GUERRA

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OLIVIA ONSão Paulo, Barra FundaAcademia de Futebol - Búnquer

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OLIVIA ON
São Paulo, Barra Funda
Academia de Futebol - Búnquer

Me sento na cama ao lado de Mariana, tentando criar um ambiente confortável para ela. Que está deitada ao meu lado, agarrada na minha mão e parecendo um pouco mais relaxada que antes.

– Olivia? - Mariana começa, sua voz tímida, mas com um tom de curiosidade. – Você está namorando com o meu pai?

A pergunta me pegou de surpresa. Eu não esperava que Mariana fosse tocar nesse assunto, especialmente agora, quando estamos todos em uma situação tão delicada. Olho para ela, tentando processar o que acabei de ouvir. A pergunta é simples, mas carrega uma curiosidade inesperada.

Meu olhar rapidamente se volta para Abel, que está sentado em uma poltrona do quarto, observando a cena com um sorriso suave no rosto. Ele parece estar apreciando o momento, e o sorriso dele me dá um pouco de confiança. Respondo a ele com um sorriso de volta, tentando transmitir que estou lidando com a situação.

– Não, Mari - começo, com um tom gentil. – Eu e seu pai somos apenas amigos, estamos aqui para ajudar uns aos outros.

Mariana me observa com um olhar pensativo, e eu posso ver a decepção em seus olhos. Ela parece estar processando a resposta e, por um momento, o ambiente fica carregado de uma leve tristeza. Então, para minha surpresa, ela fala novamente.

– Eu gostaria que você fosse minha madrasta - ela diz com um sorriso tímido, mas sincero. –  Você seria uma boadrasta.

A declaração de Mariana é inesperada e chocante. Sinto uma onda de calor e carinho ao ouvir isso, seu comentário é tão sincero e genuíno que me faz sorrir de volta para ela.

– Ah, Mari - digo, rindo suavemente. – Você é muito fofa, fico feliz que você pense assim.

Ela sorri de volta, e a leveza do momento me faz sentir uma conexão ainda mais profunda com a pequena. A tensão e o medo que sentíamos anteriormente parecem um pouco mais distantes, pelo menos por um instante.

A ideia de Mariana querer que eu fosse sua madrasta é algo que nunca imaginei, mas é um sinal de como ela está tentando encontrar um pouco de normalidade em meio ao caos. Decido aproveitar esse momento para fazer algo positivo e divertido para ela.

– Sabe o que seria divertido? - pergunto com um sorriso. – Se fizermos uma pequena atividade para nos distrairmos. O que acha de reunir as outras crianças para brincar um pouco? - os olhos de Mariana se iluminam com a ideia, e ela parece mais animada.

– Isso seria divertido Liv! - ela responde com entusiasmo. – Vamos chamar as outras crianças!

Me levanto da cama e vou até Abel, que ainda está observando com um sorriso. Vou até ele, com um tom mais animado.

– Mariana e eu pensamos em reunir as crianças para brincar um pouco, acho que seria uma boa distração para elas. - Abel acena com a cabeça, ainda com um sorriso no rosto. Ele parece apoiar a ideia e, com um gesto, dá sinal para eu seguir em frente.

– Vá em frente, Olivia - ele diz com um tom encorajador. – Acho que elas realmente precisam disso agora.

Volto para a cama, ajudo Mari a se levantar da cama. Nós começamos a procurar pelas outras crianças, tentando fazer com que se sintam mais confortáveis e menos assustadas. A ideia de reunir as crianças e proporcionar um momento de diversão me dá um propósito, e uma sensação de esperança de sair logo desse lugar.

À medida que chamamos os outros, o clima no búnquer começa a mudar. A tensão ainda está presente, mas há um pequeno espaço para risadas e brincadeiras. As crianças se juntam em um canto, e eu e Mariana começamos a organizar algumas atividades simples para mantê-las ocupadas e felizes.

Enquanto brincamos e as risadas começam a ecoar pelo búnquer, sinto uma sensação de alívio. É um pequeno, mas importante passo para ajudar todos nós a lidar com a situação de uma maneira mais leve. E, mesmo que tudo ainda seja incerto, essas pequenas interações e momentos de conexão ajudam a fortalecer o espírito de todos nós.

Observando o sorriso no rosto de Mariana e ouvindo as risadas das crianças, me sinto mais esperançosa. É um lembrete de que, mesmo em tempos difíceis, ainda há espaço para alegria e amor.

– GUERRA DE TRAVESSEIRO - propõe Rony, seu rosto iluminado por um brilho travesso.

As crianças ouvem e suas expressões se transformam instantaneamente, preenchidas com uma empolgação contagiante. Rápido como um flash, todos correm para pegar travesseiros e se preparar para a diversão.

Mariana, que estava um pouco receosa, se agarra a um travesseiro com um sorriso largo, a incerteza que antes a afligia substituída por pura alegria. Ela me lança um olhar animado, e eu, não podendo resistir à energia do momento, pego um travesseiro e me posiciono, pronta para a batalha.

Com o sinal de partida, a guerra de travesseiros explode em uma cacofonia de gritos empolgados e risadas. Rony está no centro da brincadeira, liderando a carga com uma energia quase elétrica. Almofadas voam por todos os lados, e a sala se enche com o som vibrante da diversão.

Até Mayke e Piquerez participam também.

Enquanto participo da brincadeira, sinto um profundo alívio e gratidão por esses momentos leves. A tensão e o medo que marcaram o início do dia parecem distantes agora, substituídos pela alegria simples e descomplicada de uma guerra de travesseiros. É uma lembrança bem-vinda de que, mesmo em tempos difíceis, a felicidade pode ser encontrada nas pequenas coisas.

Quando a batalha finalmente chega ao fim, todos estão exaustos, mas com sorrisos largos e corações leves. As crianças, agora visivelmente mais relaxadas, compartilham risos e olhares satisfeitos. Eu também sinto que esse momento de diversão ajudou a fortalecer nossos laços. Rony, satisfeito com a cena, lança um olhar para Abel, que observa com um sorriso orgulhoso e um brilho de aprovação nos olhos.

Love on the Field - Abel FerreiraOnde histórias criam vida. Descubra agora