AVÔ

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OLIVIA ONSão Paulo

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OLIVIA ON
São Paulo

Eu não conseguia pensar em mais nada. As imagens de Abel, seu sorriso gentil, sua presença acolhedora, e a repentina aparição de sua até então, ex-esposa... Todas essas memórias se misturavam na minha mente como um redemoinho de emoções. Eu precisava sair dali, precisava respirar, precisava de um lugar onde pudesse pensar e reorganizar minhas emoções.

O CT estava vazio quando eu voltei. Não havia ninguém para me ver sair, exceto João Martins, que olhou para mim com uma mistura de surpresa e preocupação quando eu disse que precisava de um tempo sozinha. Não expliquei o motivo, e ele não perguntou, apenas assentiu e me desejou que eu ficasse bem.

Meu próximo destino era inevitável, eu precisava passar em casa para pegar algumas roupas e outros pertences antes de seguir para a casa do meu avô. Meu apartamento, que sempre fora um lugar de conforto, agora parecia apenas uma estrutura vazia, incapaz de me oferecer qualquer alívio emocional. A lembrança de Abel e a cena na cafeteria ainda pesavam em minha mente enquanto dirigia pelas ruas movimentadas de São Paulo.

Ao chegar em casa, entrei no meu quarto e comecei a arrumar uma mala com as roupas que precisaria. Movimentos mecânicos, guiados pela necessidade de fazer algo, qualquer coisa, que não fosse pensar em Abel.

Enquanto passava pelos corredores, os quadros nas paredes, fotos de viagens, lembranças de momentos felizes, pareciam agora distantes. Toquei o porta-retratos na estante, uma foto minha com meu avô e Leila em uma das festas de aniversário dela. A imagem trazia uma leve onda de nostalgia, mas também uma sensação de segurança. Eu precisava disso agora, precisava estar perto deles.

Depois de juntar minhas roupas e alguns itens pessoais, parei por um momento, respirando fundo. Estava na hora de sair dali e buscar a paz que só a casa do meu avô poderia me proporcionar. A casa onde ele vivia com Leila sempre foi um santuário para mim. O fato de estar localizada em um local mais afastado, cercada pela natureza, mas ainda assim dentro de São Paulo, fazia dela um refúgio perfeito para qualquer momento de turbulência.

A estrada até a casa do meu avô era longa, mas a viagem de carro me deu o tempo que eu precisava para organizar meus pensamentos. À medida que as ruas movimentadas da cidade davam lugar ao verde das árvores e ao silêncio do campo, comecei a sentir uma leve sensação de alívio. O trânsito caótico de São Paulo foi substituído por ruas mais calmas e tranquilas, com o som dos pássaros e o vento nas árvores servindo como trilha sonora.

Quando finalmente cheguei à casa, fui recebida por um dos empregados, que prontamente me ajudou com as malas.

– A senhora Olivia está de volta - ele disse com um sorriso genuíno. – O seu avô ficará muito feliz em vê-la.

Assenti, mas sem dizer muito. Ainda estava absorta nos meus pensamentos. A casa, grande e imponente, parecia ainda mais tranquila com o som distante do vento nas árvores. Entrei e fui direto para a biblioteca, onde sabia que encontraria meu avô, José Roberto Lamacchia.

Love on the Field - Abel FerreiraOnde histórias criam vida. Descubra agora