Capítulo 57

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A brisa da noite é a melhor parte do acampamento, sentir o vento balançar os meus cabelos é uma sensação tão agradável que se eu precisasse por em um papel, não saberia descrever bem. A natureza é tão reconfortante. Amo ouvir o barulho que o movimento dos galhos das árvores, que consigo imaginar uma linda melodia. Fecho os olhos para desfrutar mais na intenção de relaxar mais o corpo e assim me livrar do turbilhão de pensamentos que passou pela minha cabeça. Dei uma chance para Dylan, seguindo o conselho de Louise, em deixar as coisas rolarem, sem interferir em nada. Confesso que suas palavras causam um estrago no muro que levante entre mim e ele, pois sinto o Dylan de nove anos se expressa nelas. Aquele que eu amei. Aquele que me deu a sua primeira medalha de ouro da vida.

- Marshmallow? - Louise sentou ao meu lado.

Abro os olhos imediatamente e lhe agradeço pela comida. A garota estava com o time de futebol ao redor da fogueira, pois desde que começou a sair com Luiz, ela virou amiga dos amigos dele.

- Você já pensou em que música vai cantar? - questionou e em seguida levou um marshmallow para dentro da boca.

- Como você sabe que vou competir? - pergunto, franzindo o cenho, perplexa. Não me lembro de ter mencionado isso a ela.

- O Liam me contou - ela responde com um dar de ombros casual, como se não fosse nada demais. - Ele está completamente apaixonado por você - acrescenta, com um sorriso brincando em seus lábios. - E tenho a impressão de que ele não é o único - continua, olhando-me com um brilho travesso nos olhos.

Nesse momento, uma dúvida surge em minha mente. Será que Louise sabe de algo que eu não contei? Ou será que é apenas sua intuição afiada em ação? Nada passa despercebido por seus olhos de águia, e seu instinto é quase infalível. No entanto, até onde sei, ela nunca suspeitou dos sentimentos que guardo em segredo pelo capitão do time.

- O que está querendo dizer com isso? - encaro-lhe, interessada na conversa.
- Por que o seu irmãozinho está lhe olhando com cara de quem está com fome e você é a comida que ele quer - comenta, na brincadeira.

- Credo, Louise - lhe empurro suavemente e a garota gargalha.

Com a ansiedade batendo forte no peito, dou uma olhada rápida no rapaz que, sinceramente, faz meu coração disparar com aquele olhar que parece queimar até a minha alma. Ele sabe como me deixar mexida. É tão atraente que, às vezes, sinto raiva por não conseguir resistir a ele.

- Não sei como você aguenta toda essa tentação.

Ah, eu me seguro, mas se ele soubesse o quanto eu queria passar a mão por cada parte dele, entenderia como é difícil. No fundo, estou louca para ceder a esse desejo que me consome quando ele está por perto.

- Dois gatinhos querendo você, está podendo, hein - diz com um tom de orgulho. A garota sempre quis que eu me entregasse mais para a juventude, fazendo loucuras que os jovens fazem.
O garoto à frente, voltou a conversar com seus amigos, mas logo vai para a sua barraca, ainda com dor no pé, o qual se encontra em dor, pois o seu rosto no momento não demonstra satisfação.

***

As horas se passaram como uma névoa e quando nos damos conta, o treinador já nos mandou para as barracas, pois segundo o mesmo, o dia amanhã será cheio. E eu concordo plenamente com o professor, pois após o café da manhã muitos jovens estarão eufóricos para ganhar medalhas, até porque na minha escola, quanto melhor é um atleta, mais garotas ficam caídas por ele. Nunca gostei disso, pois é o motivo de tanta menina viver dando em cima de Dylan, e só de pensar em quantas o rapaz já deve ter correspondido, me causa um nó no estômago.

Pego no lençol e me deito no colchonete, sentindo o cansaço do dia finalmente me alcançar. Ao meu lado, Louise faz o mesmo, ajustando-se e começando a cantar uma melodia suave. Ela segue o ritmo perfeitamente, mas, no instante mais agudo, sua voz desafina, arrancando de mim uma gargalhada que eu não conseguia controlar.

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