Capítulo 43 - Thalia

3K 170 5
                                    

Capítulo 43 - Thalia

Uma semana depois

Sentada à beira da cama, deixo meu olhar vagar pelo quarto, perdida em um emaranhado de pensamentos que teimam em assombrar minha mente. Os últimos dias foram como uma montanha-russa emocional, um turbilhão de eventos que viraram minha vida de cabeça para baixo, mas, no fim, tudo acabou bem.

Recordo-me do acidente de Marcelo como se tivesse sido ontem. O som ensurdecedor da colisão ecoa em meus ouvidos, enquanto a imagem dele, caído no chão, invade minha mente de forma avassaladora. A sensação de impotência e desespero ainda está fresca em minha memória, como se fosse uma ferida aberta que se recusa a cicatrizar.

O desespero vivenciado naquele momento é algo que jamais quero tornar a sentir.

Mas o choque não parou por aí. Descobrir que Marcelo era o verdadeiro dono do hotel foi um golpe em meu peito, confesso, uma revelação que sacudiu as estruturas da minha confiança. Tudo o que eu pensava saber sobre ele desmoronou em um instante, deixando-me desorientada.

Foi difícil não me deixar dominar pela mágoa e a dor de seu engano e seguir sem lhe dar o perdão.

A verdade veio à tona aos poucos, como peças de um quebra-cabeça se encaixando lentamente. Ele demitiu Gabriela, a funcionária que armou para que eu estivesse no hotel no dia da inauguração. A raiva borbulhava dentro de mim todas as vezes que lembrava da manipulação e do jogo sujo que foi tramado às minhas custas.

Mas também há um lampejo de admiração ao lembrar que Marcelo confrontou Vagner, exigindo que ele me deixasse em paz e não tentasse nos separar. Isso era algo que me magoava, pois eu gostava de Vagner; ele era um amigo para mim. No entanto, agiu de má fé com Marcelo, querendo se aproveitar da situação para nos separar e assim poder investir em mim. Marcelo havia errado, sim, todavia, eu o amava, apesar de tudo e nunca vi Vagner com outros olhos além dos da amizade.

Agora tudo estava bem entre nós. Estávamos noivos e ele tinha se mudado provisoriamente para o meu apartamento até que conseguíssemos uma casa. Sentia que ele queria morar no mesmo condomínio de seus pais, pois seu irmão também morava lá, mas ainda não tinha conversado comigo a respeito; apenas ouvira comentários de sua mãe. Apesar disso, eu ainda tinha assuntos a resolver. Há alguém que eu precisava enfrentar. Alguém que deveria ter ido ver dias atrás, mas algo me impedia de fazê-lo. Era hora de reencontrar meu pai.

Sinto um nó se formar em minha garganta ao pensar nele. Eu sei que devo visitá-lo, mas o medo de sua reação me consome. A última vez que nos vimos foi dolorosa, e não quero passar por algo assim de novo. Não agora, estando tão bem, física e emocionalmente, e com uma vida se formando dentro de mim. Em meio à minha angústia, a voz suave de Marcelo ecoa em minha mente, trazendo um raio de esperança para iluminar a escuridão que me tomava.

— Thalia, eu sei que você está preocupada com seu pai, mas acredite em mim, ele te ama mais do que você imagina.

Sei que é um pouco difícil para ele proferir palavras boas sobre isso. Marcelo passou um bom tempo odiando meu pai pelo que ele me fez. Queria ir até lá e o confrontar, mas pedi que me deixasse resolver esse assunto sozinha, e ele assim o fez. Amava tê-lo ao meu lado me apoiando, mas o problema com meu pai era algo que só eu poderia resolver. E iria.

— Ele pode estar lutando contra seus próprios demônios, mas o amor de um pai por sua filha é inabalável. — As palavras dele me envolvem como um abraço reconfortante, dissipando parte do meu medo e incerteza.

Ele sempre sabia como me acalmar, como me dar forças quando mais preciso. Eu o encaro, buscando em seus olhos o apoio e a segurança que tanto necessito.

De Cara com o Amor: Uma virgem (grávida) para o CEOOnde histórias criam vida. Descubra agora