Aurora - Desejo e Obsessão...

Mãe Exausta!

- Por favor senhor! Minha filha está com muita febre! - bato na cabine do recepcionista do pronto socorro

- Precisa aguardar senhora! - ele me olha impaciente, sem se importar com meu desespero .

- Por favor! - suplico - ela só tem três anos!

- Não está vendo que estamos lotados? - ele aponta para trás de mim - Ha pessoas piores que sua filha! Volte para o seu lugar e aguarde! - ele rosna e meu coração dói.

- Mas eu estou aqui desde as nove da noite e ja é uma da manhã! Por favor me ajude, ela não acorda! -

- Aurora! - Sarah me chama angustiada.

Olho para trás e vejo Sarah agoniada com Anne no colo agora em uma convulsão, com seu corpinho pequeno sacolejando e seu rostinho ficando roxo.

- ANNE! ANNE! AI MEU DEUS! SOCORRO, POR FAVOR, ALGUÉM ME AJUDE! - grito por socorro enquanto corro até ela e a pego no colo.

Dois enfermeiros correm até nós e a pegam do meu colo, levando Anne nos braços para dentro onde ficam as salas dos médicos, eu vou atrás deles com meu corpo tremendo e chorando em agonia, temendo acontecer algo de ruim com ela. Um médico vem até nós, a coloca em uma maca e começa a gritar ordens que não compreendo enquanto choro desesperada olhando minha garotinha sofrendo.

"Deus, porque isso está acontecendo comigo? Porque eu estou passando por tudo isso? Por favor, ajude Anne, ela não merece sofrer! Por favor!" Suplico em minha mente.

Minutos se passam e o médico finalmente consegue estabilizar minha garotinha, meu choro ainda persiste mesmo depois dele tentar me acalmar dizendo que ela ficará bem, que foi apenas uma gripe e que a convulsão foi devido a febre muito alta! Respiro rápido, tentando acalmar meu coração e meu choro e vou até a maca onde Anne agora dorme tranquila. Eu pensei que iria perder minha garotinha.

Ouvi Sarah gritando na sala de espera e fui até lá. Corri ate o segurança que a segurava com brutalidade, a prendendo com os braço atras das costa, tentando ajudá-la, mas ele rosna e paro. Olho ao redor e vejo o caos formado e o atendente com alguns arranhões no rosto, ouço Sarah gritando palavrões enquanto é arrastada para fora.

- Não se preocupa Aurora, volta pra Anne, eu já resolvi com esse filho da puta! - ela rosna olhando diretamente para o atendente que a olha com medo - cuidado quando sair na rua, filho da puta!

Minha amiga é arrastada para fora e eu volto para Anne, não estou nem surpresa com a atitude dela, Sarah é cabeça quente e acha que tudo na vida se resolve com violência.

Anne e eu ficamos no hospital até as sete da manhã, para observação. Quando o médico a deu alta me mandou ir até uma UBS porquê alguns exames dela deram alterados, mas ele não me falou mais nada, pois precisava de exames específicos para dar um diagnóstico.

Liguei para o meu emprego na lanchonete e ouvi um monte de merda do meu chefe babaca, mas não podia mandá-lo ir a merda e pedir as contas, precisava sustentar Anne e a mim.

Saí do pronto socorro apreensiva, imaginando ser algo grave com minha filha, já que o médico parecia sério demais ao praticamente exigir que eu fosse até um postinho consultar Anne. Levo minha filha até o barraco que alugo e a coloco deitada em nossa cama. Ela ainda está sonolenta e a deixo dormir mais enquanto vou a cozinha preparar sua comida.

Chego a cozinha que na verdade é parte da sala que eu coloquei um balcão para separar sala e cozinha. Pego os materiais para fazer o mingau dela, sentindo meu corpo pesado do sono, por que não consegui dormir, preocupada dela ter outra convulsão.

Enquanto preparava o mingau de Anne, minha mente vagou até o passado, o qual me arrependo amargamente por minhas decisões. As pessoas que dizem que não se arrependem do que fizeram no passado, porque trouxeram uma criança ao mundo, com certeza não são pobres, ou tem algum apoio!