Capítulo 1 - Thalia - Anos depois

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Batuquei os dedos, nervosamente, sobre a mesa, mordendo o lábio inferior numa tentativa frustrada de conter a ansiedade que me assolava. Finalmente, a porta se fechou atrás de nós, proporcionando um refúgio do barulho insistente vindo da sala de espera, que estava começando a me irritar.

Respiro fundo, soltando um suspiro longo, enquanto meus olhos se fixavam nos meus dedos. Havia feito às unhas, ou melhor, as havia pintado com um discreto tom de rosa-claro, sempre preferi tons mais sutis e discretos, e ao examinar mais detalhadamente, notei uma pequena cutícula levantada no canto da unha do meu dedo mindinho.

Sem pensar muito, levei a mão à boca e tentei remover a cutícula com os dentes, fazendo uma careta ao puxar e sentir um pouco de dor pela ação que acabou ferindo o cantinho da minha unha. Sabia que não deveria fazer aquilo, mas o tédio e a ansiedade obtinha o poder de me fazer agir impulsivamente. Em outras palavras, eu fazia quando estava entediada.

Manter o controle era um desafio constante para mim, especialmente na presença do Dr. Rodrigo Santana, o ginecologista recomendado pela minha amiga Vivian. Cada minuto naquela sala parecia aumentar o peso da ansiedade sobre meus ombros.

— Vamos fazer uma ultrassonografia transvaginal para termos certeza do que vemos aqui nesses exames. O médico falou, já se levantando, após analisar o monte de papel que eu havia entregado assim que adentrei sua sala e, no mesmo instante, foquei em seu rosto enrugado.

— O quê? — praticamente gritei, assim que as palavras assentaram em minha mente. O médico me lançou um olhar confuso e um tanto irritado após meu aumento de tom.

— Não posso fazer esse exame. UE... Bom, eu sou virgem ainda. — Meu rosto queimou de vergonha.

Não era a questão de ser virgem que me envergonhava, mas discutir algo tão íntimo com um estranho era realmente constrangedor. Eu havia acabado de conhecê-lo e ele já queria me ver de pernas abertas!

— Virgem? — ele parecia incrédulo, também estaria se fosse ele.

É difícil ser pura nesse mundo depravado em que vivemos.

— Impossível, aqui diz que a senhorita está grávida. — Soltei uma risada, mas ele não riu.

Por que ele não estava rindo?

Não era uma piada?

Só podia ser uma piada!

Uma piada de péssimo gosto, diga-se de passagem. Bufei com o pensamento.

— Está grávida, senhorita Thalia. — Voltou a afirmar.

— O quê? — Tomei os exames da sua mão e ele ficou ainda mais bravo.

— Como... — baguncei os papéis. Tudo parecia estar em grego, pois não conseguia entender nada do que estava digitado neles.

— Isso deve ser um engano. Nunca dei a minha florzinha para estar grávida. — Expliquei, negando com a cabeça e voltando a me sentar na cadeira.

O doutor Rodrigo me olhava como se eu fosse louca.

— Ah, esquece a parte da florzinha, tudo bem? — falei, querendo ser um avestruz e enfiar a minha cabeça em um buraco por deixar escapar algo tão íntimo de maneira tão vergonhosa, e passei as mãos na calça para enxugar o suor.

Eu sempre transpirava quando estava nervosa. E eu estava surtando, então minha transpiração havia tomado proporção épica e, como dizem os mais velhos, estava suando em bicas.

— Isso é um erro! — voltei a falar e ele ergueu uma sobrancelha. — Não estou grávida, estou apenas acima do peso e com falta de vitaminas. Sei que preciso emagrecer, todo mundo me diz isso e posso até aparentar estar grávida devido à barriga um pouco mais avantajada que a maioria das mulheres, mas garanto não há nenhum bebê aqui e sim gordura. — desandei a falar, ficando cada vez mais nervosa com a encarada que o médico me dava.

De Cara com o Amor: Uma virgem (grávida) para o CEOOnde histórias criam vida. Descubra agora