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OLIVIA ONSão Paulo, Barra FundaAcademia de Futebol

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OLIVIA ON
São Paulo, Barra Funda
Academia de Futebol

A revelação de Richard paira no ar como uma sombra, densa e opressiva. O eco de suas palavras ainda ressoa em meus ouvidos quando, de repente, uma sirene estridente corta o silêncio dentro do CT. O som é tão alto e inesperado que meu coração parece saltar no peito, e a expressão de Richard muda instantaneamente, de tensa para alerta.

Eu já sabia desse protocolo, mas não fazia ideia do que fazer ou de como reagir.

– O que é isso? - minhas palavras saem em um sussurro, mas Richard já está se movendo, agarrando meu braço com firmeza, os olhos vasculhando o ambiente ao nosso redor.

– Temos que ir, agora. - ele responde, a voz baixa e urgente. Sem hesitar, ele começa a me puxar pelo corredor, seus passos rápidos e determinados.

Meu coração acelera ainda mais, e meu corpo reage automaticamente, seguindo Richard enquanto a sirene continua a tocar, cortando o ar com uma sensação de perigo iminente. Passamos pelas portas da academia, o som abafado pela corrida dos nossos pés, até chegarmos a uma pequena sala perto do vestiário. É uma sala comum, decorada com mesas de jogos e sofás confortáveis, mas Richard me empurra para dentro com uma pressa que deixa claro que há algo mais aqui.

– Aqui, rápido! - ele ordena, puxando uma estante que revela uma parede falsa.

Minha mente tenta acompanhar o que está acontecendo, mas a adrenalina queima em minhas veias, me mantendo em movimento. A parede se abre, revelando uma passagem estreita que leva a um esconderijo. A iluminação é suave, e o espaço é organizado com prateleiras cheias de comida enlatada, garrafas de água, kits de primeiros socorros, e até alguns livros. É um lugar preparado para uma situação de emergência, algo que eu nunca imaginei que precisaria usar.

Logo, outras pessoas começam a chegar. Abel aparece com suas filhas, Mariana e Maria Inês ao seu lado, os rostos das meninas pálidos de medo. Em seguida, os jogadores que estavam no CT para a campanha entram, trazendo seus filhos junto, os pequenos olhos arregalados e cheios de pavor. Mayke tenta manter seus filhos calmos, segurando-os perto, enquanto Rony faz o mesmo com os seus. Piquerez chega por último, seu pai ao lado dele, ambos parecendo igualmente confusos e preocupados.

Abel faz uma última varredura antes de entrar, e quando todos estão dentro, a porta se fecha automaticamente, selada por um painel de metal que desliza suavemente, bloqueando qualquer possível entrada ou saída. A sirene ainda ecoa do lado de fora, abafada pelas paredes grossas, mas o som continua a reverberar dentro de mim.

Mariana, com os olhos cheios de lágrimas, se agarra a mim, seu pequeno corpo tremendo. Instintivamente, envolvo meus braços em torno dela, tentando transmitir uma segurança que nem eu mesma sinto.

– Vai ficar tudo bem, querida. - sussurro, tentando manter minha voz calma e reconfortante. Ela apenas se enterra mais no meu abraço, e eu sinto Abel se aproximar, seus olhos fixos em nós, tentando manter a compostura para as filhas.

Richard, agora encostado na parede ao lado, observa a cena com uma expressão que mistura preocupação e frustração. Há algo nos olhos dele, algo que me diz que ele sabia que isso poderia acontecer, mas não tão cedo. Ele olha para mim e então para Abel, um olhar cheio de significados trocados em silêncio. Tento imaginar o que se passa pela cabeça dele, mas logo sou puxada de volta para a realidade quando Maria Inês, que estava quieta até então, se aproxima de nós.

– Pai, o que está acontecendo? - ela pergunta, a voz trêmula, mas forte. Mariana olha para o pai, esperando uma resposta, e eu faço o mesmo, meu coração apertado de preocupação.

Abel respira fundo, abaixando-se para ficar na altura das filhas.

– Nós estamos em um lugar seguro, isso é o que importa agora. - ele começa, a voz calma e controlada, tentando dissipar o medo nas meninas. – Essa sala foi feita para situações de emergência, e estamos juntos, então vamos ficar bem.

Mariana continua tremendo nos meus braços, e Abel olha para mim com uma expressão que mistura gratidão e desespero silencioso. É claro que ele também está assustado, mas ele tenta manter a calma pelas filhas.

Enquanto Abel fala, minha mente volta para Richard. Ele havia mencionado que estava sendo ameaçado, e agora estamos todos presos em um lugar seguro, longe do perigo que pode estar lá fora. Mas o que é esse perigo? Quem está atrás dele? O que eles querem? As perguntas se acumulam, mas antes que eu possa formular alguma, Richard se move. Ele se aproxima, mas é Abel quem fala primeiro.

– Richard, você sabe de algo que a gente não sabe? - Abel pergunta, sua voz baixa, mas cheia de autoridade.

Richard hesita, os olhos de todos agora fixos nele, esperando uma resposta que talvez ele não esteja pronto para dar. O silêncio se prolonga por um momento, e a tensão no ar é quase palpável.

– Eu.. - Richard começa, mas o som da sirene que finalmente cessa interrompe suas palavras. O silêncio que se segue é ensurdecedor, e ele parece se retrair, como se o que estivesse prestes a dizer fosse pesado demais para compartilhar naquele momento.

– Vamos esperar um pouco. - eu disse, desviando o olhar de Richard – Se acalmem, por favor. Vamos sair daqui quando for seguro.

O olhar de frustração de Abel é evidente, mas ele não pressiona. Por ora, ele se contenta em saber que suas filhas estão seguras, e eu faço o mesmo, apertando Mariana um pouco mais forte, tentando ignorar o medo crescente no meu peito.

Richard se afasta novamente, mas o mistério em torno dele só se aprofunda. E enquanto esperamos, todos juntos nesse refúgio improvisado, o silêncio é preenchido apenas pelos nossos pensamentos, cada um de nós lidando com o medo e a incerteza do que está acontecendo lá fora, e, mais importante, do que está por vir.

Depois de um tempo em silêncio, é Abel quem sugere que todos descansem um pouco.

– Vamos nos dividir pelos quartos, para que todos possam descansar um pouco. - ele propõe, a voz ainda carregada de tensão, mas tentando soar mais otimista.

Todos concordam, e logo estamos organizando quem ficará onde. São cinco quartos no total, simples, mas confortáveis o suficiente para passarmos a noite.

– Eu vou ficar com minhas filhas. - Abel diz, sem deixar margem para discussão, enquanto Mariana e Maria Inês se aproximam dele, claramente aliviadas por poderem ficar juntas.

– Eu e meus filhos ficamos com o segundo quarto. - Mayke se oferece, já conduzindo seus meninos para um dos quartos disponíveis.

Rony, que até então estava em silêncio, acena para seus filhos e também escolhe um dos quartos restantes.

– Eu e meu pai podemos ficar com o quarto ao lado. - Piquerez acrescenta, trocando um olhar de entendimento com seu pai. Eles se dirigem ao quarto seguinte, prontos para se instalarem.

Sobram apenas eu e Richard. Nossos olhares se encontram, e há um breve momento de hesitação antes que ele fale.

– Parece que o último quarto é nosso. - ele diz, tentando soar despreocupado, mas há uma tensão perceptível em sua voz.

– Sim, parece que sim. - respondo, tentando sorrir, mas a preocupação que sinto por ele não me deixa disfarçar completamente.

[...]

Love on the Field - Abel FerreiraOnde histórias criam vida. Descubra agora