32- Apaixonada

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Acho que uma das vantagens de ser puta é conseguir mentir pros clientes, porque é como se fizéssemos um intensivo em atuação, já que é necessário, pois nem sempre estamos realmente afim de fazer tudo que fazemos, ou nem sempre estamos sentindo o que fingimos estar sentindo.

Confesso que fazer isso com Dani não era algo fácil, até porque envolvia sentimento, o que não costuma acontecer com as outras pessoas. Cheguei a me sentir mal, mas havia a possibilidade dela ter feito algo ruim comigo, então não podia me deixar levar, pois precisava descobrir a verdade, fosse ela qual fosse.

Transamos, com todo desejo existente dentro de mim, o que não era mentira, e fiz de tudo pra esgotá-la fisicamente, porque essa era a intenção, esse era o meu "boa noite Cinderela", dei um belo "chá" e consegui alcançar meu objetivo, pois Dani dormiu, algumas horas depois da minha chegada.

Me levantei com a maior delicadeza possível pra que minha saída não fosse percebida e fui até a sala, onde estava seu celular. Não certo fazer esse tipo de coisa, mas existem verdade que não são ditas de bom grado, então escolhi esse caminho, por mais desconfortável que ele me deixasse.

Me sentei e tentei desbloqueá-lo, mas não sabia a senha, então fui com ele até o quarto e, por sorte, havia o desbloqueio por reconhecimento facial... fica aí pra reflexão. Voltei pra sala e me sentei no sofá, abri seu Whatsapp e procurei pelo nome de Gabi, pois queria saber o que andavam conversando... essa opção seria certeira, ao meu ver.

Meu coração parecia que ia sair pela boca, pois meu nervosismo era enorme devido ao medo que sentia de confirmar o que a maluca já havia me dito. Era óbvio que não podia acreditar de primeira, até porque todos são inocentes até que se prove o contrário, mas, como já disse, o problema era que não dava pra ela fazer isso sozinha.

Eu poderia questionar Dani e essa opção foi considerada, mas seria a palavra de uma contra a outra, por isso estava fazendo aquilo, porque aquele celular não ia mentir pra mim e, quem sabe assim, conseguisse descobrir o que realmente aconteceu, meu único medo era ser descoberta, porque aí sim a situação ficaria estranha.

Enfim... o contato de Gabi estava salvo de forma simples, o que já me agradou por motivos óbvios. Muitas pessoas tem o costume de colocar alguma figurinha junto ao nome de pessoas consideradas especiais, mas esse não era o caso dela. Por fim respirei fundo e abri a conversa, e comecei a analisar.

As últimas mensagens eram dela, enviadas no dia em que nos viu juntas, ela pedia por uma resposta, mas foi ignorada, então subi mais um pouco pra conseguir entender o contexto do que havia acontecido. Gabi perguntava o porquê Dani estava demorando em responder e isso justificava ela ter aparecido, do nada, em sua casa.

Voltei mais um pouco no histórico e o que vi eram algumas discussões onde se questionava a falta de interesse de Dani. Muitas mensagens tentando marcar encontros sempre com desculpas em resposta. Continuei pesquisando e cheguei em mensagens de semanas antes, mas em nenhum momento foi mencionada a minha profissão... embora tenham falado de mim sim.

Gabi fazia perguntas a meu respeito, querendo saber como havíamos nos conhecido e o quão profunda era nossa relação, dizia que em sala de aula eu era muito quieta, que vivia sempre eu meu próprio mundinho, e que nunca entendeu muito bem o que fazia pra sobreviver.

Fechei aquele aplicativo e procurei pelo outro, mas não o encontrei na tela principal... ele estava escondido em outra galeria. Coloquei seu celular ao meu lado, mas permaneci ali, pensativa, me questionando sobre tudo que havia lido, pois nada fazia sentido. Como ela conseguiu aquela foto? Como ela descobriu a meu respeito? Será que essa revelação veio pessoalmente?

Continuei sem a informação que precisava, mas o que vi me fazia desconfiar da versão passada por Gabi, pois não havia nenhuma menção, pelo contrário, pois Dani desconversava todas as vezes que meu nome era citado e, talvez por isso, o interesse em mim tenha crescido.

Provavelmente, na cabeça dela, por eu ser pouco comunicativa, ficava o questionamento a respeito da nossa "amizade", ainda mais com minha saída estranha na noite da Lapa. Minha reflexão era profunda e sem muitas peças pra juntar àquele quebra-cabeça.

– O que você ta fazendo? – Me perguntou Dani, surgindo pelo corredor.

Eu a olhei, em silêncio, e fiquei em dúvida sobre o que responder, ainda mais com o seu celular ao meu lado. Respirei fundo e disse:

– Perdi o sono.

Ela se sentou ao meu lado e perguntou:

– E por que você tava olhando o meu celular?

Sua expressão era calma e isso me causou estranheza, além de uma angustia. Ela havia me visto, mas não se manifestou... por quê?

– Tem uma coisa acontecendo e eu queria saber se você tem algo a ver com isso. – Confessei.

– E por que não me perguntou?

– Porque é complicado, não sou acostumada a confiar nas pessoas.

– E que é que ta acontecendo?

– Gabi espalhou na faculdade a respeito da minha profissão, parecia bem chateada e botou a culpa em você.

Dani sorriu, como se aquilo e nada fosse a mesma coisa. Achei estranha a sua reação, pois esperava a tradicional reclamação, tanto por eu ter olhado seu celular sem autorização, quanto pela ideia da falta de confiança, mas não isso o que ela fez, pelo contrário, ela surgiu com uma outra ideia ainda mais angustiante.

– Você já pensou na possibilidade da Gabi estar apaixonada por você? – Perguntou.

Aquela pergunta fez minha mente explodir. Seria possível que aquela fosse a explicação? Seria por isso o insistente interesse dela em saber a respeito da minha vida? Porque aquela ideia unida ao que havia lido realmente fazia tudo ter um certo sentido. Gabi estaria apaixonada por mim?


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