CONVITE

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ABEL ONSão Paulo, Academia de Futebol

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ABEL ON
São Paulo, Academia de Futebol

Eu nunca fui homem de muitas palavras, mas quando algo me toca fundo, sinto que não posso deixar de me expressar. Era uma dessas manhãs onde o sol ainda não tinha decidido se queria aparecer ou não, e eu já estava acordado. Acordar cedo sempre foi um hábito, uma forma de me preparar para o que o dia traria, mas hoje havia uma diferença. Hoje, o dia começava com uma promessa de algo novo, algo que há tempos não sentia.

A conversa com Olivia, no dia anterior, foi como um peso tirado dos ombros. Olhamos um para o outro, sem mais fingimentos, sem mais barreiras. Decidimos tentar, dar uma chance ao que sentíamos. Não somos mais crianças, sabemos dos riscos e das responsabilidades. Mas há algo de belo em se permitir sentir, mesmo que só entre nós, longe dos olhares curiosos do clube.

Havia sido um alívio abrir meu coração para ela, deixar claro o que sentia e perceber que ela compartilhava dos mesmos sentimentos. Mas ao mesmo tempo, a decisão de manter a discrição no trabalho pairava sobre mim. Era o certo a se fazer, mas isso não tornava a situação menos complicada.

O sol ainda não havia se mostrado por completo, mas a academia de futebol já estava a todo vapor. Cheguei cedo, como de costume, apreciando o silêncio do início da manhã. Sempre achei que esse era o melhor momento para organizar meus pensamentos e planejar o dia, mas hoje, minha mente estava longe das táticas e estratégias.

Ao entrar na sala de treino, encontrei a equipe técnica reunida, revisando os últimos detalhes para o treinamento do dia. O clima estava como sempre, profissional, focado. Mas dentro de mim, algo havia mudado, havia um nervosismo que eu não costumava sentir, uma expectativa que não era comum no meu dia a dia.

– Bom dia, pessoal. Vamos focar no que interessa hoje - disse, tentando manter a voz firme enquanto tomava meu lugar à frente do grupo.

Enquanto discutíamos as estratégias, minha mente ocasionalmente divagava para Olivia. A ideia de vê-la naquele ambiente formal, mantendo a distância necessária, me incomodava. Não que eu fosse alguém de desrespeitar as regras que eu mesmo impunha, mas o desejo de estar próximo dela, de compartilhar mais do que apenas o profissional, era forte.

A reunião transcorreu sem grandes novidades. Os planos estavam claros e o time, focado. Quando terminamos, caminhei pelos corredores do CT, cumprimentando jogadores e funcionários pelo caminho, mas meus olhos estavam à procura de uma pessoa específica.

Quando a vi de longe, passando pela entrada da sala de reuniões, meu coração deu um salto. Ela estava linda, como sempre, vestida de maneira profissional, mas ainda assim encantadora. Não pude evitar um pequeno sorriso ao observá-la. Sabia que precisava ser cuidadoso, mas o desejo de convidá-la para um momento mais pessoal era inevitável.

Esperei o momento certo, aguardando até que ela estivesse sozinha, antes de me aproximar.

– Olivia - chamei, a voz baixa e controlada. Ela se virou, e por um breve segundo, nossos olhares se encontraram de uma forma que só nós dois entendemos. – Podemos conversar um instante? - ela assentiu, e juntos, nos dirigimos a uma área mais reservada do CT, longe de olhares curiosos.

O silêncio entre nós era confortável, mas também carregado de tudo o que havia sido dito na noite anterior.

– Abel, está tudo bem? - ela perguntou, um leve tom de preocupação na voz.

– Está sim, Olivia - respondi, sorrindo suavemente. – Só pensei que, depois do dia de hoje, talvez pudéssemos continuar aquela nossa conversa... longe daqui. - ela me olhou, surpresa, mas logo um sorriso apareceu em seus lábios.

– Você está me convidando para sair, Abel Ferreira? - A forma como ela perguntou, misturando surpresa com uma pitada de humor, me fez rir.

– Algo assim, mas talvez um pouco mais reservado. O que achas de um jantar em minha casa? Podemos conversar com mais calma, sem a pressa do ambiente de trabalho. - ela hesitou por um momento, mas o brilho em seus olhos me deu a resposta antes mesmo de ela falar.

– Eu adoraria.

Sentindo um peso sair de meus ombros, sorri de volta para ela. Não havia mais nada a ser dito naquele momento. Combinamos de nos encontrar mais tarde, depois que todos os compromissos do dia estivessem resolvidos.

[...]

O resto do dia passou num piscar de olhos. As reuniões, os treinos, tudo correu como deveria, mas minha mente estava já no que viria a seguir. Quando o expediente finalmente chegou ao fim, Olivia e eu deixamos o CT juntos, de maneira discreta, mas não menos empolgante.

Love on the Field - Abel FerreiraOnde histórias criam vida. Descubra agora