Capítulo 15 - Marcelo

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Capítulo 15 - Marcelo

Vaguei pelas ruas de São Paulo por longos minutos, horas. Thalia mantinha sua atenção nas imagens que surgiam pela janela do carro, enquanto eu criava que sua mente vagava para longe dali. Estávamos em silêncio desde que saímos do restaurante e isso estava me deixando inquieto.

Sempre que algo saía do controle, as pessoas surtavam, brigavam, falavam sem parar. Mas Thalia se fechava em si e repassava tudo em sua mente, discutindo consigo mesma no que errara para merecer isso. Sabia que essa era uma forma errada de agir e sentir.

Falar, se expressar, dividir seus problemas não nos ajuda a resolvê-los, mas alivia o peso que eles causam em nós. Aprendi isso, na prática. As dores nos sufocam e, sem alguém para nos estender a mão, tendemos a nos colocar em um precipício sem nem percebermos.

Aconteceu exatamente isso comigo no passado e, se não fosse a minha família a me ajudar a sair da escuridão que me tomou, eu não saberia dizer o que seria de mim hoje. Talvez nem vivo eu estivesse. Guardar as dores não é a solução e só nos arruína por dentro.

Olhei para Thalia de soslaio, desejando encontrar uma maneira de quebrar o silêncio e abrir uma ponte de comunicação entre nós. Sabia que precisava fazer algo para ajudá-la a se abrir, a não carregar esse peso sozinha.

— Ainda vai demorar muito para me levar para casa? — Foi ela a quebrar o silêncio, me tirando das divagações.

— Talvez, julgo que não esteja bem para ficar sozinha.

Nós nos falávamos sem nos olhar, minha atenção estava na estrada enquanto a dela vagava, perdida no horizonte sem de fato enxergar nada.

— Marcelo, eu agradeço a sua ajuda, de coração, mas preciso ficar sozinha. — abaixou a cabeça e fitou as mãos que apertavam a bolsa em seu colo.

— Eu sei que quer isso mais que tudo, Thalia, mas não irei te deixar sozinha. Posso suportar seu silêncio, ouvir seu choro sem me meter, ouvir seus gritos sem reclamar, mas não vou te deixar sozinha.

Parei o carro e uma rua afastada, retirei o cinto e girei o corpo para focar em seu belo rosto. Seus olhos vermelhos e marejados foram como um soco em meu estômago. Odiava ver mulher chorar, mas com Thalia esse mal-estar se elevava. Queria ter Diego diante de mim só para socá-lo mais algumas vezes e descarregar toda minha raiva.

— Eu não devia estar chorando por ele. — Ela olhou para as mãos. — Deveria ser grata por descobrir a mentira antes de me apaixonar, mas por que me sinto tão mal, Marcelo? Por que dói se eu não gostava dele?

Saí do carro e dei a volta. Abri a porta do lado do passageiro, desconectei o cinto do banco onde Thalia sentava, e a retirei do carro. Ela se agarrou em minha camisa e envolvi meus braços ao seu redor.

Suspirei ao sentir seus seios fartos esmagados contra meu peitoral e seu cheiro invadiu minhas narinas, me deixando embriagado por um instante. Seu choro se tornou mais forte, me fazendo focar apenas em confortá-la, e fiz pressão com os braços ao redor de seu corpo. Era gostoso demais abraçá-la, reconfortante, e não queria me desgrudar de Thalia tão cedo.

— Essa sensação de tristeza é por ter sido enganada, Thalia, é culpa. Você se culpa por ter se deixado enganar, quando, na verdade, não teve culpa alguma. Diego que é um canalha filho da puta.

— Eu sei, só que... — se remexeu e saiu dos meus braços.

Segurei seu rosto e limpei suas lágrimas.

— Eu deveria ter investigado, ter buscado saber se ele era realmente solteiro. Deveria ter enrolado mais antes de ceder. Fui tão fraca em relação a isso, Marcelo, como pude me deixar envolver e cair tão fácil assim?

De Cara com o Amor: Uma virgem (grávida) para o CEOOnde histórias criam vida. Descubra agora