– Bom te ver. – Disse ela ao nos encontrarmos.
Sorrindo, nos abraçamos. Era incrível como aquele abraço era bom. Já ouvi dizer que existem pessoas que tem esse poder em um simples abraço, pois é como se ele conseguisse nos reiniciar, ou nos fortalecer, sei lá, mas definitivamente ela era uma dessas pessoas com essa habilidade.
– Há quanto tempo mesmo você trabalha com isso? – Perguntou ela, enquanto fazíamos nossa caminhada.
– Em torno de dois anos.
– E como é isso? Você faz tudo sozinha, né.
– Faço, é melhor. Eu até já tive outras pessoas envolvidas, mas dependendo de onde você se enfie, é um mundo complicado, as pessoas tem ganância em cima de você, fora outras colegas de profissão que se afundam em drogas pra suportar o que fazem... enfim, é complicado, prefiro ficar sozinha, pelo menos até terminar a faculdade e conseguir trocar de trabalho.
– Você faz faculdade de quê? – Me perguntou ela.
– Enfermagem.
– Acho uma profissão muito bonita.
– Pois é, eu também, principalmente porque minha avó era uma e, quando ela foi internada por causa de câncer, eu ficava muito feliz em saber que estavam cuidando bem dela... uma pena ela não ter aguentado.
– Sinto muito. Quantos anos você tinha?
– Doze. – Respondi, com um leve ar de tristeza.
– A vida é um sopro. – Suspirou.
– E sua família? Você tem contato com eles?
– Tenho sim, mas é que sou muito na minha, então pode até parecer que eles não existam, mas são as pessoas mais importantes pra mim.
– Dizem que as pessoas mais empáticas são as que mais se sentiram abandonadas. – Soltei.
– Acredito que sim... qual família que não tem seus problemas, né? Nós superamos muitas coisas e, bem, não posso reclamar, eles sabem da minha sexualidade e não me tratam de forma diferente por isso.
– Não posso dizer o mesmo sobre meus pais, mas prefiro não me aprofundar a respeito.
– Imagino.
Aquela podia parecer uma conversa idiota, mas a vida é feita de coisas assim, não só de putaria, e acho que estava precisando sair um pouco daquele meu universo. Percebo que, ao passar do tempo, fui me isolando e ficando cada vez mais solitária, mas não por falta de pessoas ao meu redor, e sim por falta de vínculos.
Nós demos umas duas voltas ao redor da Lago Rodrigo de Freitas, lugar bem famoso no Rio de Janeiro, não pra banhos, mas pela vista e coisas do tipo. Nossa tarde foi muito agradável e a encerramos em uma lanchonete, comendo coisas simples, mas muito saborosas.
Existem passeios que não precisam ser caros pra serem bons, acho que a única coisa importante mesmo é a companhia, porque você pode estar no melhor lugar do Mundo, mas se a pessoa que estiver com você não for uma pessoa interessante, é um gasto muito fútil e inútil... já passei por isso, em certos programas.
– Acho que é isso, então. – Disse ela, ao sairmos da lanchonete.
– Já quer ir embora? – Perguntei, confusa com meus pensamentos.
– Querer, não quero, mas não posso abusar, se não você pode acabar me excluindo da sua lista de clientes.
– Acho interessante o respeito que você tem pelas minhas regras. – Sorri, achando engraçado e fofo ao mesmo tempo.
– Eu penso que elas existem por bons motivos e não quero ser escroto... escrota.
– Você é tudo, menos escrota. – Sorri, dessa vez com mais carinho.
Me aproximei, percebendo que estava me insinuando em minhas ações. Sorrindo, lhe dei um selinho, sutil, simples e gostoso, enquanto lhe acariciava um lado do rosto. Eu a olhei e, movida por meu desejo, perguntei:
– A gente podia fazer alguma coisa a mais hoje, não quer?
Senti suas mãos em minha cintura, puxando-me pra si, enquanto ela mordiscava seu lábio inferior e olhava pra minha boca. Daniela me olhou nos olhos e disse:
– Quero, mas ainda não tenho dinheiro.
– E se eu não te cobrasse? Só dessa vez, no caso.
Ela sorriu enquanto sua respiração parecia se alterar, me deu outro selinho, me olhou e disse:
– Amanhã é domingo... bem, se você topar, podíamos ir pra minha casa e passar a noite lá.
– Eu dou a mão e você já quer o braço? – Brinquei, pensando na quantidade de horas.
– O não eu já tenho, não custa nada tentar o sim. – Sorriu.
Nos beijamos, agora com mais profundidade e desejo, embora contidas, já que estávamos no meio da rua... que beijo gostoso. Nos afastamos, nos olhamos e, sorrindo de forma maliciosa, eu disse:
– Vou contigo... sem hora pra acabar, mas só por hoje, não se acostuma não.
– Pode deixar, não vou me acostumar não.
– Acho bom. – Brinquei.
Chamamos um carro e fomos pro seu apartamento, localizado na Tijuca, que era um bom bairro da Zona Norte, embora eu tivesse outros em minha lista de preferência. Entramos já agarradas, explodindo de tesão, e foi ali que, embora não tão consciente, eu tenha me dado conta do que realmente estava acontecendo... eu tava me apaixonando.
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Cap novo toda sexta
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LGBT - Encontros
RomanceYasmim é uma jovem garota de programa que se deparou com algo inusitado depois de seus dois anos de profissão. Ela conhece Daniela, uma pessoa diferenciada e que, sem perceber e querer, começa a envolvê-la em uma mistura de tesão e paixão. Mas por q...