05.

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Kauê - Kaká

A água gelada faz meu corpo arrepiar, abro os olhos fazendo a água penetrar em minhas pupilas.

Escuto alguém bater na porta, lá em baixo. Desligo o chuveiro e desço para o primeiro andar, me  enrolado na toalha.

Abro a porta meio desnorteado ainda, tô dormindo desde ontem, e já são quase cinco da tarde. Cotoco entra rapidamente, passando por mim.

— Qual foi doidão? — Ele respirava ofegante.

— Aqueles dois arrombados não me deixam em paz! Batata falou que ia colar lá em casa, aí eu meti o pé pra cá

— Tá fudido tu fiote — Solto uma risada. — Vou terminar de tomar banho, fica a vontade

— Valeu,Kaká

Terminei de botar minha blusa, desci para o primeiro andar, vendo que o Caique ainda estava lá. Pego o celular e vejo a mensagem do cudo, mandando eu colar lá.

Esses dias esse cara tá ferrando comigo, fica mandando eu fazer tudo e mais um pouco. Já tô de saco cheio.

Me despeço do cotoco, ele disse que ficaria ali por mais um tempo, até os dois idiotas pararem de procurar por ele.

Ainda não entendi a onda desses três, depois que o Caique e o Biel transaram, eles ficaram revoltados, e não desgrudam do cotoco.

Fiquei sabendo que no passado eles já tinham ficado, mas pensei ser caô, porque pô, eles três juntos?

Um puta trisal? Sim. Mas ainda me deixa pensativo.

Cheguei na boca e já vou entrando na sala do chefe, dando de cara com o biel e o loló. Os três estavam com uma cara nada boa, e para o loló, que abandonou esse mundo, está aqui, deve ser coisa pesada.

Sentei na cadeira que tinha lá, sem falar nada, só esperando eles iniciarem a discussão. Cudo olhava o celular nesse meio tempo, loló fala algo em seu ouvido o fazendo suspirar.

Eu e Biel ficamos na nossa, só vendo eles conversarem entre eles. Loló parecia realmente estressado, e o cuda na mesma.

Será que foi aquele bagulho sobre os "chefões" não aceitarem o novo dono?

— Amanhã vocês dois iram entrar de penetra no morro do cobra — Cudo fala depois de um tempo.

— De penetra cê que dizer que a gente vai entrar e se enturmar com os moradores? — Biel pergunta.

— Exatamente. Já arranjei uma casa, vocês só tem que ir lá e descobrir se aqueles putos estão armando alguma coisa contra a gente.

— Nós dois? — Pergunto, e eles me olham — Não somos bem desconhecidos para eles, né?

— Eles só conhecem os seus vulgos, não seus rostos — É, faz sentido.

Sinceramente, não tô muito afim de ir. E não é nem por causa do Biel, mas sim porque eu não tenho paciência alguma para me infiltrar e me fazer de gente boa.

Nunca fui com isso, e odeio quando me obrigam a ser.

Quando ele terminou de passar o resto das informações, eu e Biel saímos da sala deles, ficam apenas o loló lá com ele.

A tarde passou de forma lenta, desempacotei algumas cocaínas, organizei o armazém e depois fui contar o dinheiro. O neto tá meio sumido nesses tempos, sobrando tudo para mim.

Já são nove da noite, e finalmente vou poder descansar. Porém, antes disso, vou colar lá na dona Maria para comer alguma coisa.

A comida de lá é do caralho de bom, a veia sabe fazer o bagulho naquele pique. Visto minha blusa e parto voando para lá, tenho que aproveitar enquanto é tempo, amanhã vou me juntar num lugar do cão.

— Loló? Tá fazendo o que aqui, homi? — Pergunto, me sentando na mesma mesa que ele.

— Pô, briguei com o Luan — Disse cabisbaixo — Ele ficou putão comigo, aí mandou eu sair de casa

Fiquei rindo da cara dele, enquanto esperava a tia aparecer para eu fazer meu pedido. Loló parecia realmente magoado, até os 'zoi tava baixo.

— Desde quando que cês tão assim? — Pergunto, encarando ele.

— Desde hoje de manhã. Fui lá pra boca por causa disso, me enfiar em problema que eu não preciso resolver, só pra manter a mente ocupada

— Aaah, por isso tu tava tão bravinho. O dono deixou de castigo — Ele me olha feio, e eu apenas rio.

— Vai nessa, Bestão! Daqui a pouco é tu na coleira do Biel — Desmancho o sorriso, e quem ri é ele.

— Sabe nem brincar o cara — Tia Maria chega, pergunta o que iríamos querer e eu peço um prato de bife.

— Mas e aí? Como que tá tu e o Biel? — Ele pergunta, dando um gole na cerveja.

— Não tá indo — Digo simples — Última vez que conversamos foib quando ele comeu o cotoco

— Pera... Que? — Arregalou os olhos — O Gabriel comeu o Cotoco?

— Calmo! Eles estavam bêbados, aí rolou — Deu uma risada sem jeito — Mas aí conversaram e agora tão de boa. Quem não tá é o Buda e o batata

— Ih, consigo até imaginar. Fiquei sabendo que os três já tiveram um rolo — Óia aí, num é que eu tava certo?

— Tava inteirado disso aí também, mas achei que era onda dos caras — Ele nega com a cabeça.

— Nam, me mostraram até uma foto pivete. Quase fiquei cego com a visão satânica — Rimos, e ele continua — Mas parece que o cotoco não quis mais, aí eles terminaram. Buda e batata até tentaram se relacionar, mas não passou de fodas

— Caralhooo, como que eu não tava sabendo disso? — Ponho a mão na boca, ainda surpreso.

— Faz uma cota já, e foi uma coisa sigilosa,coisa de só eu e pouquíssimos outros saberem

— Coé, vivo com os cara e eles guardam um segredo desse — Resmungo. — Os de verdade eu sei quem são

— O caralho com isso, tu tem mó boca de sacola, eles devem ter medo de tu saber — Encaro ele.

— Me contou por que, então?

— Sei lá, foi falando do biel, em algum momento a gente entrou nesse assunto — Sorrio de lado, e ele dá outro gole. — Voltando ao foco, e vocês dois?

— Bem merda. Não estamos tão íntimos comi antes, e mesmo tentando falar com ele como falaria até um mês atrás, o desconforto é notório, tá ligado? Mas é isso aí mermo, em algum momento volta ao normal.

— Voltar ao normal?...você fudeu com ele, Kauê. Porra, o cara era alegre, mal bebia e muito menos usava droga. Mas aí ele transa com o melhor amigo que é completamente apaixonado que,por sinal, tbm gosta dele . Mas o arrombado do melhor amigo fica de cu doce e taca um foda-se do tamanho do mundo pros sentimentos dele. Você realmente acha que, depois de tudo isso, vocês vão voltar a ser como era antes?

— Eu não sei, tá bom? Eu tava com medo, medo da reação dos outros, medo de mim mesmo ou de tudo isso da errado. Caralho, eu conheço ele a vida toda, não me fode dizendo que acordar nú do lado dele é normal. Eu não queria isso tanto quanto ele, porra.

— Mas você deu esperança, você disse que amava ele, pediu desculpas por não demonstrar antes e agora mete uma dessa? — Me encarou feio — Você não merece ele, Kauê. Nunca mereceu.

De repente suas palavras se tornaram duras, e o que antes era um papo descontraido, se tornou uma puta lição de moral.

O pior é saber que ele está certo. Eu tenho que dar um jeito em tudo isso, seja nós dois acabando como amigos, namorados ou, na pior das hipóteses, desconhecidos.

O que quer que seja, eu vou resolver e pôr tudo de volta aos eixos, mesmo que isso custe a minha vida.














Demorei mais q o previsto pq aqui em casa tava tendo aniversário 😋

As partes mais interessantes começaram no próximo capítulo adiante🙊 tô até ansiosaaa

Um Romance Criminoso Onde histórias criam vida. Descubra agora