TREINO

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ABEL ONSão Paulo, Salto

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ABEL ON
São Paulo, Salto

O sol estava começando a entrar pela fresta das cortinas do meu quarto quando eu acordei. Como sempre, o primeiro pensamento do dia foi sobre o trabalho. Levantei da cama, me espreguicei e decidi começar o dia com um banho revigorante. A água quente e o vapor me ajudaram a acordar completamente e a me preparar para o que prometia ser um dia produtivo.

Depois de me vestir, fui em direção ao quarto das meninas. Esperava encontrá-las ainda na cama, mas quando abri a porta e dei uma olhada, Mariana não estava lá. A cama estava arrumada, mas a ausência dela me fez levantar uma sobrancelha.

– Maria Inês, você sabe onde está a Mariana? - questionei e Maria Inês franziu a testa.

– Eu pensei que ela estivesse com você. Quando eu acordei, ela já não estava aqui.

Isso me fez levantar um pouco a voz, um misto de preocupação e curiosidade.

– Hmm... vou dar uma olhada lá embaixo.

Desci as escadas, passando pelo corredor até a parte debaixo da casa. No caminho, avistei José sentado na sala, e Leila, que estava organizando algumas coisas.

– Bom dia, José, bom dia, Leila. Vocês viram a Mariana por acaso?

José me cumprimentou com um sorriso cordial e um leve aceno de cabeça. Leila, por outro lado, parecia um pouco pensativa.

– Bom dia Abel, não vi a Mariana. Mas você já conferiu o quarto da Olivia? Ela também ainda não apareceu.

Pensei na sugestão de Leila e me dirigi para o quarto de Olivia. Quando cheguei lá, a cena que vi me fez sorrir instantaneamente. Mariana e Olivia estavam abraçadas, ainda dormindo e com expressões serenas.

– Que cena mais linda... - sussurrei para min mesmo.

Fiquei ali por um momento, admirando o quão bem Mariana parecia estar se adaptando à nova rotina e como ela estava confortável com Olivia. Era reconfortante ver isso e me fazia sentir um orgulho imenso.

Depois de alguns minutos, decidi não interromper o momento e fui para a cozinha para tomar café.

– Leila, preciso voltar para o CT hoje. Vou dar uma olhada nas atividades do time e fazer alguns ajustes no planejamento. - disse, enquanto servia um café preto.

– Vá despreocupado, Abel. Eu mesma levo as meninas e a Olivia para casa. Se elas quiserem, posso até levá-las para o CT mais tarde, não há problema algum.

A oferta de Leila foi um alívio. Eu sabia que elas estavam em boas mãos e que não precisava me preocupar com transporte ou logística por agora. Apenas aproveitei o café, pensando nos detalhes do que precisava fazer no CT.

– Muito obrigado, Leila. Isso me ajuda muito. - agradeci.

Ela apenas assentiu com um sorriso, e eu percebi o quanto eu podia contar com ela. Após o café, fui para o CT, as questões do futebol e o trabalho estavam à minha espera, mas ao menos sabia que minha família estava bem cuidada.

O pensamento de Mariana e Olivia dormindo juntas, felizes e seguras, me deu uma a força necessária. Era incrível como coisas simples como essas podiam trazer tanta alegria e paz à minha vida.

[...]

Desci do carro, ajeitei o boné e comecei a caminhar em direção ao campo. Logo vi que os jogadores já estavam no meio do treino, suando a camisa como sempre. Quando me viram, já começaram com as piadinhas de sempre.

– Finalmente, professor. Achei que tinha abandonado a gente - gritou o Dudu, com aquele sorriso que ele sempre tem.

– Não vai aposentar não, né? - Veiga também não perdeu a chance.

– Acho que ele tá ficando velho, já... - Endrick entrou na brincadeira também.

Eu só consegui rir e levantar as mãos em rendição.

– Vocês estão querendo me derrubar antes da hora, é? Não tem jeito, tô aqui firme e forte!

Eles riram e voltaram pro treino, aquele clima descontraído que eu tanto gosto de ver por aqui. Fiquei ali observando, vendo como estavam se dedicando. Logo o João Martins se aproximou, com um sorriso no rosto.

– Pelo jeito, esses dois dias foram intensos, hein? Tá com cara de quem não dormiu direito - ele disse, meio na brincadeira, mas já sacando que tinha algo pesado rolando.

Eu ri, mas logo o sorriso sumiu. Soltei um suspiro, tentando achar as palavras certas.

– Cara, muita coisa aconteceu. Nem sei por onde começar... - João colocou a mão no meu ombro, percebendo que o assunto era sério.

– Manda aí, chefe. O que rolou?

Olhei pra ele, sentindo o peso de tudo. Sabia que precisava desabafar.

– Então... Primeiro, Olivia me contou que tá grávida.  - os olhos do João se arregalaram na hora, e ele deu um sorriso largo.

– Uma transa só e ela já engravidou? Que sorte a sua, hein?

Não consegui segurar uma risada, mas logo a realidade bateu de novo e meu sorriso se desfez.

– Pois é... Só que não é só isso. Ela tá doente, João. Uma doença que vai exigir muito dela... e de mim também. - a expressão do João mudou na hora. Ele ficou sério, entendendo o peso da situação.

– Putz, Abel... que barra. Mas olha, você sabe que não tá sozinho nessa, né? O que precisar, a gente tá aqui.

Assenti, sentindo a gratidão crescer no peito. É bom saber que tenho essa base aqui.

– Valeu, João. Vou precisar de muita força agora, mas sei que posso contar com vocês. E agora, com a Olivia grávida, preciso estar ainda mais presente em casa. Não vai ser fácil, mas a gente vai dar um jeito.

O João me deu um tapinha nas costas, mostrando que ele tá comigo nessa.

– A gente segura a onda por aqui, e você cuida da sua família. Não tem jogo ou treino que seja mais importante que isso.

Olhei pro campo, vendo os atletas treinando com garra. Mesmo com tudo que tá acontecendo, me senti um pouco mais leve sabendo que tenho essa equipe ao meu lado.

– Valeu, João. Agora vamos trabalhar, que esses caras tão esperando pra me derrubar a qualquer custo.

Rimos juntos, e fui me juntar ao treino. Mas, por mais que eu esteja aqui no campo, parte do meu coração tá lá em casa, pensando na Olivia, nas meninas, em tudo que vem pela frente. Sei que os próximos dias vão ser desafiadores, mas vou enfrentar tudo como sempre fiz, com a força que sempre tive.

Love on the Field - Abel FerreiraOnde histórias criam vida. Descubra agora