Love on the Field - Abel Ferreira

PESADELO

OLIVIA ON
São Paulo

A noite já tinha caído e o quarto estava tranquilo, com apenas a luz acessa do abajur iluminando o quarto. Eu estava deitada na cama, passando a mão sobre a minha barriga, que ainda era pequena e discreta. Era um gesto de carinho e também uma maneira de me conectar com o bebê que estava começando a crescer.

Enquanto eu me perdia nos meus pensamentos, a porta do quarto se abriu devagar e Mariana entrou. Ela estava com um pijama rosa de ursinhos e seus cabelos estavam bagunçados, como se ela tivesse se revirado bastante durante a noite.

– Liv, eu posso dormir com você? - perguntou Mariana, com a voz embargada e entrando no quarto.

Eu levantei a cabeça, surpresa com o pedido dela.

– Claro, querida. Venha cá, pode se deitar aqui comigo. - respondi, com um sorriso gentil.

Mariana caminhou até a cama e se acomodou ao meu lado, seu corpo pequeno e quente contrastando com a frieza dos lençóis. Eu a abracei, tentando transmitir um pouco de conforto e segurança.

– O que aconteceu, Mari? Você parece assustada. - questionei, preocupada.

– Tive um pesadelo horrível. Tentei chamar a Maria Inês e o papai, mas nenhum dos dois acordou, então pensei que seria melhor ficar aqui com você. - disse, suspirando e se aninhando em mim.

Agora eu entendi... Era natural para uma criança se sentir assim, ainda mais depois de um pesadelo.

– Não se preocupe meu amor, estou aqui com você. O pesadelo foi só um sonho, e agora está tudo bem.

– Eu só queria que o papai estivesse aqui com a gente também.

– Seu pai está muito cansado Mari, mas ele vai estar melhor amanhã. Por enquanto, você tem a mim, e eu vou ficar aqui com você. - disse, acariciando o cabelo dela.

– Você acha que o papai vai acordar e vir nos procurar?

– Talvez ele acorde mais tarde. Mas por agora, vamos aproveitar que estamos juntas. Eu sei que ele gostaria de estar aqui também, se pudesse.

Mariana começou a relaxar um pouco mais, e eu continuei a acariciá-la, tentando fazer com que ela se sentisse segura. A presença dela ao meu lado me fazia sentir que tudo estava mais em ordem, apesar da correria e das preocupações do dia a dia.

– Mari, você gostaria de assistir a algum filme da Barbie para dormir? Pode ser um bom jeito de você se acalmar.

Os olhos de Mariana se iluminaram com a ideia.

– Sim! Eu quero muito Liv, qual filme?

– Vamos ver as opções que temos.

Eu peguei o controle e liguei a TV, entrando no aplicativo Netflix para procurar um filme da Barbie. Escolhi o filme da Barbie "Barbie: Escola de Princesas" que sabia que ela gostava. Coloquei o filme para passar e nos acomodamos na cama, com o brilho da TV suavemente iluminando o quarto.

– Esse é um dos meus favoritos! - disse Mariana, sorrindo e parecendo um pouco mais animada que antes.

Enquanto o filme começava, eu passei a mão pelo cabelo dela, sentindo-a relaxar com a familiaridade do filme e a segurança da minha presença. O som suave da animação misturava-se com o som da respiração tranquila de Mariana, que logo começou a adormecer.

– Obrigada por ficar comigo Liv, eu gosto muito de você - Mariana sussurrou antes de dormir.

– Não precisa agradecer, eu amo estar aqui com você minha pequena. - respondi, dando um beijo carinhoso na cabeça de Mariana e cheirando o doce aroma de seu cabelo.

A conexão que construí com as meninas foi algo que eu nunca havia esperado, mas que, de forma alguma, não desejava abrir mão. Desde o momento em que entrei na vida delas, algo mudou dentro de mim, e eu me apeguei profundamente a essas meninas.

Independente do que acontecesse no futuro, se eu e Abel continuarmos juntos ou seguindo rumos diferentes, uma coisa era certa, eu sempre ia querer ter essas meninas perto de mim. Elas haviam se tornado muito mais do que simples enteadas, elas eram, de fato, parte da minha família.

Sentia uma dedicação e um amor por elas que transcendem qualquer situação. A conexão que formamos não era algo que pudesse ser facilmente quebrado. Eu queria estar presente para elas, oferecer apoio, carinho e uma presença estável, não importa como o futuro se desenrolasse.

A noite continuou calma, e Mariana acabou adormecendo ao meu lado. Eu continuei a passar a mão por seu cabelo, sentindo a calma que ela transmitia. A presença dela ao meu lado me fazia sentir que tudo estava mais em ordem, apesar das mudanças e desafios à frente.