto no controle da situação. Eu devia ter dito a você que não era pra jogar bola dentro de casa, eu devia ter pego a bola e parado a brincadeira quando começou. Em Bangu, foi a mesma coisa. — explico e ele parece prestar atenção a cada palavra minha — Eu era o responsável, eu deveria ter dado um jeito de prever o que o Mathias faria. O comando era meu.
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Amores de Elite
FanfictionO coronel do Batalhão de Operações Especiais Roberto Nascimento estava acostumado a viver com o sangue nas mãos. Conhecido por ser impiedoso e nada tolerante, ele se vê desafiado quando recebe a missão mais arriscada de sua vida, capaz de lhe entreg...