03.

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Kauê - Kaká

Separo nossos lábios de forma brusca, sentindo suas mãos envolverem meu pescoço, um arrepio sobe em minha espinha e, no automático, esmurro seu rosto.

- Que porra tu tá fazendo? - Pergunto, vendo seu olhar perdido.

Ele não responde, apenas senta no chão e começa a chorar. Chorou até soluçar, abraçando as próprias pernas.

Me sento na sua frente, ainda não entendendo que porra tinha acontecido. De repente Biel chega no meio da madrugada e entra rapidamente dentro de casa, fecha a porta e me beija. E agora está chorando feito um bebê recém nascido.

- Porra Biel, que caralho tá acontecendo?? - Puxo seu rosto, fazendo ele me encarar.

- Cotoco falou para eu te esquecer...
por que é tão difícil? - Me olhou com seus olhos vermelhos. Já não sei se são de chorar ou de usar droga.

- De que merda você tá falando? Não tô entendendo desgraça nenhuma - Baixou o rosto.

- Você sabe que eu gosto de você, sabe que tô nessa a muito tempo, sabe que eu faria qualquer maldita coisa para conseguir te ter. Então por que caralhos é tão difícil? Você ainda acha que tudo isso é de mentira? Que eu estaria arriscando nossa amizade a custo de mentiras sem sentido? - Lhe encaro sem saber o que dizer.

Honestamente, essa não é a real questão. Nesse tempo que estou nessa arrumação com o biel, fiquei pensativo sobre tudo isso, e percebi que o problema não era nós dois em si, nem mesmo o que caralhos os outros iam pensar. Eu nunca me importei com isso, por que agora eu iria?

Na verdade, isso é mais sobre mim, a forma como me vejo ou como eu penso ser. Às vezes quero negar para mim mesmo, dizer que não e tentar voltar a viver minha vida como era antes. Mas eu sei que não dá, que tudo é muito mais simples do que a complexidade que tento pôr sobre isso e aquilo.

E, infelizmente, o Biel acabou se enfiando nesse meio. Um momento que era para ser meu, onde eu me descubro e vejo o quero fazer, de uma forma lenta e problemática, onde apenas eu me machucaria. Porém, aqui está ele, chorando aos meus braços, soluçando de dor e bebida.

Respiro fundo, pego ele pelo braço direito o ajudando a levantar, ele levanta meio desnorteado, cambaleando pela casa.

Tiro sua roupa,e ele fica apenas de cueca, entra na banheira e se cobre até a cabeça. Tiro alguns produtos do armário, como sabonete, shampoo, condicionador... Enfim, entrego na mão dele e mando o mesmo se limpar.

Mais tarde pergunto a ele por que caralhos ele tá nessa situação, e onde ele estava antes disso.

Gabriel - biel
- horas antes;no bar-

Viro a bebida de uma vez, sentindo a garganta arder. Olho para o lado e vejo Buda atracado com uma mina, ao lado estava cotoco dormindo e no outro era o batata com uma morena.

Eduardo tinha sumido de vista a mais de uma hora, e eu continuava no mesmo lugar, bebendo na minha.

Uns minutos depois aparece a dona do bar, com uma carranca na cara e com um caderno na mão. Ótimo, essa vai ser minha refeição de hoje, puta pretinha gostosa.

- Boa noite, senhores - Sorrio mínino - Será que poderiam fazer menos barulho? Ou pelo menos irem para um motel?

Buda deixa de beijar a guria que ele tava ficando, olha para a dona e revira os olhos. E assim batata faz o mesmo, sorrindo de lado enquanto levava a garota para um lugar mais afastado.

- Problema resolvido, precisa de mais alguma coisa? - pergunto, encarando cotoco.

- Ah, não. Era só isso - Parecia meio sem graça.

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