Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, sempre foi conhecido por sua dedicação e foco absoluto no futebol. Porém, ele não esperava que sua vida tomaria um rumo inesperado quando conhece Olivia Mancini, a jovem Vice-Presidente e Chefe da área de Mídias...
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OLIVIA ON São Paulo, Salto Hospital do Monte Serrat
Eu acordo no hospital com uma sensação de alívio. Não só pelo fato de estar deixando aquele ambiente clínico para trás, mas porque finalmente vou voltar para a casa do meu avô. E a ideia de ter Abel por perto, mesmo que a situação seja um pouco complicada, me traz um certo conforto.
Depois de todo o processo de alta e do trajeto até a casa do meu avô, finalmente chego ao meu destino. A casa tem aquele aroma familiar de café recém-feito e pão assado, e só de pensar em um banho quente já me sinto renovada. Tomo meu tempo no banho, sentindo a água quente escorrer pelos meus ombros, como se estivesse lavando não só a sujeira, mas as preocupações e os medos que vêm me assombrando.
Mas não posso evitar o peso da responsabilidade que agora carrego. Tento me convencer de que tudo vai dar certo, mesmo que o caminho seja difícil.
Eu não consigo acreditar que na nossa primeira vez tendo uma relação sexual já vem um filho, é muito azar fala sério, mas tenho certeza que vou amar muito essa criança.
Quando saio do banho, visto uma roupa confortável e vou em direção à sala de estar, onde escuto risadas e conversas animadas. Ao chegar, vejo meu avô sentado em sua poltrona preferida, Leila ao seu lado, e Abel conversando com Marta, Maria Inês e Mariana, que parecem encantadas com alguma história que ele conta.
– Olha só quem está aqui - Abel exclama assim que me vê, com um sorriso acolhedor.
– Como você está, querida? - pergunta meu avô, me puxando para um abraço.
– Melhor agora, vovô, obrigada - respondo, sentindo o calor da sua preocupação sincera.
– Estávamos esperando você para dar uma notícia - Abel diz, pegando minha mão e me puxando gentilmente para sentar ao lado dele.
Sinto a tensão no ar, mas tento esconder minha apreensão.
– Claro, a notícia! - pergunto, tentando parecer natural.
– Meninas, eu e a Olivia vamos ter um bebê - Abel diz, com um misto de orgulho e nervosismo na voz.
Maria Inês, sempre a mais esperta, é a primeira a reagir com um grito agudo de alegria e um abraço, enquanto Mariana, com seus grandes olhos curiosos, me olha fixamente.
– Finalmente você vai ser minha boadrasta? - Mariana pergunta, com aquela ingenuidade infantil que só as crianças conseguem ter.
Todos na sala começam a rir, inclusive eu, embora meu riso seja um pouco nervoso. "Boadrasta" é uma palavra engraçada, mas o que ela implica me deixa um pouco tensa. Será que estou pronta para esse papel? Será que Abel está? E o mais importante, como isso afetará minha vida?
– Sim, Mariana - Abel responde, com um sorriso brincalhão. - Parece que você vai se tornar oficialmente a irmã mais velha.
As meninas continuam a rir e conversar animadamente, mas logo Leila, percebendo a seriedade do assunto que estava por vir, pede a Marta para levar as meninas para brincar em outro cômodo.
Assim que ficamos apenas nós quatro, eu, Abel, meu avô e Leila, o ambiente muda. Leila ajeita a postura e nos encara com aquele olhar sério, típico de quem está prestes a tocar em um assunto delicado.
– Agora que as meninas saíram... - Leila começa, cruzando as mãos sobre o colo. – Quero entender o porquê de terem escondido de mim o envolvimento de vocês dois. Olivia, você está em uma posição de liderança, e acho que seria mais do que justo assumir isso desde o início.
Sinto meu coração acelerar. Ela tem razão, penso. Desde o início, tudo foi complicado. Minha posição no clube, minha relação com Abel... Como poderia pensar em misturar essas coisas?
– Leila, não foi nossa intenção esconder - começo a explicar, tentando manter a calma. – Eu sei que estou numa posição de liderança, e por isso mesmo tentei manter as coisas separadas. Não queria que a nossa relação interferisse no meu trabalho ou no clube.
Abel me olha com um misto de apoio e compreensão, mas vejo que ele também está tentando processar tudo.
– Entendo que vocês tenham suas razões - Leila continua, com uma voz firme, mas sem julgamento. – Mas o que me preocupa é a repercussão disso. Vocês sabem como as pessoas podem reagir, especialmente quando envolve uma figura pública como Abel e uma vice-presidente como você, Olivia.
Minha cabeça gira com pensamentos conflitantes e eu tento manter o foco.
– Sei que a situação é complicada, Leila - Abel finalmente intervém, sua voz firme, mas carinhosa. – Mas queremos fazer o certo. E a primeira coisa é sermos honestos e transparentes com você e com todos os envolvidos.
Leila suspira, relaxando um pouco a postura.
– Isso é o que espero de vocês - ela diz. – Transparência. Porque, no fim das contas, estamos falando da felicidade de todos, inclusive de uma nova vida que está por vir.
Fico em silêncio, sentindo o peso de suas palavras. O que antes parecia uma decisão isolada agora tem ramificações maiores do que eu poderia imaginar.
Talvez essa seja minha nova realidade, penso, enquanto Abel segura minha mão, transmitindo a segurança que eu tanto preciso.
– Que tal irmos tomar café da tarde? - Vovô interrompe a conversa com um sorriso caloroso. – Olivia, vovô pediu para Marta fazer o seu bolo favorito... - disse ele, empolgado, com aquele brilho nos olhos que sempre me acalma. – Vem, querida. A última coisa que precisamos agora é de um clima ruim. Abel, chame as meninas.
– Claro, José - Abel responde, também sorrindo. – Já vou chamá-las.
– Obrigada, vovô. Você sempre sabe como melhorar o dia. - respondo, sentindo um alívio imediato com a mudança de clima.
