Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, sempre foi conhecido por sua dedicação e foco absoluto no futebol. Porém, ele não esperava que sua vida tomaria um rumo inesperado quando conhece Olivia Mancini, a jovem Vice-Presidente e Chefe da área de Mídias...
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OLIVIA ON São Paulo
Pisquei os olhos devagar, me adaptando à luz suave que entrava pela janela. Ao me virar, vi Mariana ao meu lado, encolhidinha, respirando de forma calma e tranquila enquanto dormia. A imagem dela ali, tão serena, aqueceu meu coração de um jeito que não dá nem para explicar.
Ainda meio sonolenta, sorri sozinha, lembrando dos últimos dias. Quem diria que eu, Olivia Mancini, tão focada no trabalho e em manter a imagem profissional, acabaria me envolvendo tão profundamente com uma família que, aos poucos, se tornava a minha também?
Levantei com cuidado para não acordá-la, e me abaixei para beijar sua testa antes de ir ao banheiro escovar os dentes. A menta fresca me ajudou a clarear a mente um pouco confusa. Depois, saí do quarto e caminhei pelo corredor silenciosamente. Enquanto descia as escadas, o cheiro de café fresco me envolveu.
Na cozinha, encontrei Leila arrumando suas coisas de trabalho. Ela levantou os olhos e sorriu quando me viu.
– Bom dia, Olivia. Dormiu bem? - perguntou, com aquele jeitinho acolhedor que só ela tem.
– Dormi sim, Leila. E você? Como foi a noite? - respondi, me aproximando da bancada.
– Foi tranquila, querida.
Peguei uma xícara e me servi de café, saboreando o primeiro gole como se fosse um salvador para começar o dia. Leila continuou com suas tarefas, e percebi o quanto ela era uma base forte para essa família. Sempre presente, sempre disponível.
– Alguma novidade? - perguntei, querendo saber se havia algo mais acontecendo.
– Nada de novo. Abel saiu cedo para o CT, como sempre. Ele estava um pouco pensativo, mas deve ser coisa do trabalho, você sabe como é.
Assenti, entendendo perfeitamente. Abel sempre carregou o peso do mundo nas costas, e agora, com tudo o que estava acontecendo em nossa vida pessoal, eu sabia que ele estava lidando com uma pressão ainda maior. O futebol sempre foi a paixão dele, mas agora, com a família prestes a crescer, novas responsabilidades surgiam.
Leila me observou por um instante antes de completar.
– Quando vocês decidirem, posso levar vocês para casa ou direto para o CT. Fica a seu critério.
– Vou ver o que as meninas preferem - respondi, agradecendo pela oferta.
Nesse momento, a situação de Richard veio à mente, e percebi o quanto fui egoísta ao ignorar o trabalho. A culpa pesou nos meus ombros, e comecei a me sentir um pouco tonta. Me apoiei na bancada, tentando me recompor.
– Olivia, você está bem? - a voz de Leila soou preocupada.
– Sim, só um pouco tonta. Acho que preciso respirar fundo - disse, tentando disfarçar.
– Se precisar de algo, estou aqui - disse Leila, aliviada quando me viu melhorar.
Subi novamente para o quarto, ainda pensando em como consertar as coisas com Richard. Quando entrei, vi que Mariana estava acordada, olhando para o teto. Me aproximei e sentei ao lado dela na cama, começando a fazer carinho em seu cabelo.
– Também. Mas agora temos que decidir uma coisa, o que você prefere, ir para casa ou para o CT com o papai? - Mariana pensou por um momento antes de responder.
– Vamos para o CT, quero ver o papai e todo mundo lá.
Sorri, satisfeita com a escolha. Pelo menos no CT, eu poderia resolver o que estava pendente e, quem sabe, aliviar um pouco da culpa que estava sentindo.
Chegando ao CT, a rotina de sempre me envolveu imediatamente. Levei Mariana e Maria Inês até Abel, que estava em campo, de olho no treino. Quando ele me viu, abriu um sorriso e me deu um abraço, o que me fez sentir um calor no coração.
– Como você está? - perguntou ele, em um tom baixo, ainda me abraçando.
– Melhor agora - respondi sinceramente. Estar perto dele sempre me fazia bem.
Nos afastamos um pouco, e logo vi Richard próximo ao campo. Aproveitei a oportunidade e me aproximei dele.
– Richard, posso roubar você um pouquinho? - perguntei, dando um sorriso leve.
– Claro, Olivia - ele respondeu, um pouco curioso, mas me acompanhando prontamente até a sala.
Já na minha sala, fechei a porta e me virei para ele.
– Eu queria te pedir desculpas... por ter te deixado na mão. Deveria ter lidado com isso de outra forma, mas acabei me fechando e te ignorando, isso não foi justo com você.
Richard me olhou, surpreso, mas logo sua expressão suavizou.
– Olivia, eu entendo que você tinha seus motivos. Todos nós estamos passando por muita coisa, mas fico feliz que você veio falar comigo.
Eu hesitei por um momento, mas senti que precisava perguntar.
– Você ainda está sendo ameaçado? - perguntei, minha voz carregada de preocupação. Ele respirou fundo antes de responder.
– Não com a mesma frequência de antes. Meu desempenho tem melhorado, e os torcedores estão começando a reconhecer isso, as ameaças diminuíram bastante.
– Fico aliviada em ouvir isso - disse, sinceramente. – Mas, por favor, se alguma coisa acontecer, não hesite em me procurar. A gente precisa estar junto nessa.
– Pode deixar, Olivia. Sei que posso contar com você - ele respondeu, com um sorriso tranquilo.
Conversamos mais um pouco, esclarecemos tudo, e logo fomos juntos para o campo. Fiquei ao lado de Abel e João Martins, observando os jogadores treinarem. De repente, me vi sorrindo e murmurei para mim mesma.
– Que saudade que eu estava dessa vida caótica.
O tempo passou rápido, até que Maria Inês se aproximou de mim, inclinando-se um pouco para falar baixinho.
– Olivia, vou levar a Mariana ao banheiro, tudo bem? - ela sussurrou.
– Claro, sem problemas. Obrigada, Maria - respondi, acenando para ela enquanto a via se afastar com Mariana.
Ali, no campo, eu percebi que estava cercada por tudo e todos que eu amava. O futebol, e a minha família.
