HOSPITAL

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OLIVIA ONSão Paulo, Salto

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OLIVIA ON
São Paulo, Salto

Eu acordei cedo, como de costume, e olhei ao redor do meu quarto, apreciando a familiaridade que ele me proporcionava. Eu me levantei, esticando os músculos e me preparando para enfrentar mais um dia. A rotina me dava um senso de normalidade, algo que eu apreciava profundamente, especialmente após os últimos dias turbulentos.

Desci as escadas, indo em direção à cozinha onde meu avô, e a ajudante da casa, Marta, já estavam começando a preparar o café da manhã. A casa estava tranquila, e o aroma do café fresco misturado com o cheiro dos pães quentes que Marta estava assando me envolveu de maneira reconfortante.

– Bom dia, vovô! - disse eu, com um sorriso ao entrar na cozinha. Ele levantou os olhos do jornal e sorriu para mim.

– Bom dia, minha neta. Como você está se sentindo hoje?

– Estou bem, obrigada. Um pouco cansada, mas nada que um café não resolva - respondi, pegando uma xícara e me aproximando da bancada onde Marta estava.

– Bom dia, Olivia - disse Marta, com um sorriso acolhedor. – Acha que vai querer um pouco de pão com geleia?

– Sim, por favor. E um pouco de frutas também - eu disse, sentando-me à mesa.

Enquanto eu tomava meu café da manhã, tentei me concentrar nas conversas triviais com meu avô e Marta. Mas, à medida que o tempo passava, comecei a sentir uma leve náusea. Era algo vago, uma sensação desconfortável que eu tentava ignorar, mas que parecia se intensificar gradualmente.

De repente, uma onda de enjoo tomou conta de mim, e eu me levantei abruptamente, tentando não alarmar os outros.

– Desculpe, preciso ir ao banheiro - falei, tentando manter a compostura enquanto me dirigia rapidamente para o corredor.

O caminho até o banheiro parecia interminável, e eu mal consegui abrir a porta antes de sentir uma onda de fraqueza. Assim que entrei, me agarrei ao vaso sanitário, sentindo meu estômago revirar. O desconforto e a sensação de calor se intensificaram, e eu comecei a suar profusamente. Meu coração estava acelerado, e uma sensação de vertigem me envolveu.

Ouvi a porta do banheiro se abrindo e o som de passos apressados. Era meu avô e Marta, que haviam me seguido ao perceberem minha repentina saída da cozinha.

– Olivia, você está bem? - perguntou meu avô, a preocupação evidente em sua voz.

– Acho que não - consegui dizer, com dificuldade.

Marta se aproximou, seu olhar estava cheio de preocupação. Ela me tocou a testa e rapidamente percebeu que eu estava fervendo em febre.

– Ela está com febre alta - Marta exclamou. – Precisamos levá-la ao hospital imediatamente.

Meu avô fez uma expressão de pânico, e eu vi a preocupação em seus olhos enquanto ele ajudava Marta a me levantar e a me apoiar. Com esforço, consegui me vestir e sair de casa, sendo cuidadosamente guiada até o carro. A viagem ao hospital foi um borrão de confusão e desconforto. O calor do carro parecia intensificar a febre, e eu lutava para me manter consciente.

Chegamos ao hospital e, após uma rápida triagem, fui imediatamente levada para uma sala de emergência. A equipe médica começou a me examinar e realizar diversos testes. A febre era alta e constante, e eu estava com o corpo exausto. Enquanto esperava pelos resultados dos exames, a ansiedade crescia, e eu não podia deixar de pensar no que poderia estar acontecendo comigo.

Finalmente, o médico entrou na sala com uma expressão grave, segurando uma pasta com os resultados dos testes. Eu olhei para ele com uma mistura de medo e expectativa.

– Senhorita Olivia, nós fizemos uma série de exames e, infelizmente, encontramos algo sério - disse o médico, sua voz grave e gentil. – Você tem leucemia.

A palavra parecia ecoar em minha mente, e eu sentia que o chão estava desmoronando sob meus pés. A notícia era devastadora, e eu mal conseguia processar a gravidade da situação. Minhas lágrimas começaram a rolar, e eu me senti esmagada pelo peso da notícia.

– E há mais uma coisa que precisamos discutir - continuou o médico, hesitando por um momento. – Você também está grávida.

As palavras soaram como um choque elétrico, e eu olhei para o médico com incredulidade. Como isso era possível? Eu mal tinha percebido que algo estava mudando no meu corpo, além do desconforto que sentia.

– Estou... grávida? - perguntei, a voz saindo quase como um sussurro.

O médico confirmou com um aceno de cabeça.

– Sim, você está esperando um bebê. E, de acordo com os exames, essa gravidez pode ter sido um fator que ajudou a detectar a leucemia mais cedo. A situação é complexa, e precisaremos discutir o tratamento para a leucemia, assim como o cuidado necessário para a sua gravidez.

O choque da notícia me envolveu, e eu tentei processar a enormidade da situação. Eu estava devastada, mas também sentia uma mistura de confusão e curiosidade sobre como isso havia acontecido. A única pessoa com quem eu havia me envolvido intimamente foi Abel, e o bebê que eu carregava era dele. Naquele momento, uma lembrança me assaltou, na nossa primeira vez juntos, não me recordo de termos usado preservativo. Era uma questão que eu tinha tentado suprimir, mas agora parecia fundamental.

A revelação me deixou perplexa e um turbilhão de pensamentos me consumiu. Abel era um homem maravilhoso, e a ideia de que ele poderia ser o pai do meu filho me trouxe uma centelha de esperança. Mas o peso da leucemia sobrepondo-se a essa revelação tornava tudo ainda mais complexo. Eu queria que Abel estivesse aqui, para compartilhar a carga e enfrentar isso juntos.

Marta e meu avô estavam ao meu lado, suas expressões de preocupação evidentes. Ele segurou minha mão com força, tentando oferecer um apoio silencioso e reconfortante.

– Filha, estamos aqui para você - disse ele, sua voz carregada de emoção. – Vamos enfrentar isso juntos.

Eu olhei para Marta, que estava ao meu lado com um olhar solidário.

– Obrigada, Marta. Obrigada, vovô - eu disse, minha voz tremendo.

O médico nos informou que precisaríamos discutir um plano de tratamento e os cuidados necessários, e que o próximo passo seria realizar mais exames e consultas para entender melhor a situação e desenvolver um plano de ação. Eu sabia que o caminho à frente seria difícil, mas com o apoio da minha família e Abel, eu sentia que não estava sozinha.

Enquanto o dia avançava e eu começava a processar a complexidade do diagnóstico, pensava em Abel. Eu queria que ele soubesse o que estava acontecendo, que ele soubesse que eu estava esperando um filho dele. Havia uma parte de mim que desejava contar a ele, compartilhar a notícia e buscar seu apoio. A nossa relação, com todas as suas complexidades, parecia agora ainda mais significativa diante da situação que enfrentava.

Eu precisava enfrentar a batalha pela minha saúde e pela saúde do meu bebê. A vida estava me desafiando de maneiras que eu não poderia ter previsto, mas eu estava determinada a lutar, para mim e para a pequena vida que carregava. O próximo capítulo da minha vida estava prestes a começar, e eu estava decidida a viver cada momento da melhor forma possível, com coragem e esperança.

[...]

Love on the Field - Abel FerreiraOnde histórias criam vida. Descubra agora