13- Posso Falar

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Meu interesse por assuntos homossexuais continuaram, ou seja, me peguei pesquisando e assistindo conteúdos do gênero, mas, por mais que fossem interessantes, o jeito de Daniela era diferente daqueles personagens que via e isso era extremamente curioso pra mim, ainda mais porque minha intenção era entendê-la melhor... era?

Como já disse, eu não tinha muito conhecimento a esse respeito, ao menos não até conhecê-la, e pra mim estava sendo uma experiência muito interessante, independente de todo resto que nos envolvesse. Acho que nunca ninguém me tratou como ela estava me tratando, mas também acho que nunca dei muita liberdade pra que isso acontecesse, não importando o grau de intimidade que as pessoas tivessem comigo.

Pensando nessas coisas, acho que realmente fazia jus a quase todos os adjetivos que me eram atribuídos, o que não eram poucos não. Já fui chamada de muitas coisas, como insensível, egoísta e fria, e acho que eu realmente devia merecer esse tipo de nomeação, até porque sempre me priorizei em tudo, o que não é errado, pelo contrário, mas talvez tenha sido de uma maneira sem equilíbrio... em alguns casos, talvez.

Daniela entrou na minha vida de surpresa, tanto que nem acreditei que aceitei fazer seu programa, já que não havia sido o primeiro convite, sobre os quais neguei, por diversas razões muito pessoais, como interesse. Sempre soube que gostava de homens, mas nunca tinha me sentido da mesma maneira por mulheres.

Ela tem algo no olhar, que me chamou a atenção, além de ser linda. Não sei se já comentei, mas sempre exijo que meus clientes me enviem fotos antes do primeiro programa, justamente pra saber se consigo, ou não, ir adiante, e com ela, pela primeira vez, não tive o mesmo sentimento que costumava ter, justamente por causa de seu olhar... além de todo o resto.

Sua voz e seu jeito galanteador de falar, também eram fatores que me envolviam e me confundiam, ainda mais quando se pensa em todo o contexto. Sabe aquele abraço firme e que te faz se sentir segura? Daniela era praticamente do meu tamanho e nitidamente não malhava, mas, embora fosse um pouco magra, quando ela me abraçava, eu sentia força e estabilidade.

Eu ficava me lembrando de seu toque durante o sexo, pois via que estava excitada, mas mesmo assim havia um raciocínio, ou seja, ela não fazia coisas aleatórias e afobadas, porque sabia o que estava fazendo, e não digo isso porque Daniela fosse a mais fodona de todas, me refiro a sensação que me passava durante nossa relação.

Era tão gostoso vê-la me saborear, fosse com suas mãos, fosse com sua boca, não importava como, ela simplesmente parecia se deliciar com cada detalhe, com cada ação... com tudo, em si. Sabe quando você se sente extremamente desejada? Pois era assim que me sentia em seu poder, e quando digo isso, não faço sobre dominação, ou posse, falo sobre seu manejo e tudo mais.

Comecei a querer fazer algo por ela, além de ficar apenas recebendo, por isso também de tanta pesquisa, pois nunca havia chegado tão longe com uma mulher, o que justificava o fato de não saber o que fazer, mas me parecia tão injusto vê-la me dar tanto prazer sem nada fazer em troca.

Esse pensamento era complicado, tendo em vista que ela mesma já havia dito que do jeito que estava, era perfeito, mas sei lá, fiquei com esse sentimento dentro de mim, meu único problema era que teria que esperar até uma próxima oportunidade e, confesso, tava ficando cada vez mais difícil esperar.

Os dias foram passando, dentro de uma certa normalidade, e minhas aulas voltaram, já em um novo período, mas ainda com a maioria dos mesmos colegas de turma. Eles chegaram a tentar marcar algumas coisas durante as férias, mas não me animei muito, ainda mais depois da experiência na Lapa... era complicado.

– Fez o quê de bom esses dias? – Me perguntou Gabi, ainda pelos corredores.

– Sinceramente nada, preferi só trabalhar mesmo. E você?

– Saí algumas vezes, mas só, até porque não tenho grana pra fazer muito mais que isso. – Riu.

– É complicado mesmo. – Sorri.

– Mas me conta, e aquela amiga do dia da Lapa?

– O que tem ela? – Perguntei apreensiva, mas tentando disfarçar.

– Sei lá, fiquei curiosa.

– Mas você ainda ta nessa? Por quê?

– Vou te falar a verdade... – Disse com cara de quem ia aprontar alguma coisa. – eu fiquei interessada, mas como não sei se você tem algo com ela, já que você foi embora logo que ela apareceu, to te perguntando a respeito.

Eu fiquei em choque, pois esperava ouvir qualquer coisa, menos aquilo que tinha acabado de escutar. Gabi estava me dizendo que se sentiu interessada por Daniela na noite da Lapa e o fim daquela conversa seria óbvia... com certeza iria me pedir pra fazer a aproximação das duas.

Houve uma mistura de sentimentos dentro de mim. Por um lado, me assustei pela possibilidade dela descobrir qual era o meu ramo de trabalho, caso houvesse realmente algum contato entre elas e, por outro, fiquei extremamente incomodada em ver seu interesse, ou seja... era ciúme, aquilo?

– Posso falar de você pra ela. – Respondi, dizendo o mínimo e tentando me conter.

– Ótimo, depois me conta. – Disse ela enquanto sorria e se adiantava.

Era inacreditável o que tinha acabado de acontecer, justamente no meu primeiro dia de retorno às aulas, só que, pra mim, acho que o mais absurdo foi perceber como me senti por causa daquela situação. Como poderia continuar negando pra mim mesma? Como poderia fingir que não havia nada acontecendo?

Entrei em sala, ainda em choque, e me sentei no fundo da lada... queria distância de todos, pois minha mente estava em ebulição. Dali, fiquei observando Gabi e, por breves segundos, imaginei Daniela fazendo com ela tudo que fazia comigo. Comecei a me sentir muito angustiada e inquieta... me levantei e fui embora... eu precisava sair dali.


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