Origens (parte cinco)

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Curitiba, Paraná

6 anos atrás.

O restante da viagem foi tranquilo. Vitor desistiu de brigar com Brian, já que este fingia ouvir apenas um ruído distante de algum inseto. Kim dormiu durante todo o percurso, e foi difícil acordá-la, pois parecia ter caído no sono como uma pedra.

Ao chegarmos no aeroporto de Alagoas, por volta do meio-dia, um transfer nos aguardava para a viagem de aproximadamente duas horas até o resort, o que deu a Kim mais algumas horas preciosas de sono. Brian se sentou em silêncio ao meu lado enquanto eu lia um livro erótico no meu Kindle.

— Clara, você viu que lá tem vários espaços para massagens? — Vitor, sentado de frente para mim, parecia uma criança em um parque de diversões gigante.

Ele estava tão animado quanto Kim, e eu não escondia minha curiosidade sobre a interação entre os dois. Na minha opinião, eles tinham muito em comum e seriam o casal mais fofo do planeta.

Quando a van parou em frente ao imenso resort, eu não sabia o que esperar. Evitei pesquisar antes de vir, pois queria me surpreender ao chegar. Mas era difícil não saber nada, já que Kim havia pesquisado até sobre a construção do lugar. Fiquei genuinamente encantada. A fachada em tons de marrom era acolhedora, convidando-me a entrar correndo para aproveitar o lugar.

O movimento de várias vans e carros me impediu de observar mais a fachada, mas logo um funcionário veio nos ajudar com as malas e o check-in. Fiquei maravilhada com o tamanho do resort e com todas as opções de lazer que ele oferecia durante o breve tour. Estava pronta para desfrutar minhas férias e, em seguida, fomos direcionados aos nossos quartos.

Os quartos do resort eram enormes, as camas confortáveis e, o mais importante, eu não estava pagando nada! Meu bolso e minha futura casa agradeciam. Kim e eu ficamos com o quarto maior — cortesia de Brian e Vitor, já que os nomes deles estavam na reserva do outro quarto — e demos uma espiada no banheiro compartilhado.

A pia dupla era imensa, assim como o espelho estilo camarim. O box de vidro até o teto, com um chuveiro moderno e grande, fez meus olhos brilharem, mas o que mais me surpreendeu foi a banheira enorme no canto do banheiro.

Como Otto conseguia pagar por tudo isso era um mistério, mas eu não reclamaria. Brincando com Kim, ativei meu "modo universitária" e fui atrás de uma bebida. Não precisei andar muito, pois minha amiga logo gritou e pulou de alegria ao ver o frigobar abastecido e uma chopeira em nosso quarto. Durante nossa tentativa de desfazer as malas, já tínhamos bebido mais de cinco copos de cerveja gelada e convidativa.

Rapidamente, vestimos nossos biquínis e vestidos e corremos para a área das piscinas. Mais uma vez, fiquei de queixo caído. As piscinas enormes e bem cuidadas pareciam um convite irresistível para um mergulho refrescante — já que Alagoas era infinitamente mais quente que Curitiba. No entanto, Kim e eu nos entreolhamos e vimos o mar juntas.

Com apenas um olhar, corremos como crianças em direção ao mar, arrancando os vestidos e mergulhando. A água salgada e fresca lavou todo o meu corpo, trazendo um alívio imediato; senti-me relaxada e feliz. Kim parecia sentir o mesmo, pois também sorria em silêncio, radiante.

Quando o sol ficou quente demais, nos acomodamos nas espreguiçadeiras em frente ao mar. Um bar bem abastecido e um bartender nos aguardavam para preparar diversos drinks, mas eu precisava de comida.

Antes de comer, avisei a Kim que ia tomar um banho para tirar o sal do corpo. Adorava o mar, mas não gostava da sensação da areia pelo corpo. Quando cheguei ao nosso quarto, encontrei Brian tranquilamente servindo um copo de chope, e decidi não discutir sobre a invasão.

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