Não Somos Irmãos

Capítulo 34

Mesmo que as minhas notas de matemática tenham aumentado, graças a Dylan, infelizmente, as aulas continuam chatas. O professor parece não cansar de escrever tanto número no quadro. E quando olho diretamente para a questão no livro, me questiono como uma pergunta tão pequena pode obter uma resposta tão grande. Descanso as costas na cadeira, jogando os cabelos para trás, que quase batem na mesa de Dylan. Estranho. Muito estranho. Não sinto nenhum puxão e muito menos alguma reclamação.

Só queria saber qual é o joguinho desse garoto. O que ele quer. Embora esteja extremamente cansada de lidar com suas complicações, uma parte de mim ainda possui algum interesse nele. Não sei se é vingança ou apenas safadeza.

Agarro num pequeno espelho que guardo na necessarie e finjo ver alguma coisa no rosto. Mas quase paraliso quando aqueles olhos âmbar são refletidos no objeto. Os pelos do corpo são erguidos em frações de segundos, enquanto a vista não para nenhum minuto de encarar aquelas profundas íris que amei admirar ao longo desses anos, aquele rosto perfeito que me fazia sorrir ao dormir, aquela boca que me fazia tremer cada vez que a via mais perto. Porém, também recordo o como chorei por cada pedacinho dele.

Então a raiva pulsa nas veias e ligeiramente volto para a aula. Tenho que parar de pensar nessas besteiras. Tenho que parar de dedicar ao menos um segundo a Dylan!

Ele não merece minha atenção!

Tenho que o tratar como um amigo. Não posso deixar passar disso!

(...)

No refeitório a bagunça sempre é garantida. Alunos ficam totalmente desesperados nessa hora, parece que é quando a adrenalina deles atinge o pico.

Pego a minha bandeja e sigo em direção a uma mesa vazia, acompanhada por Louise que está falando nesse momento algo relacionado ao Harry Styles, mas só consigo prestar atenção na multidão de jogadores que ocupam um dos cantos do cômodo. Liam se encontra meio perdido no meio daqueles caras cheios de homônimos que não param de gritar nenhum instante. O garoto, ao contrário, fica calado batendo o pé no chão, marcando o ritmo de alguma música.

— Você não concorda? — questiona minha amiga à medida que nos sentamos.

— É.... — Finjo saber do que se trata.

— Não. Errado. Você não pode concordar com isso! — a garota nega a cabeça enquanto cruza os braços.

— Ah, não? Por quê? — levanto as sobrancelhas tentando não me enrolar mais ainda.

— Por que o Harry é meu. E você não pode achar o gatinho da sua amiga um gostoso. Isso é talaricagem! — sorrio e relaxo o corpo na cadeira. Por um momento achei que Louise estivesse falando alguma coisa séria.

— Você quer mesmo que eu diga quem é o seu "gatinho"? — sinalizo aspas com os dedos.

— Emma! — exclama, descendo as minhas mãos — Ninguém pode ficar sabendo disso, por favor! — ela olha aos arredores.

— Calma. Tenho certeza que ninguém está nos espionando.

— Mas o filho da diretora está vindo na nossa direção. Então vamos trocar de assunto.

— Está bem — concordo com a cabeça.

— Ja lhe disse que nós iremos nessa festa, e só vai ser a primeira até o baile de primavera. — cacete! A menina daria uma bela atriz.

— Eu já disse que não! — entro na despista.

— Como assim, você não vai? — Liam chega se intrometendo na conversa e puxando uma cadeira para se acomodar ao meu lado.