Capítulo Vinte e Sete

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Uma semana antes do primeiro julgamento de Clara Becker

Enquanto aguardava o juiz Lorenzo Rodrigues caminhar calmamente até sua sala na Procuradoria Geral de Curitiba, cada detalhe do trajeto lhe era familiar, como a palma de sua própria mão, após semanas de observação pelas câmeras do local.

Depois da prisão de Clara e a definição da data do julgamento, não foi difícil descobrir o juiz designado para o caso. Lorenzo Rodrigues. Um homem que se orgulhava profundamente de sua profissão, tanto quanto amava os luxos que ela lhe proporcionava. Um salário exorbitante, benefícios como funcionário público e, claro, regalias como a sala em que se instalava — tão grande que uma família inteira poderia viver ali sem problema. Contudo, o que Lorenzo mais prezava era a impunidade que sua posição lhe garantia. Era quase cômico o quanto ele conseguia sair ileso.

O juiz vangloriava-se de seguir a lei e a verdade, mas conhecia bem o seu lado obscuro. Lorenzo havia cometido crimes graves, todos abafados por sua influência e poder. O incidente mais recente envolvia sua esposa. Os gritos dela ecoaram pela vizinhança do condomínio, forçando os vizinhos a chamarem a polícia. Lorenzo, furioso por considerar que a comida não estava "à altura", espancou brutalmente a mulher que havia prometido proteger. Quando os policiais chegaram, ele os recebeu com um sorriso frio e ameaçador, ainda com as mãos sujas de sangue.

— Ninguém acreditaria na minha esposa, afinal, sou um juiz — disse, tranquilo, enquanto limpava o punho. — Assim como ninguém acreditaria em dois policiais como vocês. — A ameaça bastou para que os oficiais fingissem registrar o boletim, apenas para acalmar os vizinhos.

Naquela mesma noite, ele amordaçou sua esposa para evitar que novos gritos perturbassem o silêncio.

O diretor aguardava Lorenzo e sabia bem que ele mesmo era um criminoso, alguém com um pézinho na insanidade. No entanto, orgulhava-se de nunca ter levantado a mão contra sua própria mulher ou qualquer outra, como Lorenzo fazia. Ele havia cometido mais atrocidades do que podia contar — e, para ser sincero, não se arrependia de nenhuma delas —, crimes que fariam até o mais duro dos soldados vomitarem. Porém, nunca fora tão covarde como aquele juiz.

Quando o juiz finalmente entrasse em sua sala, encontraria um envelope perfeitamente lacrado, abarrotado de provas contra ele próprio. Dentro, registros detalhados de cada julgamento em que Lorenzo aceitara propina, comprovantes de transferências ilícitas e fotos chocantes das surras que ele infligira à sua esposa, imagens que Lorenzo havia tirado da mulher ensanguentada. E, para finalizar, uma carta digitada e minuciosamente detalhada sobre o que Lorenzo deveria fazer, como condenar Clara Becker.

Ele faria qualquer coisa para alcançar seus objetivos, mesmo que isso significasse esmagar Clara Becker até não restar nada. 

Texto revisado e reescrito. 

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Capítulo mais curtinho para confirmar que o juiz foi comprado (surpreendendo um total de 0 pessoas). 

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