Capítulo 6 - Thalia

5.5K 404 8
                                    

Capítulo 6 

Thalia

— Sei que só se engravida quando. Não pode ser virgem e estar grávida, Thalia. — Ele soltou uma risada sem humor, mas eu permanecia apenas olhando para ele e séria.

— Isso é sério? Está mesmo grávida sem ter transado? Sem ter...

— Sem ter tido um pênis na minha vagina? Sim. Nunca tive relação vaginal com homem algum, mas estou grávida mesmo assim.

Ele ficou de pé e começou a andar de um lado para o outro.

— Pode ser erro médico, não? Como... — sua confusão só aumentava.

Levantei-me também.

Estava nervosa e ansiosa demais para ficar sentada.

— Olha, a gente não se conhece e nem deveria ter te deixado entrar na minha casa, mas já aconteceu e agora estou prestes a falar sobre algo bem íntimo e terrivelmente pessoal com um estranho.

— Thalia, eu não quero invadir sua intimidade, sei que nos conhecemos hoje, que não deveria estar aqui e muito menos te questionando algo tão pessoal. Não precisa me falar nada, eu vou embora.

— Não. — Segurei seu braço quando ele tentou passar por mim.

— Eu preciso falar isso com alguém ou surtarei. Nunca me imaginei em uma situação assim, mas ela é real e preciso compartilhar com alguém. Se essa pessoa é você, então que seja.

Ele tomou uma respiração e soltei seu braço.

— Tudo bem, eu sou todo ouvido. Revele-me sua história, Thalia. — pediu.

Seus olhos estavam o tempo todo focados nos meus.

Inspirei, balancei a cabeça e comecei a falar.

— Eu nunca transei, Marcelo, mas tive um momento íntimo com o pai do meu filho ou filha. — Fiquei de costas. — Eu estava cansada de ser solteira e me sentindo sozinha. Virgem aos 25 anos? Que piada! — Ri sem humor e voltei a fitá-lo.

Marcelo permaneceu sério, apenas me ouvindo com atenção.

— Então, entrei em um aplicativo de namoro e encontrei essa pessoa. Conversamos por alguns meses e aceitei sair com ele. Jantamos duas vezes e, na terceira vez, ele me levou para seu apartamento. Nós nos beijamos e até tínhamos uma química legal, mas na hora de sexo algo me impediu de prosseguir. Não me sentia, de fato, pronta para me entregar a ele. Faltava algo, talvez uma maior conexão, ou sentimento, eu não sei.

Soltei um suspiro.

— O fato é que não quis transar com ele. Diego reclamou, falou que o iludi, que o fiz acreditar que transaríamos, e me sentindo mal por iludi-lo quanto a isso, aceitei termos alguns momentos de prazer. A pegação foi intensa e ele gozou em mim. Tipo: em mim. — Dei ênfase e ele meneou a cabeça, assentindo. — E, como eu estava no período fértil, ovulando, mesmo sem a penetração, eu acabei engravidando.

Loucura, uma verdadeira loucura.

Ri, nervosa, negando com a cabeça.

— Permaneci virgem, mas uma criança foi fecundada em meu ventre. E essa é a louca história de uma virgem grávida. — Falava, movimentando as mãos, gesticulando, e quando relaxei os braços, eles bateram na lateral do meu corpo.

— Puta merda! — ele passou a mão no rosto, ainda descrente com tudo o que acabara de ouvir. — É uma loucura mesmo. Tipo: uma gozada na coxa e um bebê se forma?

Voltei a rir.

— Pois é. Loucura, não?

Ele riu e sei que foi de nervoso. Soltou aquela risada que soltamos quando não sabemos o que fazer ou como agir. Eu sempre ria assim quando a situação era estranha, surreal ou vergonhosa.

— Mas como você vai fazer agora? Mesmo não transando, um bebê está na sua barriga. — Os seus olhos caíram em meu ventre. — E ele não foi feito sozinho. O imbecil que a enganou contribuiu para isso e precisa arcar com as despesas do filho.

— Não sei. — suspirei. — Ele é casado e não vai acreditar em mim. Dizer que estou grávida sendo virgem é algo irreal. Ele vai me acusar de dar o golpe da barriga, Marcelo. Que menti para ele. Sei que para o Diego eu fui só uma aventura, mais uma boba que ele conseguiu enganar e levar para cama. Eu irei cuidar do meu filho sozinha! — fui enfática.

— Ele... Ele sabia que você era virgem? — questionou com cautela.

— Sim, eu falei a ele que nunca havia transado e Diego me disse que estava feliz em ser o primeiro, que seria carinhoso e me mostraria o prazer real. — Revirei os olhos.

Marcelo riu. Ele sabia muito bem como os homens agiam quando queriam pegar uma mulher.

— E sabe o que é mais engraçado? — Ele negou com a cabeça. — Sempre tive medo de acabar grávida de um homem casado, de me tornar amante e mãe solteira. E olha só...

Abri os braços e voltei a gesticular, ansiosa e inquieta.

— Me guardei tanto para ter algo especial com alguém e assim poder construir uma vida feliz e bem estruturada, mas acabei sendo justamente o que tanto temia e, o pior, sendo virgem. Agora me diga, minha vida é ou não bem fodida?

— Olha, não sei o que dizer, Thalia, só que você é a pessoa mais sem sorte que conheço.

— E piora, ok?

— Mais? — indagou, surpreso e duvidoso.

Ri de sua expressão, mas minha vontade era de deitar em posição fetal e chorar.

— Além de estar grávida, mesmo sem ter sentado em uma piroca grande. — Ele começou a rir, a gargalhar, me fazendo rir também. — Perdi o emprego, meu carro foi guinchado e estou prestes a ser despejada. Parece que não tem como piorar.

Assim que fechei a boca, tudo ficou escuro. Havia faltado energia.

— Nãooo. — gritei.

— É melhor fechar a boca, Thalia, ou o universo pode achar que você o está desafiando.

Comecei a rir, mas acabei chorando. Senti braços ao meu redor e deitei minha cabeça no peito do desconhecido que agora sabia mais da minha vida que os meus próprios amigos.

— Tudo vai ficar bem. As coisas vão se resolver.

Eu deveria acreditar nele? Em um desconhecido? Marcelo parecia boa pessoa. Ajudou-me, me defendeu, me consolou. Mas eu não o conhecia de fato.

Se até nossa família nos fazia mal, o que um homem que conheci há poucas horas não poderia fazer? Eu precisava pensar além de mim, pois havia uma vida em meu ventre para cuidar. Talvez ter aceitado a ajuda do desconhecido tenha sido um erro e eu precisava me livrar dele. 

De Cara com o Amor: Uma virgem (grávida) para o CEOOnde histórias criam vida. Descubra agora