Capítulo Sete

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O estranho observava a casa de Clara Becker. O imóvel, com dois andares imponentes, era dominado pelas cores branca e cinza. Situada relativamente longe da cidade, a casa ficava afastada, mas não isolada.

As cortinas pesadas estavam fechadas há dias, e nenhum movimento era visto na enorme residência. Ele não avistava a dona da casa há algum tempo e se perguntava se ela ainda estava viva. Se Clara cometesse suicídio, a cabeça dele seria a próxima a ser pendurada nos muros daquela mansão.

Enquanto isso, ele aguardava pacientemente que a investigadora saísse dos altos muros para dar início aos planos. Caso ela não saísse, precisaria traçar um novo plano para que tudo seguisse como previsto.

O telefone secundário do oficial vibrou no bolso da jaqueta pesada, e ele já sabia de quem se tratava pelo toque personalizado.

— Ela já saiu?

A voz fria do homem do outro lado da linha arrepiava todos os pelos do oficial, o tipo de voz que avisa quando o problema está a caminho.

— Ainda não, estou vigiando a casa há mais de uma semana, e nada se moveu lá dentro.

Suspirou, impaciente. Seus planos estavam longe de incluir ficar esperando que uma mulherzinha medíocre saísse de casa.

— Desculpe arruinar seus planos de assassinar mais crianças, mas, a menos que prefira passar o resto da sua vida miserável na prisão, você vai ficar quietinho aí, em frente à casa, como o bom cachorrinho que é!

Disse, exaltado. Mais uma vez, sem aguardar resposta, desligou.

A humilhação fez o sangue do oficial ferver, e ele socou o volante várias vezes. Se gritasse, chamaria a atenção da investigadora e da vizinhança pacata. Respirou fundo e agradeceu quando a sorte lhe sorriu pela primeira vez em meses.

O portão automático da casa de Clara Becker se abriu, e a investigadora finalmente saiu.

O portão automático da casa de Clara Becker se abriu, e a investigadora finalmente saiu

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A rua que Daniela mencionou não ficava a mais de trinta minutos da minha casa. O GPS me indicava as direções enquanto, possivelmente, recriava o último percurso que meu marido fez. Programei uma parada na casa de minha irmã, garantindo que o caminho fosse exatamente o mesmo.

Não acreditava na história de Daniela; duvidava que fosse apenas o que ela havia relatado. Ela escondia informações e não as compartilharia comigo nem com a polícia. Portanto, enquanto assinava minha documentação de licença remunerada, consegui entregar um distintivo falsificado e roubar o celular de Brian da sala de evidências. Convenci o estagiário de que Pedro havia me mandado coletar a evidência para análise.

Com receio de investigar o telefone em público, segui para o segundo: encontrar algo útil na rua mencionada por Daniela. Dirigia com o distintivo verdadeiro queimando no bolso e a cabeça girando com perguntas. O que diabos aconteceu com Daniela para deixar minha irmã tão apavorada?

Sombras do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora