33- Gosto

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– Por que você acha isso? – Perguntei em meio a minha confusão mental.

– Eu sou uma pessoa extremamente observadora e, tipo, você deve ter visto ela perguntando sobre você... ela fazia isso com frequência, por isso que acho isso, ou ela ta apaixonada, ou ta com uma fixação a seu respeito.

– Eu vi algo assim, dela perguntando e você desconversando.

– Pois é, mas teve uma situação ainda mais bizarra que eu tinha até esquecido, vou te mostrar.

Dani pegou seu celular e abriu a galeria de fotos, rolou um pouco, clicou e me mostrou. Eu fiquei em choque. Gabi estava conversando com o meu ex cliente, aquele do barraco da Lapa, mas o mais estranho é que pareciam trocar segredos e ele estava lhe mostrando alguma coisa no celular.

– Nesse dia eu tive um aniversário do pessoal do trabalho e ela insistiu em ir comigo, – Começou Dani. – como não vi nada demais, levei, a questão foi quando fui no banheiro, porque essa foto aconteceu na volta. Quando vi essa cena, eles cochichando assim, me bateu uma premonição de que eu tinha que registrar aquilo antes que me vissem e foi o que fiz.

– Meu Deus. – Foi o máximo que consegui expressar.

– Complicado né, também achei, até porque ela o viu naquele dia da Lapa e deve ter ligado uma coisa na outra... se ela queria saber de você, ele era a melhor pessoa.

– Foi ele que contou do meu trabalho, certeza... filho da puta.

– Não duvido, na verdade super acredito, porque eu não falei nada e agora entendi o porquê precisava tanto bater essa foto.

– É, porque, se você não tira isso, seria a sua palavra contra a dela, por isso tava olhando o seu celular... por sinal me desculpa por isso. – Pedi, pois realmente não considerava algo legal, mas né... complicado.

– Lógico que achei estranho te ver mexendo, mas senti que tinha um motivo, então quis entender antes de julgar.

– Você é maravilhosa. – Falei, abraçando-a.

– Eu não tenho o porquê te prejudicar e não seria assim, fazendo esse tipo de coisa, que eu tentaria te ter pra mim... se o meu jeito não te conquistar, não vai ser com jogo sujo que vou conseguir.

Eu sorri, era inevitável porque, enfim, era incrível como Dani sabia dizer as coisas certas, ou, no caso, o que eu precisava ouvir. Meu sentimento era de alívio, já que meu maior desespero era que ela tivesse realmente alguma coisa a ver com o que houve, mas agora tava provado que não e era muito bom saber disso.

– É difícil não te amar. – Soltei, meio que sem pensar.

– Ué, você me ama? – Sorriu.

Sorri constrangida e disse:

– Olha, não sei, talvez essa palavra ainda seja forte de mais pra ser dita, mas não sou indiferente, isso é real.

– Eu nunca vou te forçar a fazer nada que não queira, ou que não possa... quem sou eu pra fazer isso.

Aquele seu final de frase não era uma pergunta, ele era uma afirmação e tenho certeza que tinha a ver com sua realidade, afinal, como poderia exigir uma mudança sem se colocar nessa mesma posição, ou seja, se ela me forçasse a largar minha vida, também me estaria dando o direito de pedir o mesmo sobre algo que não era de seu domínio... sim, me refiro ao seu gênero.

– Você é maravilhoso. – Falei, sorrindo, no masculino.

Dani sorriu com emoção, pois tenho certeza que entendeu o que quis dizer. Nos beijamos com carinho. Era tão bom estar em seus braços. Será que era amor o que sentia? Fiquei com essa reflexão já que, uma coisa que aprendi nessa vida é que duas coisas são as mais verdadeiras, ações e reações... o corpo não mente, a boca sim, mas, em uma reação, a boca fala do que ta cheio o coração. Será?

– O que você vai fazer agora sobre essa história? – Me perguntou Dani.

– Ainda não sei, preciso pensar. Vamos dormir?

– Vamos sim. – Sorriu com carinho.

Me levantei e a puxei, suavemente, por uma das mãos. Nos deitamos, mas antes de dormir, começamos a nos envolver mais um pouquinho, com carinhos e sorrisos, sem pressa, sem grandes pretensões, sem loucas posições, apenas nós e nossos sentimentos, o que tornava tudo ainda mais delicioso do que o normal.

Por mais simples que fosse o sexo, sempre era muito bom fazê-lo com Dani e acho interessante essa ideia, porque vejo muitas pessoas preocupadas com a performance e esquecendo do que realmente importa, que é, no mínimo, o prazer de ambas as partes, mas quando digo isso não é dizendo que ter criatividade seja ruim, pelo contrário, apenas me refiro ao simples, que, muitas das vezes, é bem melhor do que o resto.

– Posso te pedir uma coisa? – Perguntou depois que gozei.

– Pode.

– Me chupa.

Eu sorri, pois era a primeira vez que aquilo acontecia, mas entendi que não era ela se rendendo a algo, como muitas pessoas podem pensar, aquele pedido se referia mais a um desejo que surgiu e não sobre qualquer outra coisa e fiz, pela primeira vez, em um corpo "feminino"... não vou negar... o gosto era diferente de tudo que já provei, mas gostei bastante.

Dani gozou, silenciosamente, e senti seu corpo estremecer, enquanto via seu rosto reagir. Quando me refiro a som, é porque ela não gemeu em momento algum, embora sua respiração me mostrasse o crescimento do que estava sentindo. Foi uma delícia ver aquilo acontecer e explodir, mas sabia, depois de inúmeras conversas, que não seria sempre que aquilo aconteceria.

Sequei meu rosto, me deitei ao seu lado, e nos abraçamos. Pra muitos pode parecer pequeno, ou até bobagem, mas aquele momento mexeu muito comigo. O que faria depois de tudo aquilo? Ainda não sabia, não exatamente, mas, querendo ou não, aquela noite foi mais importante do que imaginava.


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