03- Precisava

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Confesso que fui dormir com uma enorme pulga atrás da orelha a respeito daquele "programa", que na verdade tinha mais cara de "encontro", mas a vida tinha que seguir, então, no dia seguinte fui pra faculdade normalmente e atendi dois clientes presenciais na parte da noite.

O que achei engraçado foi que não houve nenhuma nova mensagem e me peguei olhando pro celular em busca disso. Era engraçado me sentir daquela maneira, até porque acho que pouquíssimas foram as vezes que fiquei assim, mas acreditava que era por conta do clima de mistério... só podia ser isso.

Sábado fiz mais quatro programas e não creio que valha a pena detalhar esse tipo de coisa, ainda mais porque são todos praticamente iguais, os caras marcam em algum motel, eu chego sorridente, tiro a roupa, a gente transa e, muitas das vezes, é tudo muito rápido, o que pra mim é ótimo.

Domingo não quis encontrar ninguém, preferi ficar em casa e colocar alguns trabalhos da faculdade em dia, por isso foquei e passei a tarde com a cara no computador, ouvindo minhas músicas, na paz do meu apartamento... alugado, mas meu.

– "Quando eu poderia ter ver de novo?" – Me mandou Daniela, do nada, no final da tarde.

Fiquei olhando pra notificação e refletindo se queria mesmo ir a frente com aquele programa, mas era trabalho, meu único medo era descobrir que ela tinha gostos peculiares. Será? Vai saber, afinal, não havíamos falado sobre isso... na verdade não falamos sobre sexo, em si, durante o nosso "encontro".

– "Estou livre hoje, se quiser." – Enviei, em conflito comigo mesma.

– "Quero duas horas hoje, pode ser?"

Fiquei um pouco pensativa, até porque não costumo levar esse tempo todo em um programa, mas tudo bem, respondi que sim, que podia ser, e marcamos o local do nosso encontro, que seria em um motel próximo ao restaurante onde nos conhecemos pessoalmente, por volta das vinte horas.

Por sorte já havia conseguido adiantar muita coisa da faculdade, então me levantei e fui pro banho. Na hora de me vestir fiquei em dúvida, não sabia o que usar, não sabia como agradar, ou o que seria o ideal, então foquei em colocar o que colocaria em programas casuais, ou seja, uma lingerie sensual e uma roupa provocante por cima.

Cheguei no motel e havia uma mensagem dela me avisando que já estava lá dentro e que bastava dar meu nome na recepção. Entrei e bati na porta do quarto. Daniela abriu e me olhou, de cima a baixo, com aquele seu olhar penetrante.

– Pode entrar. – Me disse ela.

Entrei, coloquei minha bolsa em uma mesa, me virei pra ela, mas antes que começasse a tirar minha roupa, Daniela me impediu e disse:

– Deixa que eu tiro, mas com calma.

Colocou sua mão na minha nuca com gentileza, mas com firmeza, e me puxou pra um beijo tão gostoso que nem sei explicar. Confesso que não sou muito de beijar, mas não por medo de me apaixonar, normalmente é porque me dá um certo nojo e é até por isso que não incluo boquete nos meus programas.

Nos arrastamos, agarradas, até a cama, onde continuamos com aquela pegação gostosa. Nossas roupas foram sendo tiradas passo a passo... na verdade mais a minha do que a dela. Daniela beijava meu corpo com tanta paixão e desejo que era difícil ignorar e aquilo era diferente do que eu estava acostumada.

Minha pele se arrepiava e meus gemidos eram naturais, enquanto sua língua percorria por cada centímetro meu. Ela chupou meus seios com prazer, lambendo e sugando o bico de cada um, e isso fazia meu corpo pinicar e se contorcer. Seus dedos acariciaram meu clitóris, com jeito e movimentos pensado, enquanto sua boca subia pra beijar a minha.

Beijando meu pescoço, senti um de seus dedos me penetrar, fazendo o movimento tradicional, só que não de qualquer maneira, até que começou a mexê-lo dentro de mim e isso me fez arfar de uma maneira que nunca havia sentido. Ela colocou mais um e fez o mesmo movimento, juntos.

O tempo foi passando sem eu nem perceber, até que meu celular começou a despertar. Daniela me olhou e perguntou:

– O que é isso?

– Falta meia hora pro tempo acabar.

– Então, com sua licença.

Sem dizer mais nada, ela desceu e começou a me beijar por entre as pernas, como se minha boca estivesse beijando. Eu a olhava e ela parecia tão entregue, que nem me olhava. Senti como se minha alma fosse sair do corpo. Meu prazer foi subindo e subindo, até que explodiu e eu gozei, me tremendo e contorcendo.

Comigo ainda atordoada, ela se deitou ao meu lado, ofegante, e ficamos assim por alguns instantes. Eu a olhei, virando apenas meu rosto, e percebi que mordia os lábios enquanto o fazia.

– Foi bom pra você? – Perguntei.

– Foi perfeito. – Sorriu.

– Mas eu mal te toquei.

– Sim, e foi exatamente por isso. – Enquanto se levantava, disse. – Vou fazer seu pix. – Me olhou, já de pé, e completou. – Espero que você tenha gostado também.

Antes que eu pudesse responder, ela saiu sorrindo, como se nem precisasse da minha resposta... na verdade, acho que não precisava mesmo. Naquela noite fui pra casa ainda atordoada, porque, por mais bizarro que possa parecer, já que eu era uma pessoa experiente, mas aquela era a primeira vez que alguém me fazia sentir partes do meu corpo que nem sabia que existia.

Cheguei em casa, coloquei minha bolsa sobre a mesa de jantar, fui até a cozinha, abri uma lata de cerveja, peguei tudo que fosse mais prático de se comer, me sentei na sala e comecei a me alimentar. Eu estava exausta e faminta. Enquanto comia, olhava pro nada e não consiga não pensar no que havia acabado de acontecer... mas precisava.


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