Dias atuais.
Durante o caminho de volta pra casa, desisti de visitar a fábrica destruída. Estava receosa com a encomenda que minha vizinha havia recebido e temia que ela estava com uma bomba-relógio em sua casa que haviam direcionado a mim.
Algumas lágrimas teimosas ainda escorriam pelo meu rosto, mas já estava mais calma e tentava manter minha cabeça no lugar para conseguir investigar tudo o que tinha de forma correta. Se perdesse o juízo, não conseguiria seguir investigando o desaparecimento de Brian e queria respostas o mais rápido que podia.
Logo me encontrava no portão da minha vizinha, tocando a campainha e esperando a senhorinha sair pela porta. Um movimento em minha visão periférica chamou minha atenção, a forma grande de um homem me observava na esquina da minha casa. Seu rosto parcialmente coberto por um boné azul escuro e o suéter preto chamaram minha atenção.
Brian possuía itens idênticos ao que aquela pessoa usava. O boné detalhado havia sido um presente meu e o suéter era o favorito do meu marido. Tentava enxergar o rosto da pessoa, mas o dia extremamente nublado não ajudava, então corri para a esquina, relativamente longe que cruzava com uma rua particularmente movimentada.
— Ei! Polícia, fique parado aí! — A pessoa obviamente não me obedeceu e lamentei não poder atirar, já que podia acertar o parquinho cheio de crianças do outro lado da rua.
Quando consegui chegar ao lugar em que vi o desconhecido, ele já havia desaparecido. Meu coração estava disparado pela corrida e pelo susto de ver a pessoa usando as roupas e itens pessoais do meu marido. Tentei procurar pelo homem na rua movimentada, mas o tráfego de carro e pessoas estava agitado naquele dia.
Procurei na quadra atrás de casa e não havia sequer um carro estacionado na rua. O silêncio reinava e a frustração me dominava. As gravações de casa seriam úteis, já que tinha várias câmeras espalhadas pelo exterior do muro.
Voltei para a casa da minha vizinha, que me encarava como se tivesse perdido o juízo. Ela me perguntou se estava tudo bem e respondi que achei que tinha visto alguém.
— Querida, não tinha ninguém lá. — Sua frase fez meu sangue gelar. Eu não poderia estar ficando louca e considerando a idade avançada e os óculos grossos, tentei não me apegar em suas palavras.
Agradeci por ter recebido a encomenda relativamente pesada e segui para minha casa. Ao abrir o portão, fiquei atenta a qualquer movimento, a respiração acelerada pelo medo e pela ansiedade. Corri para acender as luzes externas e internas, toda e qualquer lâmpada em minha casa estava acesa e agradeci Brian mentalmente por instalar o computador para as câmeras tão próximo à cozinha.
Ativei os sensores de movimento do quintal e da porta que levava ao jardim de trás. Por mais que ainda a noite não tivesse caído, o dia nublado não me deixava confiante e como Pedro havia me deixado sozinha em uma casa em que acabara de acontecer um crime, meu medo era justificado.
Corri para o computador e tirei de lá o HD que armazenava as imagens de todas as dez câmeras de casa. Substituindo-o por um novo, tentei verificar se as imagens daquele dia foram salvas e para meu espanto, as três câmeras que cobriam a parte em que o desconhecido havia aparecido estavam desativadas.
Quando voltei para a casa da minha vizinha, me lembro especificamente de ter checado para ter certeza de que estavam funcionando, já que ficavam protegidas por grades pequenas de ferro para evitar que fossem danificadas por transeuntes e todas estavam em perfeito estado.
E da forma em que foram desativadas, uma pessoa dentro da casa havia as desativado. O medo dispara uma corrente de adrenalina por minhas veias. Os sensores de movimento não serão ativados por alguém que já está dentro da casa.
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Sombras do Passado
Mystery / ThrillerA investigadora Clara Becker se vê mergulhada em uma teia de mentiras e mistérios quando sua irmã e seu marido desaparecem sem deixar rastros. Quando sua irmã é encontrada em uma cabana isolada, o que parecia ser o fim do mistério apenas abre caminh...