17- No Caso

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– To tentando marcar alguma coisa com a sua amiga, mas ela nunca pode. – Me disse Gabi, uns dois dias depois de ter lhe dado o telefone de Dani.

– Ah é? Deve ser por causa do trabalho, ela costuma estar sempre bem ocupada com isso. – Respondi, sem olhar muito pra ela, enquanto fingia organizar algumas coisas de faculdade.

– Ela falou do trabalho mesmo, mas espero conseguir.

– Você ta afim mesmo, né?

– Gostei da vibe e do estilo dela... sei lá. – Sorriu.

Nosso professor entrou e dei graças a Deus, pois aquele assunto, nada interessante, teria que ser cortado. De qualquer forma achei interessante saber que havia uma certa enrolação acontecendo... o que me gerou uma vontade súbita de fazer merda. Como explicar isso? Bem... peguei meu celular e enviei a seguinte mensagem:

– "Queria te ver... pode ser de graça"

Deixei o aparelho de lado e tentei me concentrar na aula enquanto minha perna balançava de ansiedade. Era errado o que estava fazendo, mas queria saber se ela realmente estava sem tempo, ou se não estava topando por outras razões e não sabia como dizer isso pra Gabi.

– "Eita, me pegou de surpresa." – Respondeu.

– "Isso é um não?" – Perguntei, nervosa.

– "Lógico que não. Vou ver se consigo e te aviso."

Eu sorri, involuntariamente, porque, por mais que não tenha sido um sim imediato, ela expressou querer e ficou de conseguir. Claro que, se ela respondesse que sim, eu teria que arcar com as consequências, mas não seria algo ruim de se pagar, já que o prazer normalmente é muito mais meu... eu acho.

As horas foram passando e eu fiz de tudo pra evitar Gabi, pois não queria conversar sobre Dani. Assim que a última aula terminou, peguei minhas coisas e saí às pressas, dizendo que tinha um compromisso, embora ainda não tivesse resposta alguma a respeito do que havia feito.

No caminho de casa, recebi a seguinte mensagem, dizendo:

– "Na minha casa, ou no motel?"

– "Na sua casa." – Sorri, pra mim mesma, no caso.

– "Perfeito."

Era loucura e eu sabia disso, até porque aquilo havia sido movido por um sentimento de ciúme... e eu também sabia disso. De qualquer corri pra casa, me preparei como sempre gosto de fazer, e fui, com um sentimento de alegria no peito. Era loucura sim, não devia estar fazendo isso, mas fiz.

Quando ela abriu a porta e sorriu pra mim, era como se meu mundo passasse a ter um tipo de cor diferente de tudo que já vi. Eu me sentia constrangida pelo que havia acabado de fazer, mas também sorria, como quem diz que sabe o que a outra pessoa está pensando a respeito.

– Acho melhor nem perguntar, né? – Me disse ela.

– Cala a boca. – Respondi enquanto entrava já agarrando-a.

Aquele sexo foi diferente, creio que por causa do sentimento que havia em mim, o sentimento do ciúme, do medo, ou sei lá de quê. Sua pele parecia mais macia, seu toque parecia mais ardente e, sua boca... nem sei dizer o que senti através de sua boca. É incrível como certas coisas fazem com que tudo seja diferente... sei lá.

Nem sei dizer por quanto tempo transamos, só sei que fiquei exausta e morrendo de fome... como sempre. Então pedimos um lanche e, vestindo só uma camisa grande e larga, me deitei em seu sofá enquanto ela recebia nossa entrega.

– Te vendo assim fica difícil pensar em comer... comer comida, no caso. – Sorriu, com safadeza.

– Você não cansa não? – Brinquei, enquanto também sorria, da mesma maneira.

– Eu to exausta. – Riu. – Mas é que é difícil não pensar em besteira te vendo assim.

Me sentei, tentando ficar o mais comportada possível, e perguntei:

– Assim melhora?

Ela colocou o pedido sobre a mesa de centro, se sentou de frente a mim, me beijou de uma maneira extremamente gostosa e simples, me olhou, e disse:

– Nada tira esse tesão que você me causa.

Segurei seu rosto com ambas as mãos, lhe beijei com carinho e, depois de meus olhos vasculharem cada detalhe seu, sorrindo, disse:

– Você ta acabando com as minhas regras.

– Isso é bom?

– Isso é assustador.

Dani me puxou pra si, me fazendo sentar em seu colo. Nos abraçamos e nos beijamos. Depois me olhou e, sorrindo, disse:

– Não quero te assustar, mas to gostando muito disso.

Uma simples frase, mas que me deu um tesão absurdo, fazendo meu corpo se arrepiar. Respirei fundo e sorri desconcertada. Enquanto saía de seu abraço, tentando disfarçar o que havia acabo de acontecer, dizia:

– Melhor a gente comer... a comida, no caso.

Dani concordou comigo e assim o fizemos. Nos sentamos comportadamente, embora próximas, e começamos a comer, entre olhares, sorrisos e carícias, mas, por um instante, vendo aquele cenário, me peguei pensando em Gabi e imaginando-as em uma situação semelhante... o que não foi nada agradável, mas disfarcei.

Sei que alguns comentários são repetitivos e até mesmo desconectos, mas é que realmente não me lembro de já ter me sentido daquela maneira alguma vez na minha vida, por mais que tenha tido bons momentos com outras pessoas sim, e seria até injusto dizer o contrário, mas é que tudo parecia tão diferente e com um brilho a mais, que nem sei explicar, só sei sentir.

Aquela noite passamos juntas, depois de transarmos mais uma vez, lógico, mesmo sabendo que ela acordaria cedo pra ir trabalhar, o que me causava um sentimento ainda maior sobre o que havia feito... ela não aceitou o convite de Gabi porque não quis e não porque não podia... o que tava acontecendo?


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