28- Atrapalho?

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Confesso, passei o final de semana inteiro com Dani, em sua casa, entre sexo e carinhos, como nunca havia feito em minha vida porque, independente de experiências passadas, nada nunca iria se comparar ao que vivia naquele momento, já que era uma mistura de prazer físico e emocional, mas a vida real precisava ressurgir.

– Acho que não vou ter como te pagar dessa vez. – Brincou ela enquanto nos despedíamos no domingo.

– Você usou e abusou dos meus serviços e agora me diz isso? – Brinquei de volta sorrindo.

– Poxa, não fala assim que até me sinto mal.

Eu a abracei, lhe beijei e disse:

– Vou deixar anotada a sua dívida.

– Pode parcelar?

– Mas ta abusada, né?

Rimos, mas sabíamos que aquele era um "tchau". Dani me olhou, observando cada detalhe do meu rosto, e disse:

– Queria que ficasse mais.

– É, mas a gente sabe que não é tão simples assim.

– Isso quer dizer que você também queria ficar? – Sorriu.

– Não faz pergunta difícil. – Sorri.

– Mas por que essa seria uma pergunta difícil? – Sorriu.

Dei um tapa leve em seu braço e respondi, dizendo:

– Para! Acho que depois desse final de semana eu não preciso dizer mais nada.

– Na verdade, bem, eu já me abri bastante, mas você pouco fala e eu gostaria de ouvir mais sobre o que você pensa e sente.

Aquele era, de fato, um momento extremamente delicado porque eu concordava com seu argumento, já que realmente parecia desproporcional e injusto, desequilibrado, talvez, mas pra mim era muito difícil conseguir fazer aquilo que estava me pedindo, ainda mais ali, olhando em seus olhos.

– Minhas atitudes não são suficiente? – Perguntei sorrindo, tentando driblar a situação.

Minha esperança era convencer de que não havia necessidade de palavras, pra que não tivesse que verbalizar absolutamente nada, por isso insisti nessa estratégia, repetindo a investida da ideia, mas, mais uma vez, Dani me quebrou contra argumentando entre sorrisos e palavras, dizendo:

– Atitudes falam mais que palavras, mas ouvir certas coisas confirmam impressões deixadas, mas que podem ter sido mal interpretadas.

– E o que você quer saber? – Perguntei, receosa.

– Promete ser sincera?

– Prometo.

– Você gosta de mim só pelo sexo?

É lógico que Dani pretendia fazer uma pergunta mais aprofundada, mas deve ter tido receio de ser tão direta, até porque, de qualquer forma, aquela foi uma questão que me fez suar frio. Como ser sincera sem dizer exatamente o que deveria dizer? Existia alguma maneira? Deveria fazer isso?

– Preciso mesmo responder isso? – Perguntei. – Eu passei o final de semana contigo, isso já não responde?

– Só fala, vai. – Sorriu, mesmo que parecendo tensa.

– Não, não gosto de você só pelo sexo.

Me senti constrangida, mesmo que não tenha sido tão ruim assim confessar, mas sei que meu semblante deve ter se desfeito porque senti minha energia mudar, mas era muito difícil olhar em seus olhos e não dizer a verdade, mesmo que não tivesse me pedido pra não mentir.

– É por isso que você ta fugindo de mim? – Perguntou em seguida.

– As coisas não são tão simples pra mim também, por mais que nossos motivos sejam diferentes. – Falei, agora mais séria.

– Como assim?

– Tem coisa que é muito bonita na teoria, mas a gente sabe que não funciona da mesma forma na prática.

– Tipo o quê? – Insistiu e eu sabia o que ela queria que eu assumisse.

– Eu não tenho o suporte da minha família e essa é a minha única fonte de renda, então não, não posso me dar ao luxo de viver um romance que sei que não vai acontecer e que vai apenas me machucar, eu tenho um foco e preciso alcançar as minhas metas.

– Então você gosta de mim a nível de romance? – Perguntou, séria.

– Você fica querendo saber o que eu sinto por você, mas já parou pra pensar que eu também não sei o que você sente por mim?

– Ta vendo como tem ações que são claras, mas quando são verbalizadas faz toda a diferença? – Sorriu.

– O que você quer dizer com isso? – Perguntei ainda séria.

– Eu to apaixonada por você.

Todo o meu corpo se arrepiou ao ouvir aquelas palavras e senti meus olhos lacrimejarem. Eu a abracei, instintivamente, fechei meus olhos, respirei fundo e, com toda sinceridade do meu coração, disse:

– Queria ter te conhecido em outro momento das nossas vidas.

– Por quê?

– Porque eu também to apaixonada por você, mas agora eu não posso fazer nada a respeito... infelizmente.

Por impulso, saí porta a fora, pois precisava muito ir embora, ainda mais depois do que tinha acabado de ouvir e dizer, o problema foi que, mal me aproximei do elevador e ele se abriu. Enquanto Dani vinha atrás de mim, Gabi surgia, nos olhando como quem desconfia que alguma coisa estava acontecendo.

– Atrapalho algo? – Perguntou ela.

O que dizer?


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